Quem So Os Oprimidos Paulo Freire?

Quem so os oprimidos Paulo Freire

O educador Paulo Freire contribuiu para a área de estudo da Educação Brasileira, trazendo estudos que abordam a educação como um caminho para a liberdade do oprimido. Assim, a obra selecionada para análise neste estudo intitula-se “Pedagogia do Oprimido”, publicada em 1987, com uma abordagem e perspectiva educativa e social, não apenas para educadores e pedagogos, mas para aqueles que pesquisam o comportamento humano, contribuindo para uma melhor evolução em ambos os aspectos. Ressalta-se que a questão problema constitui-se na seguinte pergunta: como o oprimido pode assumir o papel de opressor e vice-versa dentro da relação educador e educando? Assim, este artigo tem como objetivo analisar a obra Pedagogia do Oprimido, realizando uma discussão, acerca do que é um ser oprimido e como ele também pode se comportar como um opressor, trazendo uma nova visão de mundo em todas as relações, e principalmente na relação pedagógica entre educador e educando. Com relação à metodologia, este artigo está pautado em uma revisão bibliográfica de fontes que possam dialogar com a obra de Paulo Freire, propondo uma discussão acerca do conteúdo da obra. Ao analisar as fontes selecionadas, bem como a discussão elaborada, os principais resultados destacados abordam o tradicionalismo que ainda é muito frequente na relação educador e educando, visto que, o primeiro é colocado como detentor de todo saber, sem que haja espaço para interação, prejudicando o processo ensino-aprendizagem. Dessa forma, foi possível concluir que, o oprimido pode, facilmente, assumir o papel de opressor e vice-versa, devido às complexidades das relações interpessoais e fatores externos, sendo necessária a quebra de paradigmas por parte dos educadores, dando maiores oportunidades para a construção de uma relação de confiança e não apenas pautada no tradicionalismo opressor do personagem educador como superior ao seu aluno.

Biblioteca da Faculdade de Letras UFRJ

This article describes the characteristic elements of the pedagogy of the oppressed, highlighting the key pedagogical mediations involved in the so-called Paulo Freire’s Method, which is systematized as an Analytical Model at the end of the text. To do so, we have focused on the socio-pedagogical experiences developed by social movements, understanding them as strategies of formation. This study is the result of more than fifteen years of academic investigation along with social movements from Brazil and Argentina. From this perspective, we conducted a bibliographic review of Freire’s major work, Pedagogy of the oppressed, herein described in two parts: the Complex of the Oppressed and the Dialogical Circuit, as a synthetic reading offered of Freire’s pedagogical proposal. Our objective is to develop a more comprehensive knowledge about these formation processes, promoting the educational experiences of the social movements, and spread Paulo Freire’s thinking.

ZITKOSKI, Jaime José. A pedagogia freireana e suas bases filosóficas. In: SILVEIRA, Fabiane Tejada da; GHIGGI, Gomercindo; PITANO, Sandro de Castro (org.). Leituras de Paulo Freire: contribuições para o debate pedagógico contemporâneo. Pelotas: Seiva Publicações, 2007. p. 229-248.

Ressalta-se que, todo o esforço exercido pelos opressores seria para garantir a permanência do antidialógico, ou seja, a permanência do opressor no comando das ações e pensamentos do oprimido. Dessa forma, Freire enfatiza a difícil realidade em que os oprimidos estão inseridos, afirmando a necessidade que os opressores têm em permanecer na busca para que os oprimidos não saiam dos seus domínios, impedindo-os de pensarem. Conforme Antunes et al. (2018, p. 4) na obra Pedagogia do Oprimido, o autor destaca a maneira de pensar dos oprimidos que não se dão conta da opressão, não manifestando reações de luta pela liberdade, mantendo os opressores em suas posições de domínio.

Elenice Maria de Oliveira e Silva


Elenice Maria de Oliveira e Silva

Nessa ótica, vemos a pedagogia do oprimido como uma disputa entre estratégias de formação do opressor e do oprimido, que se joga entre a (auto)resignação individual e o (auto)exercitamento da organização coletiva. Seu resultado pode ser tanto o autodisciplinamento perante a adesão cultural quanto a emergência de uma (auto)didática do exercitamento grupal, dirigida à apropriação de uma situação problemática vivida.

Dessa forma, Zitkoski (2007, p. 23) destaca-se que, diante da teoria antidialógica abordada por Freire, entende-se que, conforme os oprimidos passam mais tempo mantidos sob controle e distantes uns dos outros, mais fáceis será de aliená-los e controlá-los. Assim, diante de uma ameaça à classe dos opressores, mesmo com interesses diferentes e com divergências entre si, observa-se a oportunidade de união para garantir a qualquer preço que os oprimidos não se posicionem contra eles.

