As bebidas energéticas ganharam muita popularidade nos últimos anos entre pessoas que precisam pegar no tranco de manhã, de um empurrão no meio do dia ou até mesmo as que querem adiar os efeitos do álcool. Ao mesmo tempo, os alertas sobre os perigos dos energéticos, com jovens morrendo de paradas cardíacas após os excessos, também têm aumentado. A verdade é: quando consumidos com moderação, sob circunstâncias adequadas e por indivíduos saudáveis, os energéticos não causam problemas. Quanto mais informações você tiver sobre o assunto, mais segura será sua experiência.
A cardiologista cita também que, de forma geral, quem for beber faça a ingestão de, no máximo, 2,5 mg de cafeína por peso de um adulto, então multiplicando pela quantidade de cafeína presente em uma lata de energético e quantas serão consumidas. A médica completa dizendo que entre os sintomas do uso exagerado das bebidas, além de arritmias, agravamento do quadro de ansiedade e crises convulsivas, também estão náuseas, dores de cabeça, irritabilidade e insônia.
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A nutricionista clínica, funcional e esportiva Gabriela Cilla, que também é gastróloga, explica que a "mágica" das bebidas energéticas é a alta quantidade de cafeína, taurina e açúcar existente em cada dose de uma lata. A cafeína funciona por ter ação cognitiva, de relaxamento e de disposição, melhorando também a cognição mental, física e a percepção do esforço, além de diminuir a letargia. Já a taurina, que é produzida pelo próprio corpo, atua com ação detoxificante e antioxidante. "Todas as bebidas energéticas contém princípios ativos excitatórios para o sistema nervoso central (taurina, cafeína, açúcar). Tudo o que tem esse potencial pode provocar depressão e ansiedade, aumento de pressão, de percepção de esforço, fadiga, diminuição de sono, além de compulsão e fome excessiva. Tudo isso com o excesso de ingestão desses princípios ativos", explica a nutricionista.
Embora o consumo moderado de guaraná seja seguro para a maioria das pessoas, a ingestão de cafeína em altas doses por períodos prolongados pode causar efeitos colaterais, como dor de cabeça, ansiedade, insônia, nervosismo e inquietação, irritação do estômago, náuseas, vômitos, aumento da frequência cardíaca e pressão arterial, respiração rápida, tremores, delírio, diurese e outros efeitos.
Dra. Paola também diz que nunca é recomendado a um paciente a ingestão de bebidas energéticas, mas caso um paciente queira fazer, todas as profissionais deixaram claro que ele precisa verificar as condições da própria saúde. "Tem que verificar, primeiro, se ela não tem arritmia cardíaca, hipertensão ou algum problema cardiovascular, distúrbio do sono e até problemas gástricos, porque a cafeína também vai piorar esse problema, e o ideal é que a ingestão não passe de uma lata", complementa.
Isso pode ocorrer porque os altos níveis de cafeína das bebidas mascaram os sintomas de intoxicação, como letargia. O fato de dirigirem embriagados pode aumentar as chances de acidentes.
O excesso de cafeína pode causar batimentos cardíacos irregulares, conforme já mostraram outros estudos, mas essa não é a única substância com efeitos colaterais. Por meio de modelos matemáticos, os pesquisadores determinaram a possível presença de teofilina, adenina e azelato, substâncias que também podem ter efeitos negativos ao coração.
A especialista diz ainda que se a pessoa venha a ter esses sintomas, é importante que ela se hidrate bastante, principalmente se fez o consumo com álcool, ingerindo bastante água. Em alguns casos, é preciso buscar hospitalização para receber a hidratação intravenosa, possivelmente administrada com glicose.
A fim de comparação, a cardiologista conta que uma lata de energético possui, em média, até 80 mg de cafeína, enquanto uma xícara de café de 30 ml tem 35 mg da substância, mais que o dobro. Ainda assim, não é possível generalizar e dizer o quanto de cafeína e taurina uma pessoa pode ingerir por dia, pois cada um tem um metabolismo ou reação diferente ao consumo.
Consumir muita cafeína pode levar à intoxicação aguda pela substância. Isso gera vômitos, aumento da pressão arterial, convulsões, aumento do batimento cardíaco e até mesmo morte.
Dra. Rosana diz também que algumas pessoas são mais suscetíveis ao energético, enquanto outras são menos, e que isso vai depender dos receptores e neurotransmissores de cada indivíduo. "Tem as pessoas fazem aquele comentário clássico: 'eu posso tomar bastante café que o meu sono não vai ser afetado', e tem aquelas que vão dizer que tomam só um pouco de café e acabam dormindo muito mal", exemplifica.
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Um estudo feito com adolescentes constatou que as bebidas energéticas aumentaram significativamente a pressão arterial sistólica na maioria dos participantes em um breve período de tempo após a ingestão. Quem possui irregularidades na pressão, portanto, deve ficar distante dessas bebidas.
As propagandas de energéticos estão por toda parte, assim como esses produtos estão sempre disponíveis em qualquer prateleira que faça a venda de bebidas em geral, desde mercados e postos de gasolina até farmácias. A promessa do produto é deixar a pessoa acordada e gerar energia para o corpo, o que faz com que muitas pessoas que têm uma vida agitada, ou que simplesmente não querem sentir sono quando não podem, consumam a bebida constantemente.
A nutricionista também diz que a questão é muito individual, pois existem pessoas que absorvem a cafeína mais rápido e aquelas que absorvem a substância lentamente, e que mesmo apesar dessa individualidade, as bebidas não são recomendadas por causa da dosagem. "Se tem um paciente que, por exemplo, é diabético, a gente não recomendaria porque a quantidade de açúcar é extremamente elevada, assim como [não recomendaria a] pacientes com pressão alta e quem tem a ansiedade mais elevada", diz Cilla.
Paola diz que também é importante pontuar que a associação do excesso de cafeína com taurina, que estimula o sistema nervoso central, vai mascarar o efeito do álcool. "Então, faz com que a pessoa consuma uma quantidade ainda maior de álcool, podendo chegar a uma intoxicação e coma alcoólico porque a pessoa não sabe quando parar. O álcool também leva a pessoa à euforia e a desinibição, então quanto maior a dose, maiores serão os efeitos, inclusive comportamentais", explica a médica cardiologista.
Uma revisão sistemática de estudos sobre os efeitos da cafeína constatou que há uma relação entre a ingestão da substância e a infertilidade masculina. As pesquisas, no entanto, ainda necessitam de uma melhor definição de hábitos de vida para se chegar a uma evidência consistente.