Porque No Usar Animais Em Pesquisas Cientficas?

Porque no usar animais em pesquisas cientficas

Nos últimos anos, a discussão sobre o uso de animais em testes e pesquisas ganhou grande visibilidade. Muitas pessoas se perguntam: “Por que os cientistas ainda utilizam animais em experimentos e pesquisas?” ou “Por que não substituímos todos os testes em animais por métodos alternativos?”

Mas essa não é uma escolha pessoal do cientista e sim uma necessidade da pesquisa. Cada pesquisa tem suas peculiaridades que definem se é possível ou não substituir o uso de animais. A maioria das pesquisas que investigam mecanismos ou respostas fisiológicas não podem ser avaliadas em modelos isolados, sem interação entre diferentes tipos celulares. 

Porque ainda usamos animais em pesquisas científicas?

Evitar a dor/sofrimento em seres sencientes é indispensável em qualquer pesquisa a fim de manter o bem estar animal. Além disso, os animais são a parte mais importante de uma pesquisa e o seu bem-estar é fundamental para obtenção de resultados confiáveis, reprodutíveis e corretos. O estresse e a dor causam alterações fisiológicas e comportamentais nos animais que afetam diretamente os resultados da pesquisa e por isso devem ser evitados e minimizados a todo custo.

A utilização de animais para fins científicos configura prática histórica na civilização humana, mas gera polêmica em sociedades preocupadas com proteção dos animais. No Brasil, até 2008, não havia norma ou lei que regulamentasse especificamente a experimentação animal. Este trabalho discute a utilização de animais em experimentos científicos, considerando o delineamento da Lei Arouca, por meio da leitura de artigos científicos que contemplam o histórico da experimentação no contexto mundial e brasileiro, incluindo a regulamentação do uso de animais do filo Chordata, subfilo Vertebrata, em pesquisas no Brasil. A Lei Arouca pode representar avanço na legislação brasileira quanto à utilização de animais para fins científicos, sobretudo pela criação das comissões de ética para uso de animais em instituições de pesquisa e do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal, que examinam o cumprimento da legislação aplicável em projetos científicos que envolvem a utilização de animais.

Comissão Ética do Uso de Animais (CEUA): Cada instituição de pesquisa/ensino possui a sua CEUA, que é responsável por autorizar e fiscalizar toda a experimentação animal na instituição. Dessa forma, um pesquisador que deseja iniciar um estudo com animais precisa elaborar um projeto e submetê-lo para aprovação na CEUA. A tabela abaixo contém algumas das informações que precisam ser detalhadas para a CEUA.

Em entrevista, membros da Comissão de Ética no Uso de Animais esclarecem etapas dos processos de experimentação animal

Em entrevista, membros da Comissão de Ética no Uso de Animais esclarecem etapas dos processos de experimentação animal

Usar animais em alguns tipos de pesquisas ainda é uma necessidade, mas manter o seu bem-estar é uma obrigação dos pesquisadores e da instituição! Ao contrário do que muitos pensam, um biotério não é sinônimo de sofrimento ou estresse animal. Não é e nem pode ser!

O uso de animais em pesquisas é relatado desde a Antiguidade. Inicialmente não existiam regras ou legislações para essa utilização. Mas ao longo do tempo, foi ficando cada vez mais evidente que a ética e o bem-estar animal deveriam ser prioridades, e que qualquer pesquisador que utiliza animais precisa seguir regras e legislações que priorizem o bem-estar animal para ter seus resultados aceitos. Por isso, hoje a grande questão não é se “a experimentação animal é certa ou errada?” mas sim “quando ela é necessária?” e “que regras ela deve seguir?”. 

Seria perfeito se pudéssemos substituir toda a experimentação animal por métodos alternativos como os testes in vitro, os organóides, sistemas microfluídicos (organ-on-a-chip) ou testes in silico (simulação computacional). No Brasil, em 2012, foi criada a Rede Nacional de Métodos Alternativos (RENAMA), com o objetivo de estimular o uso desses métodos alternativos. Em alguns testes, como os realizados em cosméticos, produtos de higiene pessoal e limpeza, essa substituição já é possível e determinada pela legislação.

Experimentação animal: certo ou errado?

  – Estudos de programação metabólica: Nesse tipo de estudo, os pesquisadores avaliam como alterações durante a gestação ou lactação influenciam o desenvolvimento da prole (filhotes). Foram estudos como esse que identificaram, por exemplo, que o aleitamento materno até os 6 meses de idade é fundamental para o adequado desenvolvimento da prole. Atualmente, é impossível mimetizar os períodos de gestação ou lactação in vitro!

