Na madrugada do dia 1º de julho de 2015, não foram fogos celebrando o dia da Independência que mais chamaram a atenção nos Estados Unidos. Na verdade, uma flecha lançada no Parque Nacional Hwange, no Zimbábue, por um estadunidense contra um leão se tornou o ato mais dramático daquele dia.
Mesmo assim, o caçador recreativo tinha uma licença para caçar no país, o que fez com que ele não fosse indiciado por nenhum crime. Não foi o suficiente para parar a fúria dos que estavam chocados com o assassinato de Cecil.
Um dos cientistas envolvidos na pesquisa tentou encontrar um motivo para que Cecil tenha se tornado tão popular. Foi sugerido que ele tinha se acostumado à presença de humanos na área preservada, o que fazia com que ele deixasse que pessoas se aproximassem dele, chegando a até 10 metros de distância.
Walter J. Palmer praticava caça recreativa e, na época, teria pago ao guia e caçador profissional do Zimbábue, Theo Bronkhorst, US $ 50 mil para que ele pudesse matar um leão em uma das áreas protegidas do país.
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Walter Palmer, o homem que em julho matou Cecil - um leão que era uma autêntica celebridade no Zimbabwe - não irá ser acusado de qualquer crime. As autoridades daquele país confirmaram que o dentista americano tinha todos os papéis legais para realizar a caçada. No entanto, dois homens vão enfrentar acusações pela morte de Cecil, enfrentando 15 de prisão.
"Entrámos em contacto com a polícia e com o ministério público e parece que Walter Palmer veio para o Zimbabwe porque tinha os papéis em ordem", explicou o ministro do Ambiente daquele país africano, Oppal Muchinguri-Kashiri, citado pela Sky News.
A situação era diferente no resto do mundo. O caso provocou grande indignação internacional, o que fez com que políticos, ativistas e simplesmente defensores dos animais se posicionassem contra o Palmer. O consultório odontológico do homem foi alvo de inúmeros protestos nos Estados Unidos.
Para Alex Magaisa, assessor do então primeiro-ministro do Zimbábue, Morgan Tsvangirai, o leão era conhecido por ser "um segmento da sociedade, um segmento privilegiado — tanto local quanto internacional". Quando sua morte aconteceu, porém, pouca atenção foi dada ao acontecimento no país.
O animal que Palmer matou não era um simples leão, embora isso já fosse o suficiente para causar indignação contra a caça recreativa. Com sua crina de franjas pretas, o leão era muito importante, sendo um dos mais conhecidos na região, — responsável até mesmo por trazer turistas ao parque.
Ele estava sendo acompanhado constantemente por pesquisadores da Unidade de Pesquisa de Conservação da Vida Selvagem da Universidade de Oxford, que o estudava, junto com outros bichos, em um estudo realizado desde 1999, com mais de uma década e meia de pesquisas.
O projeto científico foi iniciado em 1999 e o leão começou a ser rastreado em 2008. Durante todo esse período, foram 62 animais que participaram do projeto científico, mas muitos morreram, principalmente devido à própria caça. Segundo o National Geographic, 34 faleceram ao longo desses anos, sendo 24 pela atividade duvidosa.
A pressão popular fez com que ações fossem tomadas de fato por países. Por exemplo, a Austrália e França implantaram leis que proibiam caçadores de trazerem troféus de leões para seu território. Os Estados Unidos, país em que isso é mais visível, também fizeram mudanças: eles adicionaram novas proteções para leões.
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Segundo o diretor da Wildcru, David Macdonald, que realizou uma pesquisa sobre a cobertura jornalística do acontecimento, a morte do leão fez com que pessoas começassem a se importar mais com a proteção animal.
A morte de Cecil tornou-se num caso mediático muito devido à popularidade do leão. Com um temperamento descontraído, era o alvo perfeito para as objetivas das câmaras fotográficas dos turistas estrangeiros que visitavam o Parque Natural de Hwange e, por isso, um contribuinte acima da média para a economia de um dos países mais pobres do planeta. Cecil foi atraído para fora do parque onde acabou por ser morto por Walter Palmer, que terá pago cerca de 50 mil dólares (45 mil euros) pela caçada.
Durante a noite, ele atirou a flecha no animal e cerca de 10 a 12 horas depois, já no dia seguinte, o matou com um segundo golpe similar. Isso aconteceu a apenas 250 metros do local em que o primeiro tiro foi feito. Com treze anos de idade, o leão de nome Cecil foi esfolado e teve sua cabeça removida. Era o troféu do americano.