A socialização na escola tem um importante papel na formação individual de cada aluno. O ambiente escolar é um cenário vivo de interações de trocas explícitas de ideias, valores e interesses diferentes. ... Essas práticas podem ajudar na observação de como se dá a socialização entre os alunos e na contenção de distúrbios.
Esta definição da escola corresponde ao modelo 1 e pode ser plenamente ilustrada pela concepção durkheimiana da educação. Em larga medida a escola preenche as funções próprias da socialização religiosa nas sociedades tradicionais. Ela socializa os atores com valores laicos e universais das sociedades modernas. Sempre levando em conta a especificidade das posições sociais, ela forma indivíduos tanto mais autônomos quanto mais fundados na coletividade e na Razão moderna são os valores que comandam a educação. Não há contradição entre a autonomia do ator e a integração social; mais ainda, quanto mais socializado é o indivíduo, mais ele é senhor de si mesmo. Esse modelo se apresenta como uma "paidéia funcionalista", associando a adaptação do indivíduo à plenitude de sua humanidade. A cultura escolar não é uma cultura de classe, é uma cultura nacional moderna, isto é, uma cultura ao mesmo tempo específica e universal, o que muitos hoje chamam uma cultura "republicana", porque ela forma franceses e cidadãos capazes de exercer seus próprios julgamentos.
Foi a adoção deste modelo que conduziu Habermas a uma visão crítica da modernização. Em uma concepção deste tipo, as esferas diferenciadas da sociedade devem buscar suas fontes normativas no mundo vivido. Os meios impessoais da integração sistêmica deveriam ser simplificações das conexões hipercomplexas do mundo moderno. Este acordo, pervertido no capitalismo contemporâneo, teria reificado as estruturas simbólicas do mundo vivido (Habermas, 1978), sua colonização avançando juntamente com a crise de motivação e, logo, de socialização dos indivíduos. É também este o propósito de Giddens sobre a "dualidade da estrutura", a um só tempo, condição e resultado das práticas constitutivas dos sistemas sociais. Trata-se de insistir ao mesmo tempo sobre o caráter contingente das interações, das competências dos atores sociais e sobre a reprodução dos sistemas sociais ao longo do tempo e do espaço. A recorrência da vida social faz com que as estruturas sejam, ao mesmo tempo, regras e expedientes; aliás, as regras conhecidas pelos atores sociais nem sempre são explícitas, freqüentemente se tratando apenas de uma consciência prática. Ora, mesmo se a articulação da sociedade passa por mecanismos impessoais como o dinheiro e os sistemas especializados, a socialização detém um papel chave na teoria da estruturação (Giddens, 1987).
Ao contrário, porém, o "aluno" é uma construção histórica, construída no contexto de uma determinada forma escolar, em torno da qual veio se formando toda uma ordem social, na qual se desempenham determinados papéis e se conforma um modo de vida específico (Sacristán, 2003). Assim, o jovem se torna aluno em um processo no qual interferem a condição juvenil, as relações intergeracionais e as representações daí advindas, bem como uma determinada cultura escolar. Acredito ser aqui, na forma como os jovens vêm se constituindo como alunos, que reside um dos grandes desafios na relação da juventude com a escola, colocando em questão velhos modelos, com novas tensões e conflitos.
Para os alunos já no ensino fundamental, seria interessante estimular vivências que os aproximassem dos ambientes corporativos, como visitas a empresas e conversas com profissionais – não com o objetivo de desenvolver formação técnica, mas para ampliar os seus repertórios sobre profissões e como o mundo do trabalho ...
A segunda versão, ao contrário, é "desencantada" e crítica. A sociedade, percebida como um conjunto de estruturas de poder, se inscreve nos indivíduos que são então operados pelo sistema social. A autonomia é geralmente apresentada como uma ilusão subjetiva, tanto quanto as práticas sociais são concebidas, em versões extremas dessas teorias, como signos da ordem social. A socialização aparece como uma forma de programação individual que assegura a reprodução da ordem social por meio de uma harmonização das práticas e das posições. Essa versão desencantada da modernidade está notadamente presente na obra comum de Bourdieu e Passeron (1964; 1970).
E se fizermos um bom papel de mãe e pai certamente os filhos irão embora algum dia e carregarão dentro deles tudo o que conseguimos passar de bom, e sempre voltarão quando quiserem, precisarem ou sentirem saudades.
No caso específico da escola, esse processo de mutação não elimina, mas transforma a natureza da dominação no cotidiano da instituição escolar, pois "obriga os indivíduos a se construírem 'livremente' nas categorias da experiência social" que lhes são impostas. A dominação se manifesta, assim, não cessando de afirmar que "os indivíduos são livres e mestres de seus interesses (...), a dominação impõe aos atores as categorias de suas experiências, categorias que lhes interditam de se constituir como sujeitos relativamente mestres deles mesmos (...)" (Dubet, 2006, p. 403).
