Quantos Anos Tem A Maçonaria No Mundo?

Quantos anos tem a Maçonaria no mundo

Um trecho de um vídeo antigo que mostra o presidente Jair Bolsonaro (PL) discursando em uma loja maçônica viralizou nas redes sociais nesta terça-feira (4). O assunto se tornou o mais comentado do dia, segundo aponta o Google Trends, somando mais de 500 mil pesquisas no Google pelo termo “maçonaria”. Mas, afinal, o que a Maçonaria? A seguir, entenda como surgiu a instituição, como ela atua no Brasil e no que acreditam os maçons.

O revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi e os libertadores da América espanhola, o argentino José de San Martín e o venezuelano Simon Bolívar, também. O articulador da independência do Brasil, José Bonifácio de Andrada e Silva, pertencia à ordem, assim como o duque de Caxias e nosso primeiro presidente republicano, marechal Deodoro da Fonseca.

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Também fizeram parte da sociedade secreta dois políticos decisivos para a vitória aliada na Segunda Guerra Mundial, o presidente americano Franklin Delano Roosevelt e o primeiro-ministro britânico Winston Churchill. Eram maçons alguns dos mais importantes líderes da Revolução Francesa, como Jean-Paul Marat e La Fayette.

Charge de Bordalo Pinheiro de 1875 fazendo referência à anistia dos bispos. A legenda original era: 'Afinal… deu a mão à palmatória!' (Foto: Wikimedia Commons )

No Brasil, entre 1870 e 1910, a situação se complicou com a Questão Religiosa de 1872, quando a organização maçônica, através do Parlamento e da imprensa, passou a lutar pela liberdade religiosa e pelo liberalismo. No final desse mesmo ano, os bispos de Olinda e do Pará interditaram irmandades religiosas devido ao fato de estas terem se recusado a expulsar seus frequentadores maçons.

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The craft: How freemasons created the modern world (2020), de John Dickie, que chegou a Portugal com o título A maçonaria: Como os pedreiros-livres construíram o mundo moderno, pela mão das Edições 70 e com tradução de Jaime Araújo, fica mais para o lado do balão vazio: o livro sustenta-se num sólido trabalho de pesquisa, revela poder de síntese, está escrito de forma fluida e clara e proporciona uma leitura agradável e proveitosa, mas fica muito aquém de persuadir o leitor de que a maçonaria desempenhou na construção do mundo moderno um papel mais decisivo do que o agrafo.

É um cliché da indústria livreira anglo-saxónica dos nossos dias: apresentar, no sub-título, o assunto central do livro – uma instituição, uma invenção tecnológica, um evento, um povo, uma ideia, uma crença, um produto – como o factor “que criou/construiu/moldou o mundo moderno”. Se se fizer uma busca por títulos numa livraria online, perceber-se-á que o mundo moderno foi criado pela meritocracia, pelos gregos, pelos judeus, pelos russos, pelos britânicos, pelos escoceses, pelos saxões, pelos japoneses, pelo chá, pelo cristianismo, pelos protestantes, pelos muçulmanos, pelo automóvel, pelo comboio, pelo algodão, pelos artistas da Renascença, pelas companhias estatais, pelas viagens de exploração, pela engenharia de precisão, pelo campo magnético terrestre, pelo café, pelos jogos e pelo bloqueio de Berlim de 1948-49. Alguns destes livros acabam por conseguir justificar parcialmente o sub-título – ainda que raramente justifiquem o tom assertivo e exclusivista da proclamação –, outros são como um balão que se vai esvaziando à medida que a leitura avança.

O primeiro presidente dos Estados Unidos, George Washington, era maçom. Depois dele, outros 16 líderes da nação mais poderosa do mundo também foram: a lista inclui John Edgar Hoover, diretor do FBI por 45 anos, e Harry Truman, o homem que autorizou o ataque com bombas atômicas sobre o Japão.

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De acordo com a entidade maçônica Grande Loja Unida do Paraná, os segredos nada mais são do que algumas alegorias e sinais que "não escondem nada sobre as intenções ou ações da maçonaria enquanto instituição". “É possível ver atividades promovidas pela ordem na sociedade, desde a filantropia até manifestos contra a corrupção, por exemplo”, afirma o site da organização.

A maçonaria se moldou a partir das fraternidades de pedreiros medievais que usavam palavras e símbolos secretos para reconhecer a legitimidade uns dos outros e, assim, proteger seu trabalho de estranhos. Durante alguns períodos, os maçons foram perseguidos, inclusive por nazistas, e precisaram ficar na clandestinidade para sobreviver.

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Porém, a anistia e soltura dos bispos não foi o fim da questão. As tensões permaneceram seja por meio de bulas papais e cartas encíclicas, seja entre jornais católicos e maçônicos, conservando o forte conflito entre as duas instituições até a primeira metade do século 20.

As organizações maçônicas, de acordo com a entidade, pregam a liberdade dos indivíduos e de seus grupos, sejam eles instituições ou nações, e defendem a igualdade de direitos e de deveres sem distinção de religião, etnia ou nacionalidade. Contudo, a maioria das entidades maçônicas não aceita o ingresso de mulheres na ordem. Elas, bem como pessoas escravizadas e pessoas com deficiência, foram citadas como um dos grupos proibidos de praticar a maçonaria nos primeiros documentos da instituição, datados do século 18.

Apesar de ainda existir suspeitas e teorias conspiratórias sobre a maçonaria, essas instituições não são mais secretas. Autoridades de vários países lhe concedem personalidade jurídica e seus objetivos estão em dicionários, enciclopédias, livros de história etc.

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Por tudo isso, não é exagero afirmar que o mundo em que vivemos foi definido por essa sociedade secreta, que por três séculos vem reunindo a elite política e militar (e cultural) do Ocidente em rituais cheios de códigos misteriosos.

Outros requisitos são ser um homem livre e “de bons costumes”; consciente de seus deveres com a Pátria, seus semelhantes e consigo mesmo; e ter uma profissão lícita que lhe permita prover suas necessidades pessoais e familiares, além de sustentar obras da Instituição.

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Segundo a Biblioteca do Senado, o bispo do Pará, Antônio de Macedo Costa, juntamente com D. Vital, o bispo de Olinda, suspenderam padres maçons e interditaram a atividade dos  maçons leigos nas irmandades. Na época, a atitude dos religiosos foi de oposição ao governo, dado que o Primeiro-Ministro era Grão-Mestre da Maçonaria.

Conflitos marcantes entre maçons e a Igreja Católica ocorrem desde o século 18, marcado pelas primeiras condenações pontifícias. Mas isso se agravou no decorrer do século 19, de acordo com estudo publicado em 2006 na revista Sacrilegens pela professora Giane de Souza Castro, mestre em Ciência da Religião pela Universidade Federal de Juiz de Fora.

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O segredo que ainda existe na maçonaria e não se conhece — senão por meio do ingresso na instituição — são os meios para se reconhecer os maçons em qualquer parte do mundo. E, claro, o modo de interpretar seus símbolos e os ensinamentos neles contidos.

Imperador D. Pedro II apoiou o Grão-Mestre. Os bispos foram presos, processados e condenados a quatro anos de prisão com trabalhos forçados, depois recolhidos para prisão simples na fortaleza da ilha das Cobras e, por fim, anistiados.

Os maçons se reúnem em templos para cerimônias ritualísticas que lhes são permitidas. Seu discurso se baseia na universalidade da natureza humana e no racionalismo, pressupostos importantes para o Iluminismo.