A história de Noite Feliz, música de origem austríaca tombada como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco desde 2011, está diretamente ligada ao Natal.
O contexto local não impediu que a canção se tornasse um sucesso em todo mundo. Primeiro a música se espalhou em um manuscrito na região dos autores. Depois, o construtor de órgão Carl Mauracher a levou para Zillertal, um vale em Tirol, onde era cantada por corais. Dali, se alastrou pela Alemanha, Europa e Estados Unidos.
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Em 24 de dezembro de 1818, o padre austríaco Joseph Mohr pediu ao amigo organista Franz Xaver Gruber que compusesse a melodia para um poema escrito por ele dois anos antes. Nascia assim Stille Nacht, heilige Nacht, uma das mais famosas canções natalinas, traduzida para mais de 300 idiomas e conhecida em português como Noite Feliz.
A canção foi tocada pela primeira vez na história na véspera de Natal do mesmo ano, durante a Missa do Galo da igreja de São Nicolau, na cidade de Oberndorf bei Salzburg, a apenas 20 km de distância de Salzburgo, na Áustria.
O regime de Hitler tinha um problema óbvio com Natal: Jesus era judeu. E o antissemitismo estava no centro da existência da ditadura nazista. Por isso, sua equipe tentou remover todo o contexto religioso da celebração. Isso incluía reescrever canções natalinas sem referências a Deus, Cristo ou fé.
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Naquele mesmo ano, Salzburgo perdeu sua independência e foi incorporada à Áustria. "As palavras deste cântico foram escritas nestas circunstâncias. Elas expressam uma ânsia por redenção e paz", explica à BBC News Brasil Peter Husty, curador da exposição Silent Night 200 - The Story. The Message. The Present ("Noite Feliz 200 - A História. A Mensagem. O Presente", em tradução livre), no Museu de Salzburgo.
O contexto local não impediu que a canção se tornasse um sucesso em todo mundo. Primeiro a música se espalhou em um manuscrito na região dos autores. Depois, o construtor de órgão Carl Mauracher a levou para Zillertal, um vale em Tirol, onde era cantada por corais. Dali, se alastrou pela Alemanha, Europa e Estados Unidos.
Mas não foi só na política que a música ganhou releituras. A canção também ganhou versões de grandes artistas, como Sinead O’Connor, Elvis Presley, Etta James e Kelly Clarkson, tendo sido regravada em mais de 300 idiomas.
Para Husty, Stille Nacht transcende a religião. "Ela conta a história do nascimento de Jesus. Então é um cântico religioso ao mesmo tempo em que é para a paz no mundo."
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No francês, entretanto, o título foi adaptado de forma mais parecida com o português: Douce Nuit, ou Doce Noite. A versão brasileira foi composta em 1912, por Pedro Sinzig.
A colaboração resultou na criação de Stille Nacht, Heilige Nacht, composição que se tornou uma das mais célebres músicas de Natal do mundo.
"O Cristianismo levou essa música para o mundo com missionários (protestantes e católicos). Ela virou acessível em muitas línguas e dialetos, tonando-se global", afirma Thomas Hochradner, chefe do Departamento de Musicologia da Universidade Mozarteum, na Áustria, e idealizador da exposição Silent Night 200.
Em 24 de dezembro de 1818, o padre austríaco Joseph Mohr pediu ao amigo organista Franz Xaver Gruber que compusesse a melodia para um poema escrito por ele dois anos antes. Nascia assim Stille Nacht, heilige Nacht, uma das mais famosas canções natalinas, traduzida para mais de 300 idiomas e conhecida em português como Noite Feliz.
Essa época festiva é marcada por músicas especiais que se tornaram verdadeiros hinos para famílias do mundo inteiro, e Noite Feliz é, provavelmente, a mais conhecida de todas elas.
Para começar, o próprio título da canção teve mudanças. Stille Nacht, Heilige Nacht significa noite silenciosa, noite sagrada, e não necessariamente noite feliz”. Em outras línguas, o significado foi mantido, como no inglês, Silent Night, ou noite silenciosa.
Segundo Husty, geralmente as traduções buscam manter o sentido central da canção: o Natal como festa da redenção e sinal de paz. Mas nem sempre é o caso, como prova a Weihnachtsringsendung, a versão nazista do cântico.
"O Cristianismo levou essa música para o mundo com missionários (protestantes e católicos). Ela virou acessível em muitas línguas e dialetos, tonando-se global", afirma Thomas Hochradner, chefe do Departamento de Musicologia da Universidade Mozarteum, na Áustria, e idealizador da exposição Silent Night 200.
A exibição traz informações detalhadas sobre a canção - como o fato de que ela é cantada por 2 bilhões de pessoas no mundo -, além de objetos que ilustram o estilo de vida no tempo da composição, autógrafos de Mohr e Gruber, e o piano usado para tocar a música.
Uma primeira característica da melodia de Gruber é o salto para o agudo da terceira frase (do “-liz”, de “feliz”, para o “o”, de “o Senhor”); uma outra é o fato de o final do verso “pobrezinho, nasceu em Belém” ter exatamente as notas iniciais de “noite feliz” (sol-lá-sol-mi).
O verso “pobrezinho nasceu em Belém”, por exemplo, não existe na versão original. Foi uma tentativa de manter a mensagem da composição original, considerando o ritmo típico da língua portuguesa.