Quem conta sua história é Luís da Silva, que através de uma narrativa bastante complexa, cheia de divagações, delírios e retornos ao passado, revela sua trajetória, fazendo com que o leitor de certo modo se torne cúmplice de seus pensamentos.
Graciliano — ou Mestre Graça, para os íntimos e também para os admiradores de seu talento como escritor — é um velho conhecido dos que fazem as provas da Fuvest. Sua obra mais conhecida, Vidas secas, figurou a lista de leituras para esse exame por muitos e muitos anos.
Sua profissão inicial era jornalista, e a exerceu por bons anos. A literatura, no entanto, foi uma paixão nutrida por Graciliano desde seus tempos de escola, a qual fez em regime de internato.
Eles até se envolvem e ficam noivos, mas Marina o troca por Julião Tavares, um homem que representa tudo aquilo que Luís mais despreza e inveja, por ser um membro da elite da cidade e desfrutar da boa vida que o narrador nunca pôde ter.
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Mesmo sendo regionalista, pode ser considerado um romance urbano pelo espaço narrativo da cidade de Maceió, capital de Alagoas. No entanto, como o fio condutor é o interior de Luís, ora descreve o presente em Maceió, ora volta-se para seu passado rural.
Em meio à miséria, com péssima condição financeira, não conseguia pagar as próprias contas e vivia rodeado de ratos e de seus fantasmas do passado. Era incapaz de afastar os pensamentos sobre Marina e Julião e as vezes ficava seguindo-os. Chegou até a descobrir que Julião também traia Marina.
É importante, principalmente se você não tiver muito tempo para ler a obra completa, conhecer e se recordar dos aspectos técnicos, que podem te guiar na leitura do resumo do livro Angústia de Graciliano Ramos
“A contragosto do próprio Graciliano, o romance sai com ele ainda na prisão. Inclusive os companheiros de cela fazem uma festa para comemorar dentro do presídio a publicação de Angústia, e ele autografa vários exemplares para seus companheiros, que eram pessoas como Eneida de Moraes, Olga Benário e Aparício Torelly”, conta o professor. “De certo modo é um livro que vem à tona num momento muito crítico da vida brasileira”, acrescenta.
Entretanto, a moça, bastante superficial, gasta todas as economias do noivo em objetos inúteis. Ainda assim, Luís insiste na união e contrai dívidas para que o casamento seja realizado.
Como revisor das notícias, Luís relata que era necessário fazer grandes malabarismos para que as matérias fossem publicadas, devido à censura presente na época. Esse é apenas um exemplo de como o autor inclui críticas ao governo ditatorial da Era Vargas.
Angústia nos traz uma nova e completamente desconhecida faceta do autor. É uma obra altamente psicológica e que instiga reflexões profundas naqueles que a leem. E então, tudo pronto? Vamos começar a análise!
Além de os dias de trabalho serem entediantes, Luís não é tão bem remunerado — vivendo sempre com as contas no vermelho — e ainda sofre explorações por parte do homem que aluga uma casa para que ele possa morar.
Em um primeiro momento, o desfecho da obra pode parecer confuso, mas pelo fato desse ser um “romance circular”, ao voltar ao primeiro capítulo é possível entender de fato o que aconteceu.
A história se passa entre as décadas de 20 e 30. Nosso país passava por uma série de transformações nos mais diversos setores: cultural (a Semana de Arte Moderna ocorreu em 1922), social (com a Revolução de 1930, por exemplo) e econômico (com a crise de 1929 e, no Brasil, a economia cafeeira).
Gostou de saber mais sobre o livro Angústia, de Graciliano Ramos? Agora, que tal conferir uma série de outras videoaulas sobre Literatura? Confira o Cronograma de Estudos Stoodi e se prepare, com os melhores professores, para as provas da Fuvest e de outros vestibulares!
Angústia integra a lista de leituras exigidas para o vestibular da Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular), que seleciona os candidatos a ingressar nos cursos da USP.
Por Marcelo Caldeira Pedroso, professor da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA-USP), Norberto Peporine Lopes, professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP-USP), e Andrea Balan, professora do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP)
“Para Luís da Silva, Julião Tavares, com quem disputa o amor de Marina, representa a burguesia arrivista que ele tanto odeia. É o poder do dinheiro e não mais da posição social herdada. Portanto, há um confronto entre o velho País colonial e o novo País que começava a ser construído a partir da era Vargas”, relata. “O Luís da Silva é uma espécie de desambientado em Maceió, porque ele vem dessa oligarquia rural e decadente, que faz ressoar a biografia do próprio Graciliano, que também é um ramo empobrecido da oligarquia nordestina”, comenta o professor.
Para os vestibulandos, o conselho do professor é não ler só o resumo do livro. “Costumo dizer que a literatura é um gesto civilizatório, uma janela para o mundo, uma forma de se entender e de entender o que está à nossa volta. Portanto, nenhum resumo é capaz de dar conta de uma narrativa tão bem apurada como é Angústia e como são todas as obras de Graciliano. Vale a pena a leitura, e mais do que isso, não só do ponto de vista escolar, para o exame de vestibular, mas principalmente para aquilo que a narrativa pode descortinar sobre o Brasil.”
Angústia é um romance narrado em primeira pessoa. Nele, nos aprofundamos na mente nos pensamentos de Luís da Silva, que nos conta sua trajetória a partir de narrações sobre o presente e com muitos flashbacks, dispostos sem uma ordem cronológica bem definida ao longo da obra.