Do Ceará, temos o artigo “ The internationalization of Higher Education of Brazil in the Education area” que analisou a internacionalização do Ensino Superior do Brasil por meio da distribuição de bolsas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), para o exterior, na área de Educação, no período de 1998 a 2020. Os resultados evidenciam o crescimento do número de instituições e de bolsistas no exterior ao longo dos anos pesquisados, principalmente nos países do Norte Global, e apontam um declínio pós-Ciências Sem Fronteiras. Para os autores, é importante compreender a internacionalização como um instrumento para o desenvolvimento das instituições e impacto social na região em que se insere, além de reforçar a política externa brasileira. A internacionalização também pode aderir a grandes redes de pesquisa da Educação e da Ciência, e ter um posicionamento mais altivo junto aos países do Sul Global – da América Latina e da África.
Durante a infância, a criança tem o primeiro contato com a socialização. Geralmente, esse processo começa a ser desenvolvido com os pais, irmãos e familiares próximos. Mas, quando os pequenos atingem a idade escolar, a socialização é potencializada.
Nesse contexto, é cada vez mais difícil definir modelos na transição para a vida adulta. As trajetórias tendem a ser individualizadas, conformando os mais diferentes percursos nessa passagem. Podemos dizer que, no Brasil, o princípio da incerteza domina o cotidiano dos jovens, que se deparam com verdadeiras encruzilhadas de vida, nas quais as transições tendem a ser ziguezagueantes, sem rumo fixo ou predeterminado. Se essa é uma realidade comum à juventude, no caso dos jovens pobres os desafios são ainda maiores, uma vez que contam com menos recursos e margens de escolhas, imersos que estão em constrangimentos estruturais. Para a grande maioria desses jovens, a transição aparece como um labirinto, obrigando-os a uma busca constante de articular os princípios de realidade (que posso fazer?), do dever (que devo fazer?) e do querer (o que quero fazer?), colocando-os diante de encruzilhadas onde jogam a vida e o futuro (Pais, 2003).
A educação da juventude, a sua relação com a escola, tem sido alvo de debates que tendem a cair numa visão apocalíptica sobre o fracasso da instituição escolar, com professores, alunos e suas famílias culpando-se mutuamente. Para a escola e seus profissionais, o problema situa-se na juventude, no seu pretenso individualismo de caráter hedonista e irresponsável, dentre outros adjetivos, que estaria gerando um desinteresse pela educação escolar. Para os jovens, a escola se mostra distante dos seus interesses, reduzida a um cotidiano enfadonho, com professores que pouco acrescentam à sua formação, tornando-se cada vez mais uma "obrigação" necessária, tendo em vista a necessidade dos diplomas. Parece que assistimos a uma crise da escola na sua relação com a juventude, com professores e jovens se perguntando a que ela se propõe.
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Além do mais, predomina uma representação negativa e preconceituosa em relação aos jovens, reflexo das representações correntes sobre a idade e os atores juvenis na sociedade. É muito comum, nas escolas, a visão da juventude tomada como um "vir a ser", projetada para o futuro, ou o jovem identificado com um hedonismo individualista ou mesmo com o consumismo. Quando se trata de jovens pobres, ainda mais se forem negros, há uma vinculação à ideia do risco e da violência, tornando-os uma "classe perigosa". Diante dessas representações e estigmas, o jovem tende a ser visto na perspectiva da falta, da incompletude, da irresponsabilidade, da desconfiança, o que torna ainda mais difícil para a escola perceber quem ele é de fato, o que pensa e é capaz de fazer. A escola tende a não reconhecer o "jovem" existente no "aluno", muito menos compreender a diversidade, seja étnica, de gênero ou de orientação sexual, entre outras expressões, com a qual a condição juvenil se apresenta.
Confrontando-se as teorias clássicas da modernidade e as teorias sociológicas contemporâneas da socialização, propõe-se uma concepção "fragmentada" da socialização, que renuncia a uma apresentação globalizante da realidade social. Para essa concepção, a unidade de socialização (em particular, da socialização escolar) aparece não como dado e sim como produto do trabalho dos atores.
No seio desse processo, a noção de "papel" torna-se essencial. Em razão da diversidade dos subsistemas sociais, os indivíduos devem adquirir competências múltiplas para fazer frente à diversidade das ações que são obrigados a desempenhar. A socialização conduz a uma individualização crescente à medida que cada indivíduo faz parte de círculos de ação diferentes: a individualização é, então e sempre, um corolário direto da diferenciação (Simmel, 1986; 1989). As estruturas sociais se dividem à medida que se especializam e o ator é guiado por valores cada vez mais universais, suscetíveis de se aplicar a uma multidão de casos particulares. Os códigos são substituídos por orientações de ação internalizadas, por sentimentos e convicções.