Esses questionamentos são válidos e coerentes. Mas infelizmente a ciência ainda não pode substituir a experimentação animal por métodos alternativos em todas as situações. Neste texto, apresentamos exemplos de pesquisas que necessitam do uso de animais e quais os órgãos e legislações que regulamentam a experimentação animal no Brasil, garantindo o bem-estar animal e a ética na pesquisa.

Toda pesquisa depende do bem-estar animal

Toda pesquisa depende do bem-estar animal

O Profissão Biotec é um coletivo de pessoas com um só propósito: apresentar o profissional de biotecnologia ao mundo. Somos formados por profissionais e estudantes voluntários atuantes nos diferentes ramos da biotecnologia em todos os cantos do Brasil e até mesmo espalhados pelo mundo.

Estudos transgeracionais ou epigenéticos: Nesses estudos são avaliados se uma determinada característica é transmitida de geração em geração. Em roedores (modelos mais utilizados na experimentação animal), a gestação dura em média 25 dias, e aos 60 dias de vida (em média) os animais já estão em idade reprodutiva e podem originar uma nova geração. Ou seja, no período de 1 ano podemos avaliar diversas gerações! Mas imagine como seria difícil realizar essa mesma análise em humanos: considerando que a gestação dura 9 meses e que os humanos chegam à idade reprodutiva por volta dos 20-25 anos, quantas décadas precisaríamos para completar um estudo? 

The use of animals for scientific purposes is a historical procedure in human civilization, but is controversial for societies concerned with the protection of animals. In Brazil, until 2008, there was no rule or law that specifically regulated animal testing. This paper discusses the use of animals in scientific experiments, considering the Brazilian Arouca Law, through the analysis of scientific articles that consider the history of experimentation in the world and in Brazil, including the regulation of the use of animals of the phylum Chordata, subphylum Vertebrata, in Brazilian research. The Arouca Law may represent an advance in Brazilian law regarding the use of animals for scientific purposes, particularly given the creation of the Ethics Committees for Animal Use in research institutions and the National Council for Animal Experimentation Control, which examine the compliance of scientific projects involving the use of such animals to applicable law.

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Avaliação de toxicidade reprodutiva (reprotox) e carcinogênese: Os estudos reprotox e de carcinogenicidade indicam se  a substância/droga/medicamento avaliado interfere de alguma forma na reprodução de mamíferos (tanto machos quanto fêmeas) ou no desenvolvimento de tumores, respectivamente. Dessa forma é possível estabelecer as doses e  tempos de exposição mais seguros, evitando efeitos colaterais prejudiciais à saúde humana.

Seguir as normas da CEUA e a legislação vigente não é uma opção do pesquisador e sim um dever! A legislação brasileira prevê pena de reclusão, multa ou suspensão das atividades de pesquisa, de acordo com a infração cometida.

Publicações Recentes

  – Desenvolvimento de vacinas ou medicamentos: Parte dos testes pré-clínicos realizados na pesquisa sobre uma vacina ou medicamento precisam ser realizadas em animais para avaliação dos efeitos fisiológicos gerais, dos possíveis efeitos colaterais e da segurança/eficácia. Por exemplo, um medicamento para uma doença neurológica pode ter efeitos em outros sistemas como o renal ou cardíaco. Qualquer substância, ao ser introduzida no nosso organismo, pode interagir com diferentes tipos celulares, gerando diferentes efeitos, em diferentes tecidos. E esses efeitos só podem ser observados/estudados em um organismo vivo, onde exista a interação entre diferentes tecidos e células.

A CEUA avalia a relação custo (sofrimento animal) versus benefício (qual a relevância dos resultados da pesquisa), sempre considerando que em qualquer pesquisa existem fatores que impactam a qualidade de vida do animal, seja por sua manipulação ou pelo fato do animal viver em um habitat não natural. Após avaliação da CEUA, se todas as justificativas estiverem de acordo com a legislação e o conceito dos 3R´s, o projeto é autorizado. Ainda assim, a CEUA continua avaliando o desenvolvimento da pesquisa e pode suspender essa autorização a qualquer momento caso alguma regra seja descumprida.

Em 1959, os pesquisadores William Russel e Rex Burch iniciaram um movimento para proteção animal, e a partir dele foi estabelecido o conceito dos 3R´s: Reduction (Redução – reduzir ao máximo o número de animais usados nos experimentos); Refinement (Refinamento – minimizar a dor e o estresse durante todo o experimento) e Replacement (Substituição – sempre que possível substituir o uso de animais por métodos alternativos). Desde então, toda experimentação animal deve ser baseada nesse conceito.

