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Depois que o rei Felipe mandou Estevão voltar para casa surgiram muitas histórias e até hoje ninguém sabe o que realmente aconteceu. Há relatos de que ao voltar para casa muitas pessoas tomaram conhecimento sobre a história que Estevão havia contado ao rei Felipe. Ele acabou por se tornar muito popular, todos falavam de Estevão como se fosse um profeta. Foram muitos os religiosos e peregrinos que se juntaram a ele para seguir em direção à Terra Santa. Mas Estevão alertava os seus seguidores dizendo que apenas os puros de coração é que poderiam cumprir essa cruzada.
Segundo Barber, já havia um movimento popular em Saint Denis antes da entrada do menino na cidade. "Estêvão de Cloyes chegou à cidade e se juntou a religiosos e peregrinos que voltavam do Oriente pregando a realização de uma nova cruzada. Na cidade, o menino, que tinha fama de milagreiro, foi considerado líder, antes que o grupo fosse dispersado pelo rei", diz.
Em 1230, chegou à França um padre vindo do Palestina, com uma incrível história para contar. Ele dizia ser um dos jovens sacerdotes que seguiu Estêvão a Marselha e embarcou com ele nos navios rumo ao norte da África. Seu relato foi contado por outro religioso, Albericus Trium Fontium, o único texto da época que cita o acontecido.
O legado da Cruzada das Crianças é limitado, mas serviu como um exemplo do fervor religioso e da ingenuidade das pessoas da época. Além disso, a história da Cruzada das Crianças inspirou obras literárias e artísticas ao longo dos séculos.
A história dos cruzados germânicos foi mais bem documentada. O antigo bispo de Cremona, Sicardus, relata em um texto da época que o objetivo do grupo de Colônia era ir para o porto de Gênova (na atual Itália) e de lá embarcar para Alexandria, no Egito, de onde seguiria para Jerusalém.
"Eram por certo vários milhares de jovens, oriundos de todas as partes do país, muitos deles trazidos pelos próprios pais", escreve Runciman. Dali, partiram para o litoral, onde Estêvão havia prometido fazer com que o mar se abrisse. O menino ordenou ao Mediterrâneo que lhes desse passagem, mas as ondas, é claro, continuaram a bater na praia.
A Cruzada das Crianças é considerada um fracasso porque não alcançou seu objetivo de libertar a Terra Santa dos muçulmanos. Além disso, muitas crianças morreram ou foram vendidas como escravas durante a viagem.
O jovem padre e alguns outros que sabiam ler e escrever teriam sido comprados pelo próprio governador do Egito, Malek Kamel, que se interessava pela cultura ocidental e empregava-os como intérpretes. Outros foram levados a Bagdá e, desses, nunca mais se ouvira falar.
Os registros medievais, a maioria escrita por padres e religiosos, não se importaram em relatar a volta desses peregrinos para casa. Segundo os Annales Stadenses, no entanto, o grupo se dispersou pelas aldeias italianas e jamais se ouviu falar de Nicolau.
Ele também dizia que o mar se abriria para que as crianças chegassem a Jerusalém e que elas converteriam os muçulmanos. As semelhanças não param por aí: "Nicolau era um menino camponês de 10 anos, humilde e religioso. Ele chegou a reunir cerca de 7 mil pessoas, mas a média de idade era certamente maior que a dos cruzados franceses", diz Tyerman.
Após o fracasso da Quarta Cruzada, entre 1202 e 1204, surgiu no norte da França e no vale do rio Reno (na atual Alemanha) a ideia de que uma dessas peregrinações deveria se transformar numa nova cruzada popular composta apenas por pessoas comuns e desarmada que iria retomar Jerusalém apenas com o auxílio divino.
Após nem o milagre, nem oferta de ajuda material dos genoveses acontecerem, algumas crianças, quase certamente uma pequena minoria, arrastou-se penosamente de volta para casa. O que exatamente aconteceu com o restante perdeu-se nas lendas mais tarde criadas pelos escritores medievais e moralistas. De acordo com algumas fontes, a maior parte das crianças foram embarcadas para a Sardenha, Egito e mesmo Bagdá, e ali vendidas como escravos. No entanto, esta versão de eventos parece ter muito menos com os eventos reais e mais com o desejo da Igreja em tratar todo este assunto como um conto moral, uma advertência severa e inflexível a outros de que somente Cruzadas com a autoridade papal provavelmente teriam sucesso. De fato, em algumas versões da história, as crianças conseguiram chegar a Roma, onde o Papa prontamente conclamou para que todos voltassem para casa. Uma turba de mendigos sem os meios para se manter e sem o treinamento militar e armas para fazer algo de bom, se conseguissem chegar à Terra Santa, não teriam utilidade para ninguém.
Relatos indicam que os participantes vieram de fora das hierarquias comuns do poder social – jovens, meninas, solteiros, algumas vezes excluindo as viúvas – ou status econômico: pastores, fazendeiros, carroceiros, trabalhadores na agricultura e artesãos sem um lugar fixo de trabalho no campo ou na comunidade, sem laços e sem residência fixa. Sinais de anticlericalismo e a ausência de liderança clerical acentuavam este sentido de exclusão social. (609)
Para entender essas manifestações populares é preciso voltar ao início do século 13. Na baixa Idade Média, as migrações eram comuns em toda a Europa. A população crescera bastante e havia muitos camponeses sem terras, migrando de vila em vila, procurando trabalho ou algum tipo de assistência.
Não muito longe dali, em Colônia (na região onde atualmente fica a Alemanha), ocorria um movimento popular muito semelhante. Para Steve Runciman, trata-se do mesmo fenômeno: "As histórias de Estêvão devem ter chegado à Renânia (no vale do rio Reno) e apenas algumas semanas depois de ele ter estado em Saint Denis, um jovem camponês de nome Nicolau pregava diante do santuário dos Três Reis Magos".
O historiador britânico Steven Runciman reproduz em seu livro "A História das Cruzadas: O Reino de Acre" alguns desses textos antigos. Eles contam que Estêvão teria sido elevado ao posto de santo e quando chegou a Vendôme, no final de julho, uma multidão já o esperava.
Os sobreviventes continuaram a jornada até o litoral e em 25 de agosto de 1212 a procissão finalmente chegou a Gênova. Apavorado com aquele bando de maltrapilhos vagando pela cidade, o governador local deu a eles duas alternativas: quem quisesse se instalar na cidade seria bem-vindo, quem tivesse outra intenção deveria deixar a cidade.
Era uma vez, na Idade Média, um grupo de crianças que decidiu se unir e partir em uma cruzada para libertar Jerusalém dos muçulmanos. Essa história ficou conhecida como a Cruzada das Crianças e é repleta de aventuras, mistérios e lendas.
Uma Cruzada era tipicamente proclamada pelo Papa, que instigava governantes, nobreza e cavaleiros profissionais a pegarem em armas pelas causas de cristandade. As pessoas comuns eram, geralmente, desencorajadas de participarem, pois não possuíam os meios, as habilidades ou a disciplina exigida por tal mobilização militar por toda a Europa. A “Cruzada das Crianças”, como veio a ser conhecida, certamente que não foi uma Cruzada oficial, sancionada pela Igreja.