John Locke (1632-1704) é um filósofo inglês conhecido como um dos pais do liberalismo político, defensor do direito à propriedade privada e do governo constitucional, um dos principais representantes do empirismo moderno e criador de conceitos como tábula rasa. De modo que sua filosofia influenciou movimentos políticos como a revolução americana e francesa e filósofos como Berkeley e Hume.
O contexto político inglês durante a vida de Locke foi marcado por dois conflitos fundamentais. Um político, entre o rei e o parlamento em torno do poder de comandar a Inglaterra; outro religioso, entre anglicanos, protestantes e católicos. A natureza e os limites do governo e o tema da liberdade religiosa, centrais no pensamento de Locke, estão relacionados a esse contexto histórico.
Quem foi John Locke? John Locke foi um filósofo inglês considerado o “pai do liberalismo”. Ele ficou conhecido como o fundador do empirismo, além de defender a liberdade e a tolerância religiosa.
Quer entender as principais ideias de John Locke? Conhecer sua biografia, filosofia e o seu marco na história? Ele defendia que o ser humano é uma página em branco, e que vai aprendendo pelos sentidos à medida que vai vivendo. Ou seja, não existe conhecimento prévio, para ele.
Começava então a sua carreira como professor associado do College, onde foi leitor, censor e tutor, e onde deu também aulas de Grego e Retórica; além disso, estudou, por conta própria, Medicina e Filosofia natural (ou seja, ciências experimentais). Travou amizade com o eminente médico Thomas Sydenham – pioneiro no tratamento de doenças infecciosas – bem como com outros cientistas do gabarito do versátil Robert Boyle. Neste período, aprendeu o valor da observação atenta como meio para descobrir os segredos da natureza, uma ideia que acabaria por sintetizar anos depois, no seu Ensaio sobre o entendimento humano (1690), obra na qual assentava as bases do empirismo, ao negar a existência de ideias inatas e ao defender o papel fundamental da experiência na origem e confirmação dos conhecimentos. Foi tal a sua entrega à ciência que chegou a converter a sua casa num autêntico laboratório. Em 1668, entrou mesmo para a Royal Society de Londres.
O pensador britânico completou outras importantes obras, entre elas os Dois tratados sobre o governo civil – um claro golpe ao despotismo absolutista –, e deixou praticamente concluído o seu Ensaio sobre o entendimento humano, texto com que finalmente se daria a conhecer.
Entender as principais ideias de John Locke e saber quem ele foi é importante para a vida e, principalmente, para os vestibulares das mais importantes universidades do Brasil. Pensando nisso, além de apresentar aqui um resumo de sua biografia, também temos um teste para você. Está preparado?
Para conhecer mais afundo quem foi John Locke e entender suas principais ideias, é preciso também citar que, para o autor, o governo não surge apenas para limitar certas “liberdades individuais”, mas também para preservá-las.
Para o filósofo, todo conhecimento humano pode ser obtido por meio da percepção sensorial ao longo da vida. A mente do ser humano ao nascer seria como uma folha em branco, e tudo que se sabe é aprendido depois. Baseava sua crença no poder da educação como transformadora do mundo. Afirmava que o mal não era parte de um plano de Deus, e sim produzido por um sistema social criado pelos indivíduos. Por isso, poderia ser modificado também por eles.
Nessa época, John Locke chegou a ser considerado um exilado político na França e Holanda, devido aos seus pensamentos a favor da monarquia constitucional da época, contrária ao autoritarismo do Rei Carlos II.
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A maior parte de sua obra se caracteriza pela oposição ao autoritarismo, em todos os níveis: individual, político e religioso. Acreditava em usar a razão para obter a verdade e determinar a legitimidade das instituições sociais.
No ano em que Guilherme III de Orange e Maria II Stuart foram coroados reis de Inglaterra, Irlanda e Escócia (1689) triunfavam, em grande medida, as ideias políticas de um velho filósofo convencido de que um bom governo passava pelo estabelecimento de um sistema político baseado no pacto entre o rei e o seu povo. Este homem era John Locke e as suas ideias foram fundamentais na luta mantida durante décadas contra os caprichos absolutistas dos últimos Stuart. Locke não era certamente um revolucionário, mas o destino colocou-o no centro do redemoinho de um momento histórico transcendental para a Inglaterra. O facto de ter crescido numa família puritana marcou a sua personalidade e incutiu nele um sentido inabalável de dever, o qual ficou patente nas suas firmes convicções, tanto políticas como religiosas.
