Profissionais de saúde normalmente se baseiam em avaliações feitas no consultório, e durante o dia, para determinar se um paciente precisa de medicamentos para controle da hipertensão. Mas agora cientistas da universidade japonesa Jichi Medical University indicam a necessidade de se medir a pressão arterial também durante o sono. Isso porque pessoas com hipertensão noturna não detectada – ou seja, cuja pressão aumenta somente durante o sono – possuem maior probabilidade de sofrer futuras doenças cardiovasculares, especialmente insuficiência cardíaca, mesmo que as pressões diurnas estejam dentro dos limites normais.
Ao longo do período de análises, os participantes experimentaram um total de 306 eventos cardiovasculares, incluindo 119 derrames, 99 diagnósticos de doença arterial coronariana e 88 diagnósticos de insuficiência cardíaca.
Estas mesmas causas podem ser o motivo pelo qual uma pessoa sofre de hipertensão noturna. Outro motivo pelo qual a pressão pode subir enquanto dormimos é para excretar o excesso de sódio dos rins, principalmente entre pessoas que têm alta sensibilidade à ingestão de sal. Este comportamento durante o dia seria o suficiente, mas quando ele acontece à noite pode prejudicar o coração.
Remédios para pressão alta geralmente são indicados pelo médico quando não é possível controlar a pressão arterial apenas com as mudanças de hábitos, como melhorar a alimentação e fazer exercício físico regular.
Mas por que o aumento da pressão é perigoso? Porque a hipertensão arterial é um fator de risco para uma série de graves problemas de saúde, como acidente vascular cerebral, infarto, aneurisma arterial e insuficiência renal e cardíaca. E não é porque ela pode aumentar enquanto dormimos que devemos nos preocupar menos.
A hipertensão primária é aquela que surge ao longo do tempo sem estar relacionada com qualquer problema de saúde ou uso de algum tipo de substância ou medicamento e, por isso, a causa é mais difícil de identificar.
E os dois casos não ocorrem necessariamente ao mesmo tempo. Se a hipertensão noturna é acompanhada da diurna, ela recebe o nome de Hipertensão Sustentada ou persistente. Caso exista apenas o aumento da pressão durante a noite, ela passa a ser chamada de Hipertensão Arterial Noturna Isolada.
“A pressão arterial noturna está sendo cada vez mais reconhecida como um preditor de risco cardiovascular”, afirma Kazuomi Kario, autor do estudo Fenótipo noturno da pressão arterial e prognóstico cardiovascular, publicado neste mês pelo jornal Circulation, da Associação Americana do Coração, nos Estados Unidos.
Ter pressão alta em alguns momentos nem sempre indica que se tem hipertensão arterial. É normal o aumento da pressão arterial durante exercícios físicos, ao sentir dor, tomar café ou viver uma situação estressante, por exemplo.
Para complementar o tratamento orientado pelo médico também existem alguns remédios naturais que ajudam a regular a pressão arterial. Alguns exemplos são a água de alho, o chá de folhas de oliveira ou o chá de valeriana. Veja mais remédios caseiros para pressão alta.
O aumento da pressão arterial durante a noite pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de Alzheimer em homens mais velhos.
Ao longo de oito anos (de 2009 a 2017), os pesquisadores mediram os níveis diurnos e noturnos de pressão arterial em mais de 6 mil pacientes, todos do Japão. As aferições foram realizadas por meio de monitores ambulatoriais, que os participantes vestiam em casa, e avaliaram as medidas durante as atividades diárias e durante o sono, por pelo menos 24 horas de cada vez. Os dados do dispositivo eram enviados aos pesquisadores periodicamente.
Devido ao aumento da pressão arterial dentro dos vasos do cérebro podem surgir várias lesões a nível cerebral, que podem causar alterações como problemas de memória, dificuldade para aprender e até dificuldade para falar.
A hipertensão arterial acontece quando os valores das pressões máxima e mínima são iguais ou ultrapassam os 140/90 mmHg (ou 14 por 9). Já o indicativo de que uma pessoa pode sofrer de hipertensão noturna é quando a medida é de 110/65 mmHg (11 por 6,5), de acordo com novas diretrizes da Associação Americana do Coração implementadas em 2017. Antes disso, a entidade considerava como pressão alta noturna valores a partir de 120/70 mmHg (12 por 7).
Quanto maior o estágio de hipertensão, maior o risco de complicações graves. Pessoas com pressão limítrofe e com hipertensão estágio 1 podem conseguir regular a pressão apenas com algumas alterações do estilo de vida, enquanto pessoas com hipertensão estágio 2 e 3 normalmente precisam fazer uso de remédios receitados pelo médico.
A melhor forma de se identificar a pressão alta é fazer medições regulares da pressão arterial, para verificar quando está acima de 140 x 90 mmHg. Além disso, é recomendado fazer check-ups 2 a 3 vezes por ano com o clínico geral ou o médico de família, por exemplo.
Além disso, a pressão alta também é mais comum em pessoas mais velhas devido à diminuição da elasticidade dos vasos sanguíneos que acontece naturalmente com o envelhecimento.
Uma complicação que pode surgir com o aumento da pressão arterial durante esta fase é a pré-eclâmpsia, que é caracterizada por um aumento constante da pressão arterial e lesões em diferentes órgãos do corpo, especialmente rins, pulmões e fígado, além de aumentar o risco de prematuridade e aborto.