Nesta terça-feira (14), o Ministério Público de Minas Gerais denunciou o empresário por suspeita de sonegação de R$ 86 milhões. Ele já foi alvo de outras investigações por sonegação e lavagem de dinheiro.
Nunes construiu uma gigante do varejo, com 1.200 lojas, 28 mil funcionários e faturamento anual de até R$ 9,5 bilhões. Hoje, não há lojas físicas, e a empresa tem só 40 empregados.
A super Máquina de Vendas só ficava atrás do grupo Pão de Açúcar (Casas Bahia, Ponto Frio e Extra Eletro) e havia deixado para trás, na terceira posição, o Magazine Luiza. Era uma empresa com faturamento anual de mais de R$ 6 bilhões e tinha 754 lojas em 23 estados do país e no Distrito Federal.
Ricardo Nunes é um empresário que fundou a rede de lojas varejistas Ricardo Eletro – um império com cerca de 700 lojas distribuídas pela Brasil e mais de 15 mil funcionários.
O Ministério Público de Minas afirmou que Nunes seguiu à frente da Máquina de Vendas mesmo depois de sua saída como executivo, o que a defesa de Nunes e da empresa negaram, de acordo com a Folha de S.Paulo.
O site da mentoria diz que as aulas são destinadas a quem quer "multiplicar o faturamento das suas empresas e liderar o mercado nessa nova fase da economia". Elas são destinadas a negócios que têm de cinco a 400 funcionários, para prestadores de serviços ou profissionais autônomos, segundo o site.
A rede criada por Ricardo Nunes ganhou ainda mais força quando se fundiu com a varejista baiana Insinuante. A junção das duas empresas deu origem a Máquina de Vendas, uma das maiores empresas de varejo do país na época de sua fundação.
Na semana passada, a Justiça decretou a falência da Máquina de Vendas, dona da Ricardo Eletro. Mas um despacho da 2ª Câmara Reservada de Direito Empresarial de São Paulo suspendeu a falência no dia seguinte.
A Ricardo Eletro era uma das patrocinadoras do programa. Ironicamente, hoje o patrocínio do Caldeirão é feito pela rival Magazine Luiza, que só cresceu, enquanto a Máquina de Vendas encolhia.
Em 2018, quando questionado a respeito, durante uma entrevista ao jornal "Valor Econômico", Nunes disse que a questão havia sido "resolvida" e que não havia mais investigação envolvendo o nome dele.
Havia uma aura de encantamento cercando o negócio: para muitos, parecia uma guerra entre Davi e Golias, na qual o gigante Pão de Açúcar começava a se assustar com a força do pequeno guerreiro, que passou a responder sozinho por até 15% das compras da indústria. O fato de os três terem começado do zero, tendo os pais ou eles próprios como empreendedores, só reforçava o aspecto romântico da iniciativa. Nunes, por exemplo, tinha começado sua trajetória ainda garoto, vendendo mexericas nas ruas de Divinópolis (MG).
Nunes comprava os produtos na região da rua 25 de Março, em São Paulo, para revender em sua cidade. O negócio deu certo e foi se expandindo, até a Ricardo Eletro chegar a ser uma gigante do varejo.
A sociedade com Batista foi desfeita em 2017 —o empresário baiano, que havia ficado à frente do conselho de administração da Máquina de Vendas, enquanto Nunes era o presidente executivo— não concordava com os rumos do negócio. Para o mineiro, o mais importante sempre foi vender, expandir o market share, não necessariamente ganhando dinheiro.
Em 2014, Nunes entrou para o Guinness Book, o livro de recordes, como o maior vendedor do mundo. O empresário deixou a empresa em 2019, quando vendeu sua parte para Pedro Bianchi, atual dono da Ricardo Eletro.
Mas, no mesmo ano de 2010, um evento foi determinante para o futuro da Máquina de Vendas e do próprio Nunes. Naquele ano, o empresário foi acusado de ter pago propina a um auditor fiscal da Receita Federal para que a Ricardo Eletro não sofresse uma autuação. Na época, a defesa do empresário disse que ele havia sido "vítima de extorsão" pelo fiscal federal.
Os três empresários —o mineiro Ricardo Nunes, o baiano Luiz Carlos Batista e o mato-grossense Erivelto Gasques— chegaram a viajar juntos para a África do Sul, a fim de assistir à Copa do Mundo e reforçar laços de amizade entre quem, até então, se via como concorrente um do outro.