Graça é um favor ou uma benevolência que não merecemos. Por isso a teologia apresenta a definição clássica de graça como “favor imerecido”. Isso quer dizer que a graça de Deus é algo que recebemos d’Ele sem que tivéssemos o direito de receber.
Mas por outro lado, a graça é algo ofertado a alguém que não merece receber nada. Enquanto a justiça é devida, a graça é simplesmente dada espontaneamente. Isso quer dizer que a graça não é uma retribuição justa por algo realizado, mas é um presente; é um favor não conquistado com base em méritos prévios. Esse contraste nos ajuda a entender o contexto bíblico da graça de Deus.
Por fim, o terceiro efeito é o de colocar nas nossas almas as virtudes infusas e os dons do Espírito Santo. A virtude, em geral, é definida como hábito que aperfeiçoa as faculdades da alma e faz com que elas atuem retamente. Essas virtudes podem ser Teologais e Morais. As teologais, como sabemos, são: fé, esperança e caridade. E as morais, são: prudência, justiça, fortaleza e temperança10.
Já falamos que a definição de graça é “favor imerecido”. De acordo com esse conceito, o significado de graça se distingue radicalmente do significado de justiça. Isso porque a justiça é essencialmente algo merecido. A justiça fala de uma retribuição sob um padrão de mérito. Em outras palavras, a justiça é merecida ou conquistada através de obras e condutas que foram observadas previamente por alguém.
Essa era justamente a nossa situação. Éramos escravos do pecado e não tínhamos como pagar a nossa dívida. Então quando Cristo veio ao mundo para resgatar pecadores miseráveis que mereciam o inferno, a palavra graça assumiu o seu significado mais pleno.
No Novo Testamento, “graça” é uma palavra de importância central de fato, é a palavra-chave do cristianismo. Graça é aquilo sobre o que o Novo Testamento versa. O Deus exposto ali é “o Deus de toda a graça” (1Pe 5.10); ali, o Espírito Santo é “o Espírito da graça” (Hb 10.29); e, todas as esperanças ali expostas apoiam-se sobre a “graça do Senhor Jesus” (At 15.11), aquele Senhor que sustentou Paulo com esta certeza: “A minha graça te basta” (2Co 12.9). No dizer de João, “a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (Jo 1.17); e, as novas acerca de Jesus são chamadas de “o evangelho da graça de Deus” (At 20.24). A crença dos apóstolos na realidade e centralidade da graça era tão forte que os levou a criar um novo estilo de carta. Ao invés do convencional “Salve!”, a saudação inicial de todas as treze cartas de Paulo toma a forma de uma oração por “graça e paz” ou por “graça, misericórdia e paz”, da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo, invocadas sobre os seus leitores. E, ao invés do usual “adeus”, cada carta termina com outra oração, rogando “a graça do Senhor Jesus Cristo”, ou simplesmente “graça”, sobre cada crente. Tanto as cartas de Pedro como a de Judas e o Apocalipse têm saudações similares (cf. 2Jo 3); e, Hebreus e Apocalipse têm formas semelhantes de encerramento, enquanto que a segunda carta de Pedro termina com um apelo: “Crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2Pe 3.18). Tudo quanto é dito nessas cartas, entre a saudação e a bênção final, ilustra a verdade que, para os apóstolos, a graça era o fato fundamental da vida cristã.
A graça, como falado anteriormente, é auxílio para o homem chegar ao seu fim último, que é a visão beatífica, mas também confere a ele forças próprias na caminhada cristã. Essas forças serão apresentadas aqui como forças morais e forças físicas de ordem espiritual.
Quando falamos sobre o que é graça e o seu significado bíblico, geralmente temos em mente a salvação. A Bíblia ensina a salvação pela graça mediante a fé. Essa graça que salva normalmente é chamada na teologia de graça salvadora.
Porém, sabemos que a justiça recompensa o inocente e castiga o culpado. O problema é que a Bíblia diz que não há um único homem justo, pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus (Romanos 3). Então diante de Deus todos os homens são transgressores que merecem receber o peso da justiça divina.
Então nesse ponto encontramos Cristo nos mostrando o que de fato é a graça de Deus. O que aconteceu foi que o erro dessas pessoas culpadas foi punido na pessoa de Cristo; a dívida dessas pessoas alienadas foi colocada na conta de Cristo e quitada integralmente por Ele. Nesse sentido, a obra expiatória de Cristo é a maior expressão da graça de Deus.
Um outro efeito da graça santificante é o de nos fazermos irmão de Cristo, co-herdeiros com Ele. É o que São Paulo escreve na epístola aos Romanos: “E se somos filhos, somos também herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo” (Rm 8,17). Esse segundo efeito é “consequência” do primeiro, pois, o mesmo transformou a nossa natureza em divina. Com isso, o Pai nos olha com o mesmo olhar que tem para com o seu Filho8. Para que aconteça a adoção divina, tornando-nos assim seus filhos, são necessárias duas realidades. A primeira: que haja semelhança entre o adotante e o adotado – realizado no primeiro efeito –, a graça nos dá a semelhança da natureza divina. A segunda: que o adotado seja inserido na família do adotante – realizado no segundo efeito –; a graça nos faz sermos da família de Deus9.
