Caminhar contra a opressão é um desafio antigo (e ainda persistente) para pessoas que não se encaixam na visão tradicional, conservadora e permanente de sexualidade e gênero. A partir da Revolta de Stonewall, em 1969, o movimento LGBTQIA+ passou a ganhar força e a se organizar: anos depois, surgiriam as primeiras marchas que unem a resistência ao orgulho de ser — lésbica, gay, bissexual, pansexual, transgênero, queer, intersexual, assexual, dentre vários outros.
Trinta voluntários ajudaram Baker a pintar as duas primeiras bandeiras arco-íris. Em 2015, o MoMa (Museu de Arte Moderna de Nova York) adquiriu uma delas para a sua coleção de obras e a apresentou como poderoso marco histórico do design.
Pessoas intersexuais nascem com características sexuais física ou com cromossomos que não se encaixam em um padrão corporal socialmente definido como masculino ou feminino (Foto: Reprodução Intersex Human Rights Australia)
Na bandeira, portanto, o rosa pretende retratar o desejo por pessoas com a mesma identidade de gênero que a sua, enquanto o azul refere-se ao interesse por quem se identifica com um gênero diferente. O roxo simboliza uma intersecção dessas atrações.
Seleções da Europa desejavam entrar em campo com braçadeiras nas cores do arco-íris em manifestação contra a homofobia, mas foram barradas pela Fifa. A entidade ameaçou punir com cartões amarelos quaisquer demonstrações sobre o tema e lançou braçadeiras de capitão oficiais, impedindo versões personalizadas pelas equipes.
Essa bandeira foi estabelecida não na intenção de substituir a bandeira genderqueer, mas sim de ser hasteada ao lado dela. O amarelo engloba pessoas cuja identidade de gênero não tem referência ao padrão binário; o branco representa indivíduos com muitos ou todos os gêneros; o roxo é para aqueles que se identificam com gêneros que misturam o feminino e o masculino; e o preto reúne quem se identifica como sem gênero.
Segundo o Manual de Comunicação LGBTI+ lançado pela Aliança Nacional LGBTI+ e pela Rede Gay Latino, o triângulo e o machado de duas lâminas são parte dos símbolos tradicionalmente usados por mulheres lésbicas. O triângulo preto era afixado nas roupas de mulheres consideradas “antissociais” na Alemanha nazista, categoria que incluía feministas, aquelas que não queriam ter filhos e lésbicas. Ele foi incorporado à bandeira como uma ressignificação que lembra aquelas que foram mortas e torturadas nos campos de concentração.
Criada em 1999 por Monica Helms, a bandeira do orgulho trans estreou na parada LGBT de Phoenix, nos Estados Unidos, em 2000. As listras em azul claro remetem à cor tradicional de meninos, enquanto o rosa se refere às meninas. A faixa central branca abraça quem está entre ambos os sexos (intersexo), em transição de um para outro ou ainda que se identifica com um gênero neutro ou indefinido. “O padrão é que não importa o caminho que você siga, ele é sempre correto, o que significa que nós nos encontramos em nossas vidas”, disse Helms, segundo o site Point of Pride.
Para a escolha de uma bandeira que representasse pessoas assexuais — aquelas que não sentem atração sexual por indivíduos de nenhum gênero —-, a Rede de Visibilidade e Educação Assexual (Aven, na sigla em inglês) fez um concurso em 2010. A bandeira vencedora é composta por quatro faixas cujas cores compõem o logo da Aven. O Manual de Comunicação LGBTI+ explica que a listra preta simboliza a assexualidade; a cinza, a intersecção entre ser sexual e assexual; a branca, o desejo sexual; e a roxa, a comunidade.
A bandeira do arco-íris, símbolo do movimento LGBTQIA+, ganhou mais cores. Sua nova versão inclui a gravura do orgulho intersexo —pessoas que não se enquadram nas definições biológicas típicas de masculino ou feminino—, a paleta do orgulho trans e listras representando o antirracismo.
Pode-se definir pessoas pansexuais como aquelas que se sentem atraídas por todos os gêneros ou independentemente do gênero. Na bandeira, a faixa azul representa atração por quem se identifica como homem, a faixa rosa, por quem se identifica como mulher, e o amarelo simboliza o interesse por pessoas que se identificam como genderqueer, não binárias, andróginas ou agênero.
A tradicional bandeira do arco-íris foi apresentada pela primeira vez no Dia da Liberdade Gay de São Francisco, nos Estados Unidos, em 1978. Originalmente, ela contava com oito cores: rosa para sexualidade; vermelho para vida; laranja para cura; amarelo para luz do sol; verde para natureza; turquesa para magia e arte; azul para harmonia e serenidade; e violeta para representar o espírito humano.
Originalmente, o emblema tinha oito cores: rosa para sexualidade; vermelho para vida; laranja para cura; amarelo para luz do sol; verde para natureza; turquesa para magia e arte; azul para harmonia e serenidade; e violeta para representar o espírito humano.
Para representar a orientação que se atrai por dois ou mais gêneros, a bandeira do orgulho bissexual foi criada em 1998 por Michael Page. Segundo ele, “a chave para entender o simbolismo da bandeira bi é saber que os pixels roxos são misturados imperceptivelmente tanto com a cor rosa quanto com a cor azul, assim como no ‘mundo real’, onde pessoas bi se misturam imperceptivelmente tanto nas comunidades gay/lésbicas quanto nas hétero”.
Em 2018, o designer Daniel Quasar, natural de Portland, nos Estados Unidos, criou uma alternativa que já incluía os símbolos trans e do movimento pela igualdade racial. Rapidamente, a proposta de Quasar ganhou adeptos em todo o mundo.
Baseada na estética de outras bandeiras, como as do orgulho trans e bissexual, o símbolo das pessoas genderqueer também é reproduzido a partir de barras coloridas. O modelo criado por Marilyn Roxie em 2010 busca representar indivíduos que não se encaixam na cisnormatividade, que é a imposição compulsória da cisgeneridade — quando a identidade de gênero está alinhada ao que foi socialmente atribuído ao sexo biológico do indivíduo.
Outras versões de bandeiras lésbicas foram criadas sob alegação de que o desenho roxo com o triângulo e o machado teria sido idealizado por um homem gay e cis, o designer Sean Campbell, o que seria indesejável para um movimento exclusivo de mulheres. Os novos modelos, porém, também sofreram críticas de serem vazios de significado.
Após um ano sendo adotada esporadicamente em paradas LGBTQIA+ de todo o mundo, o novo símbolo desembarcou no Brasil para debutar oficialmente em um grande evento sob tutela do Grupo Arco-Íris, ONG responsável pela organização e promoção da parada carioca.