Em muitos aspectos a Pedagogia do oprimido apareceu como alguma coisa nova na produção intelectual de Paulo Freire. Em seus trabalhos anteriores, as análises e reflexões assentavam nas experiências e vicissitudes vividas no Brasil. A comunicação apresentada ao Segundo Congresso Nacional de Educação de Adultos, em 1958, propunha a discussão sobre o analfabetismo a partir do exame das condições de vida da população dos mocambos do Recife. No ano seguinte, o trabalho apresentado ao concurso de cátedra na Escola de Belas Artes de Pernambuco, intitulado Educação e atualidade brasileira e, logo depois, o artigo sobre a “Escola Primária para o Brasil”, de 1961, cuidavam do diagnóstico e da crítica das instituições escolares aqui existentes, como fundamento de propostas das mudanças exigidas por um país em processo de transição para a modernidade capitalista. O artigo de 1963, na Revista de Estudos Universitários da Universidade do Recife, já explicitava, no próprio título, “Conscientização e alfabetização: uma nova visão do processo”, as características principais do método Paulo Freire de alfabetização de adultos. As populações desfavorecidas, a inadequação das instituições e das práticas da educação acessível aos pobres, o autoritarismo da dominação oligárquica e as novas perspectivas de emancipação popular, potencialmente embutidas na modernização capitalista, assim como as críticas e as propostas inovadoras apresentadas para a prática educacional apareciam como aspetos privilegiados nas análises e reflexões do educador. O livro Educação como prática da liberdade, embora concluído no Chile, ainda aparecia como um acerto de contas com as realidades vividas no Brasil.

A AUTODESVALIA

Acrescenta-se aqui outra diferença significativa entre esse livro e os trabalhos anteriores. As análises e reflexões do educador exprimem-se, agora, em termos bem mais afirmativos e radicais. Mesmo quando formuladas sob generalizações de amplo espectro de abstração, as críticas à ordem social geradora e mantenedora da opressão são radicais e rigorosas. Entende-se perfeitamente a rejeição despertada pelos manuscritos da Pedagogia do oprimido entre as facções conservadoras da democracia cristã chilena.

A conduta dos oprimidos está prescrita pelos opressores quando se tem como finalidade alcançar o nível de vida do opressor, encarnando-se para essa conquista (que raramente se efetiva) os valores e a conduta das classes ricas. No entanto, o oprimido invadido pela moral e pela condição desejante do opressor atua de maneira contraditória com a sua própria realidade, pois a incorporação dos valores e da conduta das classes ricas como meio para alcançar certo padrão almejado de vida não se mostra coerente com a sua situação existencial concreta. Assim, a adesão cultural conduz à inautenticidade do ser invadido, pois a sua conduta não condiz com a sua realidade. E, nesse processo de adaptação à cultura alheia que recebem as populações invadidas, coloca-se sob ameaça a sua originalidade cultural.

The article introduces one of Paulo Freire’s most important and best known books. The author analyzes in depth the context and the issues from which emerge the central ideas of the proposals for a popular education committed to the needs of the poorest.

Instituto Paulo Freire

<strong>Instituto Paulo Freire</strong>

Freire (1987) destaca que impor a metodologia tradicional, bem como seus processos de narração, transformam os alunos em indivíduos, moldados para receber aquilo que o professor deposita, elevando a posição do educador, dando continuidade na relação opressor e oprimido. Abaixo, Freire aborda mais a fundo o método tradicional e seus efeitos no processo ensino-aprendizagem:

No processo de investigação, quando os indivíduos problematizam sua conduta no mundo, eles reconhecem suas próprias características e propriedades singulares. Quanto mais se problematizam, mais vão se reconhecendo, identificando-se nele. E, à medida que percebem que estão se reconhecendo no processo de problematização, erige-se um movimento no qual o indivíduo se engaja, pois a sua compreensão resultante torna-se crescentemente crítica, com base na conexão que ele faz de sua situação problemática com outras relativas. Daí a relação entre reconhecimento e compromisso na pedagogia do oprimido:

Dessa forma, esta proposta pedagógica implica uma reflexão sobre o mundo para trazer à tona os temas significativos nele implícitos e, com isso, delimitar um universo temático que reflita o conjunto de aspirações comuns aos participantes. Em geral, a organização do conteúdo programático consiste em uma investigação sobre o universo temático do grupo com o intuito de elaborar uma síntese cultural a respeito da sua visão de mundo. A visão de mundo das pessoas reflete sua situação existencial e manifesta-se nas diversas formas de ação que os seres humanos adotam ou estão dispostos a adotar. No entanto, devemos enfatizar que a investigação do conteúdo programático tem por objeto não os participantes do processo em si, mas o pensamento-linguagem que o grupo aprendente utiliza para referir-se a suas experiências e os diferentes níveis de percepção sobre a realidade existentes entre eles.

OS TEMAS-GERADORES

Considerando tal método de alfabetização de jovens e adultos proposto por Freire, esse artigo visa abordar a obra “Pedagogia do Oprimido”, responsável por trazer grandes contribuições, principalmente na área educacional e social. Assim, este artigo também visa responder à pergunta problema que deu origem ao tema selecionado: como o oprimido pode assumir o papel de opressor e vice-versa dentro da relação educador e educando?