Com frequência se diz, com toda a razão, que a salvação é o tema do Novo Testamento. Porém, a salvação neotestamentária é pela graça de Deus, do começo ao fim (Ef 2.5, 8); é a graça de Deus que nos dá a salvação (Tt 2.11), e a finalidade da salvação é louvor da glória da graça de Deus (Ef 1.6). Ao que parece, quando corretamente compreendida, essa palavra “graça” contém em si mesma toda a teologia do Novo Testamento. A mensagem do Novo Testamento é simplesmente o anúncio de que a graça veio aos homens através de, e em, Cristo, juntamente com o apelo da parte de Deus para que eles recebam-na (Rm 5.17; 2 Co 6.1), conheçam-na (Cl 1.6) e não a frustrem (Gl 2.21), mas perseverem nela (At 13.43), porquanto “a palavra de sua graça tem poder para vos edificar e dar herança entre todos os que são santificados” (At 20.32). A graça é o sumário e a substância da fé do Novo Testamento.
Os cookies funcionais ajudam a realizar certas funcionalidades, como compartilhar o conteúdo do site em plataformas de mídia social, coletar feedbacks e outros recursos de terceiros.
Mas o favor de Deus para com os homens também pode ser visto em outras instâncias e não somente nas questões da salvação. Esse tipo de favor mais geral de Deus estendido à humanidade é chamado de graça comum. Em todos esses sentidos, porém, a graça de Deus jamais é o cumprimento de uma exigência, mas sempre é uma prerrogativa divina.
Quanto às forças físicas de ordem espiritual, essas são entendidas como que uma ajuda realizada pela graça, para que o homem possa realizar atos que, por si só, seriam impossíveis. Assim, Deus nos socorre com a Sua graça não só em aspectos morais, e sim por forças espirituais, é assistência para atos salutares4. Essa ajuda pode ser entendida nas Sagradas Escrituras: “Não como se fôssemos dotados de capacidade que pudéssemos atribuir a nós mesmos, mas é de Deus que vem a nossa capacidade” (2Cor 3,5). E, ainda, pode-se notar: “pois é Deus quem opera em, vós o querer e o poder, segundo a sua vontade” (Fl 2,13).
Por isso é muito apropriado que a Bíblia fale da salvação em termos econômicos, ou seja, ela fala que o crente foi redimido por Cristo. Redenção diz respeito a um pagamento. Ser redimido significa basicamente ser comprado. Nos tempos antigos esse termo às vezes era empregado para se referir à libertação de um escravo mediante um pagamento oferecido por um redentor.
Em nosso tempo, pouco se fala da graça divina em seus importantes aspectos. Quando se escuta sobre a graça é de forma geral e de uma maneira abrangente, sem dar àquele que escuta uma dimensão de valor desse aspecto da vida de todo cristão.
Mas engana-se quem pensa que a graça de Deus anula a sua justiça. O fato de Deus agir graciosamente para conosco não significa que sua justiça fica insatisfeita. Para entendermos isso precisamos olhar para como a graça de Deus é revelada em Cristo.
Para entendermos o que é a graça santificante e seus efeitos, veremos a definição que o Teólogo Royo Marin dá para graça santificante, esse diz assim: “A graça santificante pode ser definida como um dom sobrenatural infundido por Deus em nossas almas, para nos dar uma participação verdadeira e real de sua própria natureza divina, fazermos seus filhos e herdeiros da glória”.5 A partir dessa definição, iremos, agora, entender os efeitos da graça santificante na alma do homem que por ela é justificado.
Na Bíblia, a palavra “graça” traduz alguns termos originais hebraicos e gregos. Por exemplo: no Antigo Testamento a palavra hen indica um favor não merecido recebido de alguém que está numa posição superior. Ainda no Antigo Testamento, o termo hesed é outro termo usado no texto hebraico para falar da benevolência distribuída entre pessoas que estão num relacionamento.
substantivo feminino Oferta ou favor que se oferece ou se recebe de alguém; dádiva. [Por Extensão] De graça. Aquilo que se faz ou se recebe de modo gratuito, sem custos; cujo preço não é alto; que não possui motivo nem razão: fui ao cinema de graça; comprei um computador de graça; bateram-me de graça!
No decorrer dos textos bíblicos podemos encontrar a graça como atributo divino, um bem precioso de Deus para os seus filhos; como manifestação da vinda do Messias, onde pela graça Jesus Cristo trouxe ao povo a salvação; ou mesmo como gratidão e louvor do povo a Deus, num ato de dar graças àquele que os criou.
A palavra graça em hebraico é חֲסָדִים (Chesed) - algumas vezes será CHEN חֵן. A palavra Chen é composta pelas letras chêt e num. A letra chêt significa "cercado, progeção" e a letra num representa "vida". Então a palavra "CHEN" (junção de chen com num) forma a frase "Aquilo que protege sua vida".
É a sigla para o Serviço Internacional para Renovação Carismática Católica. A palavra é grega e significa "graça" e "carisma".
As Graças ou Cárites (translit. no singular Kháris, em grego clássico: Χάρις; no plural Khárites, Χάριτες, em latim Gratiae, 'Graças'), na mitologia grega, são as deusas do banquete, da concórdia, do encanto, da gratidão, da prosperidade familiar e da sorte, ou seja, das graças.