Locke passou os últimos anos da sua vida em casa da filósofa Damaris Masham, no condado de Essex. A sua anfitriã era filha do filósofo Ralph Cudworth, que fora amigo de Locke até à sua morte. Durante esse período, o pensador continuou a teorizar sobre política, filosofia, economia, pedagogia e teologia, além de manter intensa correspondência com amigos e colegas de toda a Europa, incluindo o filósofo alemão Gottfried Wilhelm Leibniz.
No seu epitáfio, escrito pelo próprio, apresentava-se ao mundo: “Aqui jaz John Locke. Se se pergunta que classe de homem era, ele próprio lhe diria que foi alguém feliz com a sua mediania. Alguém que, embora não tivesse ido muito longe nas ciências, não procurou mais do que a verdade.”
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Para conhecer mais sobre o pensamento de Locke, sugerimos a leitura de outros artigos dedicados a certos aspectos de sua obra. Veja O empirismo de Locke e Direito a propriedade privada para Locke. O primeiro trata em detalhes da teoria do conhecimento de Locke; o segundo, de sua justificativa para o direito à propriedade privada. Para uma abordagem mais aprofundada, recomendamos os livros abaixo:
Dessa forma, aqueles governos que não respeitarem esses direitos, poderão ser derrubados pelos indivíduos, uma vez que o poder político, teoricamente, representa o consentimento de uma maioria.
A associação com Lorde Ashley foi um dos marcos na vida de Locke; ao lado dele, o filósofo iria ser testemunha directa da agitada vida política da Inglaterra pré-revolucionária. A infiuência do nobre seria ainda decisiva no próprio pensamento político e moral de Locke. Este abandonou a ideia relativa à preeminência da ordem e a segurança do Estado sobre os súbditos – em linha com Hobbes – para passara a considerar que, acima de tudo, devia primar a protecção dos direitos do indivíduo. Da mesma forma, a transição do puritanismo, no qual fora educado, para postulados mais abertos ficou patente no seu Ensaio sobre a tolerância (1667). Locke defendia a tolerância, entre outras coisas, pelas vantagens que esta podia ter não só no plano religioso, mas também no económico, como ficou plasmado nas Províncias Unidas.
Locke critica essa teoria afirmando que a crença de que a ideia de Deus ou princípios morais são inatos não se sustenta se considerarmos que algumas culturas sequer sabem o que é Deus e têm costumes muito diferentes. Ora, se de fato fossem inatas, tais ideias deveriam estar presentes em todos os seres humanos.
Em 1672, Ashley, já como Conde de Shaftesbury, foi nomeado Lorde-chanceler – o cargo ministerial mais alto – enquanto Locke passou a ocupar-se das questões relacionadas com a política eclesiástica. Um ano depois, o chanceler descobriu que Carlos II assinara um pacto secreto com o francês Luís XIV, pelo qual se comprometia a converter-se ao catolicismo em troca de ajuda financeira e, se necessário, também militar. Depois disso, considerou que existia um plano que ameaçava não só reintroduzir o absolutismo monárquico em Inglaterra, mas que implicava também uma submissão política à todo-poderosa França.
O rei não aceitou, mas iniciou-se o debate entre os principais grupos políticos, tories e whigs. Os primeiros, em linha com o rei, rejeitavam a Exclusion Bill e defendiam a doutrina da origem divina do poder. Os segundos defendiam que o poder político repousava sobre um contrato e, consequentemente, toda a resistência é legítima quando o poder comete abusos. No contexto destes debates, Locke começou a amadurecer as suas ideias sobre legitimidade política.
Locke exerceu enorme influência sobre todos os pensadores de seu tempo e foi uma das principais referências teóricas para os líderes das revoluções que, a partir do final do século 18, transformaram a sociedade ocidental.
Locke esteve exilado durante um longo tempo por perseguição política. É ao final desse período que publica suas obras mais importantes: Um ensaio sobre o entendimento humano (1690), no qual apresenta sua teoria do conhecimento, e Dois tratados sobre o governo civil (1690), onde expõe sua filosofia política.