4. A quarta família de teorias insiste sobre a separação radical da subjetividade dos atores e dos grandes princípios de integração societal. É notadamente o caso da teoria geral dos sistemas de Luhmann, na qual a diferenciação funcional organiza os processos de comunicação em torno das funções especiais, necessárias e independentes. A ordem social não é mais estabelecida a partir da sociedade e de maneira hierárquica, mas a partir de cada sistema parcial (político, administrativo, religioso, econômico...) de acordo com as redes comunicacionais, sempre conjunturais. Neste quadro, o sujeito perde toda consistência real e torna-se "produto" do princípio funcional de redução da complexidade, verdadeiro guia dos sistemas sociais. Cada subsistema social, regido por um programa "identitário" fechado, se adapta às perturbações vindas do exterior que, no entanto, não modificam o programa inicial. A complexidade da sociedade moderna obriga, segundo Luhmann, à renúncia do estudo da vida social a partir de sujeitos individuais e leva a centrar a análise nos subsistemas, únicos "atores" verdadeiros. Em uma concepção deste tipo, o sujeito é fragmentado e definido pela sua distância em relação aos sistemas sociais dos quais ele é apenas o contorno, e a socialização tem um papel menor enquanto princípio de ordem social no seio de-um único subsistema social.
Contudo, existe também uma ampliação do domínio do espaço urbano para além do bairro, principalmente para aqueles jovens integrantes de grupos culturais. É comum a realização de eventos como apresentações, shows, festas ou até mesmo reuniões, seja no centro da cidade, seja em alguma região mais distante. Mesmo com a falta de dinheiro e a dificuldade do transporte, esses momentos não deixam de significar um desafio lúdico, capaz de trazer prazer e alegria. Podemos dizer que esses jovens produzem territorialidades transitórias, afirmando por meio delas o seu lugar numa cidade que os exclui. São nesses tempos e espaços que criam o seu cotidiano, encontram-se, dão shows, divertem-se, perambulam pela cidade, reinventando temporariamente o sentido dos espaços urbanos (Herschmann, 2000).
A sala de aula também torna-se um espaço onde é visível a tensão entre o ser jovem e o ser aluno. Nela ocorre uma complexa trama de relações de alianças e conflitos entre alunos e entre estes e os professores, com imposições de normas e estratégias individuais e coletivas de transgressão. Nesse cotidiano, o jovem aluno vivencia a ambigüidade entre seguir as regras escolares e cumprir as demandas exigidas pelos docentes, orientadas pela visão do "bom aluno", e, ao mesmo tempo, afirmar a subjetividade juvenil por meio de interações, posturas e valores que orientam a ação do seu grupo. Essa tensão revela a busca do jovem em integrar-se ao sistema e, ao mesmo tempo, afirmar a sua individualidade, como sujeito, utilizando as mais variadas estratégias. Nesse processo, novos scripts sociais estão sendo criados e executados pelos jovens alunos, em meio ao conjunto das interações que ocorrem na escola. Em meio à aparente desordem, eles podem estar anunciando uma nova ordem que a instituição escolar ainda insiste em negar.
Escola: espaço de socialização que permite à criança sonhar e realizar. | Foto: ... Para isso, o objetivo pedagógico precisa estimular a autoestima e as competências sociais e emocionais da criança, pois assim ela será capaz de superar os desafios da vida ao mesmo tempo em que ajuda a construir um mundo melhor.
Assim, a escola tem como função social sistematizar e disse- minar os conhecimentos historicamente elaborados e compartilha- dos por uma determinada sociedade. Por isso, os processos educati- vos em geral, e, principalmente, aqueles que ocorrem em seu interi- or, constituem-se em dinâmicas de socialização da cultura.
A escola, segundo a LDB, tem como função social formar o cidadão, e, desse modo, garantir as finalidades registradas no artigo 22: “A educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhes meios para progredir no trabalho e ...
7 Maneiras de exercer cidadania
Resposta. Resposta: Através da criação de novos meios de acessibilidade e educação à todas as pessoas, seja com uma baixa renda salarial ou seja portadora de alguma doença física, usando novas formas de engajamento social ou individual haverá uma cidadania boa a todos, sem exclusão.
Resposta: Uma das formas mais eficazes para a expansão da cidadania seria a educação, formar pessoas conscientes de seu papel na sociedade e capazes de pensar de forma crítica sobre os meios de resolução dos problemas que enfrentamos em sociedade , seria uma das maneiras de expandir a cidadania.
Cidadania também é interpretado como a condição de uma pessoa como membro de um Estado-Nação. ... Assim, a cidadania brasileira, por exemplo, está relacionada com o indivíduo que está ligado aos direitos e deveres que estão definidos na Constituição do Brasil.