O luto é uma resposta emocional normal de sofrimento, que acontece após a perda de uma conexão afetiva muito forte, seja com uma pessoa, animal, objeto ou com um bem imaterial, como o emprego, por exemplo.
No entanto, um ponto importante que todos devem estar cientes é entender que o luto é preciso ser vivido, sentido e compreendido, de preferência sem a preescrição de fármacos, para que possamos viver todas as emoções e sentimentos causados pela dor do luto (sim, dói demais às vezes), a fim de restabelecer nosso equilíbrio emocional interno por meio de raiva, ódio, lembranças boas, até poder sorrir e seguir a tragetória da vida.
O facto de se aceitar a perda de alguém que amávamos muito, não significa, seguir a vida como se essa pessoa nunca tivesse existido. Não é esquecer os momentos bons partilhados com ela, nem enterrar lembranças agradáveis. A saudade ainda vai mexer com as emoções e o ente amado ainda pode aparecer nos pensamentos da pessoa em luto, anos após a partida do ente querido. Por vezes, a saudade existente é tamanha, que ainda é possível sentir o cheiro do ente querido.
Neste texto falamos sobre o luto, o que é este processo para a psicanálise e como lidar com a perda de algo, alguém ou até mesmo uma posição na qual estávamos antes do enlutamento.
Conforme elencamos acima, o processo do enlutado é subjetivo e individual. Ou seja, cada indivíduo possui o seu jeito de encarar, interpretar e viver vazio e a dor da perda do objeto em todas as etapas do luto.
Para começar, o luto é um processo natural que evolve emoções de sentir a ausência de alguma coisa, pessoa ou situação, ou seja, sentimos um vazio e uma angústia ocasionados pela perda do objeto.
Na psicanálise, trabalhamos com a singularidade do sujeito. Assim, apesar do acontecer com todos nós, é um processo que atinge cada um de uma forma particular, o que varia é a intensidade com que os sentimentos são vivenciados de acordo com o tamanho da perda ou momento da vida do indivíduo.
Ter que explicar para uma criança que alguém especial faleceu não é uma tarefa fácil, no entanto, existem algumas estratégias que podem ajudar a tornar o processo um pouco mais fácil e menos traumático, como:
Por fim, o sentimento de raiva e/ou ressentimento costumam fazer parte do processo de luto. É totalmente aceitável e até necessário sentir raiva de quem partiu, especialmente quando é uma perda não relacionada à morte.
Se na sua opinião, baseado no que sente e no que acha que é real para si, reconhece que não está a ser capaz de lidar bem com a situação, deverá procurar o ajuda de um profissional de saúde habilitado, que o ajude a compreender e a ultrapassar da melhor forma a sua problemática, minimizando a sua dor e sofrimento.
Assim, é bom deixar claro, que nem sempre o luto está associado à morte de uma pessoa, embora a perda de um ente querido seja a dor mais comum quando nos deparamos com este sentimento.
Procurar ajuda profissional de um psicólogo ou de um psiquiatra pode ser uma boa forma de garantir que se consegue fazer um processo de luto saudável. Porém, a maior parte das pessoas também consegue gerir o seu próprio luto e, por isso, caso não se sinta confortável, nem sempre é necessário procurar ajuda profissional.
Todas as pessoas, cada um da sua forma, estão dotadas de estratégias de coping (habilidades que a pessoa tem), ou seja, cada pessoa detém estratégias que lhe permitirá lidar de forma diferente com a situação do luto. Aquilo que é considerado regra geral, nem sempre o é para todas as pessoas e a forma como se manifesta é igualmente correta e aceitável.
Ao receber a notícia de que se perdeu algo ou alguém com quem se tinha uma ligação muito forte, é muito possível que, numa primeira fase, a pessoa não acredite na notícia, sendo possível observar uma reação de negação.
Além destas estratégias, é sempre uma boa opção consultar um especialista, como um psicólogo ou psiquiatra, que poderá avaliar o caso e sugerir outras opções para ajudar a superar melhor o processo de luto.
Na segunda fase, após a pessoa ter negado o acontecimento, é frequente que surjam sentimentos de raiva, que podem ser acompanhados de outros sinais como choro constante e aborrecimento fácil, mesmo com amigos e família. Pode ainda existir inquietação e ansiedade.