Nesta sexta-feira (1º), Avenida Brasil sai de cena no Vale a Pena Ver de Novo ostentando uma série de recordes batidos em termos de audiência na faixa. A novela de João Emanuel Carneiro fez grande elevação no horário vespertino da Globo e entregava em números raramente vistos para o início da programação noturna da emissora carioca.
Já "Avenida Brasil" (2012), sua sucessora na faixa, teve início arrebatador. O folhetim de João Emanuel Carneiro estreou com 22 pontos na Grande SP (cada ponto equivale a 73 mil domicílios), melhor índice de uma estreia desde 2000 —a praça paulista é considerada o principal mercado publicitário do Brasil.
Foi estranho, diz Marina Ruy Barbosa sobre a experiência de ser testada para ganhar um papel
Se a exibição de Senhora do Destino no Vale a Pena Ver de Novo superou três novelas das 18h nesta década, Avenida Brasil foi além e superou 25% das tramas exibidas nos últimos dez anos no horário das seis da Globo.
Em 6 de dezembro de 2021, a Globo lançou uma segunda faixa de reprises, separada do Vale a Pena Ver de Novo, exibida na faixa das 14h15, entre o Jornal Hoje e a Sessão da Tarde. Voltada para reapresentações de novelas dos horários das 18h e 19h, em formato de "edição especial", a faixa estreou com O Cravo e a Rosa.
De fato, quando foi ao ar em 2012, a "Avenida Brasil" representava na TV o bom momento econômico do Brasil e a ascensão da classe C. Um dos fatos curiosos é que mesmo sendo rica, a família do protagonista Tufão (Murilo Benício) não deixava de morar no subúrbio, no fictício bairro do Divino.
Mas, afinal, o que explica a boa performance das tramas? Para especialistas em TV, a novela de Manoel Carlos, embora seja de 1997, fala sobre um tema universal: o amor de uma mãe pela sua filha. Na história, Helena (Regina Duarte) faz de tudo para proteger a filha, Eduarda (Gabriela Duarte), de qualquer sofrimento.
Ao longo de quase oito meses, o embate entre Nina (Débora Falabella) e Carminha (Adriana Esteves) tomou conta dos fins de tarde da TV brasileira e colocou a produção de 2012 como uma das grandes recordistas da década.
Aos quarenta e cinco do segundo tempo, no entanto, Avenida Brasil foi a escolhida para o lugar da novela de Manoel Carlos e, no último ano da década, superou toda a concorrência e abriu vantagem. Restando ainda um capítulo para terminar, a trama já tem 18,8 pontos de média geral, melhor desempenho desde 2010, quando Alma Gêmea havia alcançado 19,8.
De abril a outubro, período em que "Por Amor" foi exibida, a trama registrou média de 18 pontos no PNT (Painel Nacional de TV) –cada ponto equivale a 254.892 domicílios, segundo Kantar Ibope.
A primeira novela da faixa em HDTV foi Caminho das Índias de 2009. Reprisada entre 2015 e 2016. Em 2017, para se adaptar ao formato 16:9, a novela Senhora do Destino foi a primeira reprise a ser reeditada para o estilo. A novela originalmente gravada em 4:3 SD recebeu um "zoom" para que não precisasse ser exibida com tarjas pretas nas laterais. A partir de 2019, com a reprise de Por Amor, as tramas em 4:3 passaram ter a imagem esticada, sem zoom. Já a partir de 2020, essas produções mais antigas passaram a ser reeditadas mesclando o "zoom" com a imagem mais esticada. A partir de 31 de janeiro de 2022, após o fim da faixa reservada à Malhação, a sessão de reprises ganhou maior duração.
Segundo a Globo, a escolha da novela que será reprisada no Vale a Pena Ver de Novo é resultado de uma negociação que leva em conta condições técnicas da obra, pedidos do público, avaliação artística da direção de dramaturgia e "critérios estratégicos de programação".
Como exemplo, ele cita a história de Orestes (Paulo José), o pai de Eduarda e de Sandrinha (Cecilia Dassi), que é alcoólatra. "É como se ele fosse o nosso vizinho ou um amigo ou parente próximo. O alcoolismo é um problema comum na realidade brasileira e a maneira como ele [Manoel Carlos] descreve isso nos aproxima da história", afirmou.
"As reprises falam direto à memória afetiva do telespectador, mas também são uma oportunidade de conquistar um novo público, que ainda não teve contato com o conteúdo", afirma a Globo, em nota.
As faixas dedicadas a reprises de novelas já eram comuns na televisão brasileira. Também há registros e relatos de que a TV Excelsior já exibiu uma faixa de reprises de novelas com o mesmo nome. Anteriormente, a Globo reprisava as suas novelas em uma faixa vespertina sem nome (que alguns acreditaram se chamar "Senhora Reprise", o que nunca foi verdade), e mais tarde, durante o programa TV Mulher de maneira compacta.
Anteriormente, foi exibido às 13h30, sucedendo o Jornal Hoje. A partir de abril de 1994, passou a ser mais tarde na faixa das 14h. O Vídeo Show passou a ser diário e ocupou o horário imediatamente após o Jornal Hoje. Posteriormente, o horário passaria a ser às 14h30, faixa que ocuparia por praticamente duas décadas.