A raposa viu o queijo e resolveu apoderar-se dele. Chegou-se ao pé da árvore e começou a bajular o corvo:– Ó senhor corvo, o senhor é certamente o mais belo dos animais! ... Mas, abrindo o bico, deixou cair o queijo. A raposa, mais que depressa, abocanhou o queijo e foi-se embora.” (Esopo – adaptação de Ruth Rocha) a.
No jargão da didática de leitura e escrita, reescrever um texto não é corrigi-lo ou revisá-lo, como faz supor o senso comum. No contexto da disciplina, reescrever é contar, com as próprias palavras, uma história conhecida, com a qual a turma já está bem familiarizada.
O trabalho com reescrita é fundamental para o início do desenvolvimento do ensino da produção de texto pois parte de textos já conhecidos pelos alunos. ... Como o objetivo principal da reescrita é o aprimoramento da linguagem escrita, não é necessário a reescrita do texto inteiro.
Se tomarmos a palavra reescrita no seu sentido literal, concluímos que se trata de algo ligado à correção de possíveis falhas durante a construção textual. Mas neste contexto, ela deve ser entendida como um auxílio, principalmente ao nos referirmos à produção de textos narrativos.
Em todas as situações de reescrita realizamos com os alunos algumas etapas: o planejamento do texto, a produção de textos intermediários (a partir de leituras e análises do texto-fonte), a textualização (escrita ou digitada) e as revisões do texto. Todas estas etapas são consideradas como conteúdos de ensino.
O mecanismo de alteração, desfiguração e dilaceração dos poemas faz parte de um procedimento de reescrita. Ao reescrever sua obra, houve uma alteração e montagem dos versos o que poderia ser classificado como uma escrita em palimpsesto, ou ainda uma transtextualidade.
A importância do ato de reescritura de textos reside no fato de que provoca o diálogo do sujeito-autor com o seu produto-criado, possibilitando um relacionamento mais interativo com seu próprio texto (confrontamento, aguçamento e exclusão de enunciados).