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Green Book, do diretor Peter Farrelly, conta a história real da amizade inesperada entre o pianista Don Shirley (Mahershala Ali) e seu motorista Tony Lip (Viggo Mortensen) num contexto norte-americano extremamente racista dos anos sessenta.
No dia seguinte, Tony recebeu um telefonema de um conhecido que lhe anunciou que um médico estava precisando de um motorista. Sem saber o que estava por vir, ele foi para a entrevista. Ao chegar, ficou surpreso ao verificar que o endereço o levou a um teatro.
A mulher de Tony é compreensiva com o marido, embora seja extremamente preocupada com o destino da família. Responsável, ela é dona de casa, cuida do lar, dos filhos e da gestão do orçamento doméstico. Quando a boate Copacabana fecha as portas provisoriamente, Dolores se desespera sem saber como fará para pagar as contas.
A Columbia Artists gerenciou a viagem de aproximadamente um ano e meio do pianista, embora o filme condense a história como se durasse apenas dois meses. O artista tocou apenas para um público branco durante o percurso.
Don viveu imerso em um ambiente de alta cultura e frequentou os grandes salões enquanto Tony nunca saiu do seu bairro de imigrantes de classe baixa, convivendo sempre com um universo muito semelhante de indivíduos.
Conduzindo Miss Daisy não faz questão de dizer isso, “baseado em uma história real”, de forma alguma. Mas sabe-se que o filme se baseia numa peça teatral de autoria de Alfred Fox Uhry, natural da mesma Atlanta retratada na peça e no filme, e a história da relação entre Miss Daisy e Hoke se baseia na relação entre sua bisavó Lena Fox e o chofer Will Coleman.
Alguns hábitos e a residência do pianista, que aparece no longa, também são compatíveis com a realidade. Don Shirley viveu num suntuoso apartamento no Carnegie Hall durante cerca de cinquenta anos.
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Essa estranheza social compareceu muitas vezes no filme, quando, por exemplo, no Sul, os policiais pararam a viatura onde Tony e Shirley se encontravam para pedir esclarecimentos.
Não vi nenhum desses filmes, assim como não vi Quem Vai Ficar com Mary? (1994) – mas foi comentadíssimo na época que uma das piadas “finas” dessa comédia escrachada era que o cabelo louro de Cameron Diaz lá pelas tantas se enche de… sêmen.
Um belo dia, Tony recebe um telefonema de um conhecido anunciando que um médico estava a procura de um motorista. Sem saber bem o que lhe espera, Tony vai para a entrevista. Chegando ao lugar, sente-se perdido porque o endereço lhe leva a um teatro.
Green Book tem a ver com todos esses belos filmes por se centrar no relacionamento entre duas pessoas profundamente diferentes que, ao contrário do que seria de se esperar, acabam se respeitando mutuamente – mas tem outras semelhanças com Conduzindo Miss Daisy. Quatro outros pontos de semelhança, na verdade.
Rude, muitas vezes antipático e arrogante, Shirley vai se deixando cativar por Tony e os dois vão criando com o tempo uma convivência harmoniosa que se transforma numa amizade plena.
Ao longo do seu percurso pelo sul dos Estados Unidos ele passa a sentir na pele o racismo vivenciado pelo pianista afro-descendente. A viagem serve de alerta para ele, que era um cidadão americano branco comum, nascido e criado no Bronx, que não tinha que lidar com qualquer dificuldade devido a cor da sua pele.
Ao mostrar o relacionamento, nos Estados Unidos do início dos anos 60, entre um trabalhador descendente de italianos, bronco, um tanto brutal, e um músico refinadíssimo, cultíssimo, rico e negro, Green Book faz uma maravilhosa elegia a esta que é uma das mais maravilhosas invenções do ser humano: a amizade, a solidariedade. Uma invenção que é ainda mais preciosa quando surge entre pessoas diferentes, díspares, quase antípodas, como esses Tony Lip interpretado por Viggo Mortensen e Donald Shirley, o papel de Mahershala Ali – os dois em atuações de se aplaudir de pé como na ópera.