“A pedagogia do oprimido, como pedagogia humanista e libertadora, terá dois momentos distintos. O primeiro em que os oprimidos vão desvelando o mundo da opressão e vão comprometendo-se, na práxis, com a sua transformação; o segundo, em que, transformada a realidade opressora, esta pedagogia deixa de ser do oprimido e passa a ser a pedagogia dos homens em processo de permanente libertação “

DOI:

A Pedagogia do oprimido expõe extenso trabalho de aprofundamento da análise dessa etapa das atividades. Nas experiências realizadas no Brasil e mesmo em exemplos incluídos na Educação como prática da liberdade, os trabalhos focalizavam a conscientização e a alfabetização de jovens e adultos iletrados. A programação atendia a características dessa população. A partir de uma pesquisa dos modos de vida na localidade, o grupo de educadores arrolava o denominado universo vocabular da população e selecionava as palavras geradoras, sob critérios de riqueza fonêmica e possibilidade de evocação de experiências existenciais significativas para os adultos participantes dos círculos de cultura. Nas análises desenvolvidas em Pedagogia do oprimido, o campo das investigações é bem mais alargado, considera sobretudo trabalhos envolvidos com jovens e adultos na maioria já alfabetizados. As palavras geradoras das experiências iniciais cedem lugar a situações e temas geradores. Educadores e educandos atuariam juntos no complexo percurso destinado à identificação dos temas que seriam examinados no processo educativo. Mesmo quando os educadores, no exame das informações coletadas na investigação dos meios de vida na localidade, pensavam já ter captado claramente os conteúdos mais adequados ao processo, impunha-se refazer o percurso, com ativa participação dos educandos. O diálogo educador/educando começaria desde a investigação dos conteúdos programáticos e acompanharia todo o processo educativo. A escolha dos temas geradores já iniciaria a identificação das contradições presentes na realidade local, regional, nacional ou ainda mais ampla.

No primeiro capítulo, o autor aborda questões relacionadas aos opressores e oprimidos, tendo como principal tema a liberdade, onde enfatiza-se a necessidade em acreditar que todas as pessoas, sem exceção, possuem o direito garantido por lei a serem livres. Porém, quando Freire (1987) destaca essa liberdade, ele também acaba por afirmar que, os indivíduos, muitas vezes, não sabem lidar com essa liberdade, o que acaba refletindo em sentimentos de medo.

O que é opressor e oprimido Para Paulo Freire?

Freire convida o(a) professor(a) para esperançar o mundo “Até mesmo se libertar da perspectiva que a própria pessoa tem de achar que é dominante: 'Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor'.

O que é opressão Segundo Paulo Freire?

O que Freire propõe é o diálogo, a interação e a participação para a superação da condição da opressão. ... Esse desvelamento do mundo da opressão refere-se ao processo de conscientização, e o processo permanente de libertação refere-se à dimensão da utopia e da esperança no pensamento de Paulo Freire.

O que é uma ação Antidialógica?

A teoria antidialógica é característica das elites dominadoras. Esta falseia o mundo para melhor dominá-lo, na dialógica exige o desvelamento do mundo. O desvelamento do mundo e si mesmas, na práxis verdadeira, possibilita às massas populares a sua adesão.

O que é ser um opressor?

O que é Opressor: Pessoas opressoras formam um conjunto social que não permite a livre manifestação, que tem o poder de oprimir e muitas vezes humilhar e diminuir aqueles que se colocam contra o comportamento ou forma de pensamento vigente. ... Entre sociedades igualitárias a opressão não garante o mesmo domínio.

O que é uma pessoa com opressão?

Sensação de pressão física ou psicológica (ex.: percebeu que não tinha a menor razão de sentir aquela opressão). 5. Sensação de falta de ar ou de dificuldade em respirar (ex.: opressão no peito).

Quais as 4 características da situação de opressão?

A opressão se verifica hoje em situações concretas como a miséria, a desigualdade social, a exploração do trabalho do homem, as relações autoritárias, etc, situações que fazem o homem viver em condição de heteronomia já que limitam ou anulam sua liberdade de optar e seu poder de realizar.

O que torna o pensamento freireano único?

Salienta-se que o eixo central do pensa- mento freireano pauta-se na ideia de uma educação transformadora como prática da liberdade, como diretriz para uma educação diferenciada e voltada para a autonomia, diálogo e conscientização do sujeito.

Qual era o método usado por Paulo Freire?

O método Paulo Freire de alfabetização é dividido em três etapas: investigação, tematização e problematização. Na etapa de investigação, aluno e professor buscam, no universo vocabular do aluno e da sociedade onde ele vive, as palavras e temas centrais de sua biografia.

O que é um opressor?

Opressor é aquilo ou aquele que impõe força sobre o mais fraco, que causa opressão. ... Pessoas opressoras formam um conjunto social que não permite a livre manifestação, que tem o poder de oprimir e muitas vezes humilhar e diminuir aqueles que se colocam contra o comportamento ou forma de pensamento vigente.