Conceito dos 3R´s

A legislação brasileira tem avançado, embora lentamente, quanto à preocupação de regulamentar a utilização de animais em práticas didáticas ou científicas, e certamente a Lei Arouca pode ser considerada parte desse avanço. Na verdade, a vigência da atual legislação para criação e utilização de animais voltadas a ensino e pesquisa impõe limites à prática, levando em consideração, o máximo possível, a proteção dos animais, visto que preconiza o planejamento do experimento a fim de se utilizar o menor número possível de animais e evitar estresse, dor ou sofrimento desnecessários.

É importante que todos nós estejamos atentos aos direitos dos animais e a manutenção do seu bem-estar, mas também é fundamental compreendermos que grande parte dos avanços científicos ainda dependem da experimentação animal. Quando realizada com respeito, ética e responsabilidade, a experimentação animal traz benefícios incontestáveis para a ciência e para a sociedade.

Qual a importância do uso de animais em pesquisas científicas?

Os animais servem como uma ferramenta para entender seus efeitos no organismo. Por lei, medicamentos devem passar por diversos testes in vivo, ou seja, com seres vivos, antes da sua aprovação. Para descobrir se uma droga é segura e eficaz, inicialmente é testada em animais e só depois em humanos.

Para que serve a experimentação animal?

1) Para que serve a experimentação animal? A utilização de animais em atividades de pesquisa científica está relacionada ao desenvolvimento de novos medicamentos ou vacinas, bem como a procedimentos que levem a um melhor entendimento de determinada doença ou da interação do agente em determinado organismo.

O que é cobaias animal?

Cobaia. Substantivo feminino. 1. Roedor sul-americano da família dos caviídeos (Cavia porcellus), encontrado atualmente apenas como animal doméstico, e que, há séculos, vem sendo usado em todo o mundo em experimentos laboratoriais; porquinho-da-índia, preá, preá-da-índia.

O que os cientistas fazem no laboratório com animais e plantas?

Animais de Laboratório são animais criados ou mantidos em Biotério para uso exclusivo em experiências científicas e teste para comprovar a eficiência de produtos tais como as vacinas, medicamentos, cosméticos e etc... ... Mas quando eles não podem ser substituídos, os pesquisadores têm alguns cuidados com estes animais.

Quais produtos são testados em animais?

Então, se liga nessa listinha com alguns dos produtos que não são amigos dos animais e suas alternativas eco-friendly na mesma faixa de preço:

  1. Salgadinho. JunkFoodVegan Brasil - Facebook.
  2. Achocolatado. ...
  3. Esmalte. ...
  4. Bolacha (ou biscoito) ...
  5. Pó facial. ...
  6. Enxaguante bucal. ...
  7. Achocolatado pronto. ...
  8. Creme para pentear.

Como saber se uma marca faz teste em animais?

Para identificar se um produto não faz teste em animais é indicado sempre se atentar ao seu rótulo, em que deve conter um selo cruelty free. A ONG Projeto Esperança Animal (PEA) é uma referência de cruelty free no Brasil, pois atualizam o site com listas de empresas que não fazem teste em animais.

Quais as marcas de cosméticos que fazem testes em animais?

Marcas Brasileiras Amigas dos Animais

Quais marcas de cosméticos não fazem testes em animais?

  • Foto: Shutterstock. EUDORA. ...
  • Foto: Shutterstock. IMPALA. ...
  • Foto: Shutterstock. THE BEAUTY BOX. ...
  • Foto: Reprodução/Facebook Granado Pharmácia. GRANADO. ...
  • Foto: Reprodução/Facebook Vult Cosmética. VULT COSMÉTICA. ...
  • Foto: Shutterstock. PHYTOERVAS. ...
  • Foto: Shutterstock. NATURA. ...
  • Foto: Reprodução/Facebook Quem Disse Berenice. QUEM DISSE BERENICE.

Quais as marcas de cosméticos?

As 20 marcas de beleza mais valiosas do mundo

  1. O valor da beleza.
  2. Olay - US$ 11,71 bilhões.
  3. L'oreal - US$ 8,7 bilhões.
  4. Neutrogena - US$ 6,94 bilhões.
  5. Nivea - US$ 5,84 bilhões.
  6. Lancôme - US$ 5,51 bilhões.
  7. Avon - US$ 5,17 bilhões.
  8. Dove - US$ 4,24 bilhões.

Qual método alternativo eu posso usar para testar um Cosmetico tópico?

Os métodos modernos de teste incluem exames sofisticados usando células e tecidos humanos (o chamado "in vitro"), técnicas de modelagem de computador avançadas (conhecidas como modelos "in silico"), e estudos com voluntários humanos.