Uma consulta no site das companhias revela que os bilhetes aéreos estão mais caros. Simulamos uma viagem de Belo Horizonte para Maceió, um dos destinos mais procurados pelos mineiros, no Carnaval e na baixa estação: na Gol, o bilhete está, em média, R$ 1.564,90 o trecho para o feriado e R$ 633,90 o trecho para o período de 18 a 25/3, com uma, duas ou três escalas, dependendo do horário escolhido.
"As empresas ainda estão desequilibradas financeiramente e acabam tendo que repor esse prejuízo. Então as passagens devem continuar caras, ao menos até que as empresas equilibrem as contas", acrescenta.
Monteiro reconhece que as passagens ficaram mais caras nos últimos anos no Brasil, mas ela diz que isso que ocorreu com outros serviços e setores no pós-pandemia, com inflação em alta e um aumento de custos em geral.
O dado é o mais atualizado do levantamento feito pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
Também existem os custos de segurança. Os aeroportos devem ter padrões de segurança e seguros para todos os passageiros e tripulantes, o que significa que eles precisam gastar muito dinheiro com equipamentos e treinamento.
"Mesmo com uma parada quase total dos voos, o setor brasileiro se manteve de pé sem nenhum subsídio público, diferentemente do que aconteceu em países como Estados Unidos (US$ 50 bilhões), França (US$ 16,4 bilhões), Alemanha (US$ 9,8 bilhões) e Holanda (US$ 3,8 bilhões)", diz comunicado da Abear.
"Hoje, mesmo que 90% da produção do combustível seja nacional, o item é cobrado como se viesse do exterior. Além disso, o Brasil é o único país que tributa o QAV (com ICMS, por exemplo), tornando o preço efetivo pago nas refinarias brasileiras um terço superior ao valor cobrado das aéreas nos Estados Unidos", aponta a associação em um comunicado enviado à BBC News Brasil.
Na Latam, a tarifa média é de R$ 781 ida ou volta para os dois períodos com apenas uma escala. Na Azul, o valor é de R$ 1.860 o trecho para o Carnaval e R$ 1.155,90 o trecho para março. Na página da Azul, uma mensagem incentiva o viajante a comprar passagens a partir de R$ 189 em até dez vezes sem juros. Na Gol, o estímulo vem por meio de 12 x R$ 163, 83 o trecho para compras no cartão de crédito.
"O preço [das passagens] já foi menor, mas em condições nas quais os custos eram diferentes. O dólar era mais baixo e o preço do combustível era mais competitivo. 60% dos custos estão atrelados ao dólar, como o combustível, o arrendamento de aeronave, a manutenção… tudo isso é dolarizado", diz.
O especialista diz que essas novas cobranças não foram suficientes para reverter os prejuízos do setor nos últimos anos. E avalia que, se esses valores voltassem a ser incluídos no preço da passagem, os bilhetes ficariam ainda mais caros.
As tarifas altas não são privilégio da malha aérea doméstica, embora nas viagens internacionais elas oscilem menos. “O valor médio em dólar caiu para compensar a alta do câmbio”, observa Rafael Romeiro, diretor da FVO Travel. “Não acho que o internacional encareceu, mas o doméstico está bem mais caro do que antes”, enfatiza. “Está difícil conseguir uma passagem BH–SP abaixo de R$ 800 o trecho comprando próximo à viagem, antres eu comparava na média de R$ 200”, acrescenta.
4. Mais Seguro: Os aviões são equipados com os sistemas de segurança mais avançados, e os pilotos e tripulantes têm uma formação rigorosa para garantir que os voos sejam seguros.
A pasta afirma ainda que foram feitas reuniões com as empresas aéreas e associações do setor para discutir ações que possam ajudar a reduzir custos operacionais e "dar oportunidade de mais brasileiros voarem".
O setor aéreo pede mais apoio do poder público. A Abear aponta que enquanto outros países deram suporte ao segmento no auge da pandemia, o governo brasileiro não concedeu nenhum tipo de ajuda financeira no período.
"Essas empresas ainda continuam tendo prejuízo porque não podem cobrar o máximo que poderiam, porque o consumidor é sensível a preço. Esses prejuízos dos últimos anos, como as dívidas criadas na pandemia, continuam gerando aumento de custos hoje. Mesmo com o preço das passagens mais alto, essas companhias não conseguem cobrir os prejuízos dos últimos anos", acrescenta.
Outro conselho útil é ficar de olho (ou se inscerever) nas promoções relâmpago de sites especializados. Porque muitas empresas aéreas querem recuperar o tempo perdido na pandemia e estão pesando a mão sobre o bolso dos consumidores.
As margens de lucro baixas levaram operadores como a FVO Travel a abrir mão do bilhete aéreo nos pacotes de viagens. “Eu praticamente não vendo mais aéreo. A gente focou só o terrestre, e este já era um movimento que vinha ocorrendo antes da pandemia, que acabamos de sacramentar. As margens das companhias não justificam uma agência comprar aéreo por meio de operadora, dá muito trabalho ganhar apenas 1%, 2%”, afirma. Também tem sido mais difícil conseguir disponibilidade e bons valores na classe executiva do que na econômica, pontua o operador.
Ex-diretor da Anac, o advogado Ricardo Fenelon Júnior, especialista em Direito Aeronáutico, afirma que as companhias aéreas continuam tendo dificuldades mesmo com o aumento do preço das passagens aplicado para compensar os prejuízos dos últimos anos e a alta dos custos de produção.
Até o início dos anos 2000, o valor das passagens aéreas era regulado pelo governo federal. O controle de preços gerava ineficiências, reduzindo o investimento das empresas e a oferta de voos, o que mantinha o valor das passagens elevado.