Nesse caso, “WhatsApp from Facebook” ficará “WhatsApp do Facebook”. A palavra estrangeira deixou os usuários confusos, que também fizeram perguntas como “tradução from” e “definição from” no Google.
Segundo o fundador da companhia o responsável por todos os serviços prestados para seus usuários, Mark Zuckerberg fez um comunicado à imprensa defendendo a nova marca do Facebook que foi elaborada com a intenção de distinguir da rede social da empresa em si. O mesmo disse aprovar as letras maiúsculas e espaçadas.
Na época, por meio de sua assessoria, a empresa também afirmou que continuaria respeitando a escolha dos usuários que decidiram não compartilhar seus dados em 2016. Usuários podem verificar sua escolha solicitando os dados de sua conta para a plataforma.
O objetivo do Facebook é deixar claro para todos os usuários quais produtos a empresa possui adicionando seu respectivo nome aos seus aplicativos.
Um dos principais motivos para as reações negativas foi o fato de o WhatsApp impor as novas políticas aos usuários. A empresa afirmou que aqueles que não concordarem com os novos termos perderão gradativamente o acesso às funcionalidades do app.
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Segundo a empresa, "algumas informações compartilhadas na conversa podem ser utilizadas pela própria empresa para fins de marketing, inclusive para fazer publicidade no Facebook." Nesses casos, o WhatsApp não considera que existe uma criptografia "de ponta a ponta", porque as empresas podem disponibilizar esse conteúdo para terceiros, como serviços de gerenciamento de mensagens.
Na prática, portanto, parte dos usuários já tinha seus dados compartilhados, mesmo sem se dar conta. E o WhatsApp afirma que a aceitação dos Termos de Serviço atualizados "não ampliará a capacidade do WhatsApp de compartilhar dados de usuários com sua empresa controladora, o Facebook."
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Segundo ele, deveria haver diferenças de consentimento, por exemplo, entre funções necessárias para o funcionamento do app e outras relacionadas aos seus fins comerciais. O diretor também avalia que os termos divulgados agora não deixam claro quais são as finalidades e consequências exatas de cada uma das mudanças.
As mudanças no modo como o aplicativo comercializa seus serviços também traz à tona novas discussões. "O WhatsApp sempre foi um aplicativo de mensageria. Quando o contexto de amplia e ele passa a servir para mais coisas, entramos em uma discussão sobre o consentimento ser mais granular", diz Rafael Zanatta, diretor da Associação Data Privacy Brasil de Pesquisa.
"A Autoridade Nacional de Proteção de Dados ainda é muito nova, então a chance de ocorrer uma multa agora seria muito pequena", avalia. Segundo ela, é natural que a empresa avance na busca por novas formas de monetizar os seus serviços. Porém, precisa ser mais transparente em relação às condições com que isso é feito.
Hoje, dados como número de telefone, dados de transações, endereço de IP e informações sobre como você interage com empresas no aplicativo já podem ser compartilhadas com companhias do Facebook.
Nos Termos de Uso, a companhia explica que "o WhatsApp e o Facebook não podem ler nem ouvir as mensagens que você troca com amigos e familiares". Isso também vale para chamadas, anexos e localizações compartilhadas. Os conteúdos são protegidos por criptografia de ponta a ponta, o que significa que apenas remetende e destinatário podem acessar os conteúdos enviados.
No Brasil, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) e o Ministério Público Federal (MPF) emitiram uma recomendação para que o WhatsApp adie a implementação da nova política de privacidade do aplicativo.
Segundo o Cade, as instruções foram encaminhadas com o "objetivo proteger os direitos dos titulares de dados pessoais, os direitos dos consumidores e mitigar potenciais efeitos sobre a concorrência".
No Brasil, depois que órgãos reguladores questionaram a medida, a empresa se comprometeu a não limitar o uso do aplicativo por um prazo de 90 dias, enquanto novas análises são feitas. Mas, afinal, o que está em jogo?
"Para aumentar a transparência, o WhatsApp atualizou suas Políticas de Privacidade para que descrevam que, daqui para a frente, as empresas podem optar pelos serviços seguros de hospedagem do Facebook para ajudar no gerenciamento das comunicações com seus clientes no WhatsApp", disse a empresa em janeiro, quando anunciou os novos termos.
As alterações haviam sido anunciadas em janeiro, mas tiveram sua implementação adiada devido à repercussão negativa. Uma das principais críticas é o fato de o WhatsApp tornar o compartilhamento de dados obrigatório, em vez de deixar que os usuários decidam se o aceitam ou não.