Quem Foi O Artista Heitor Dos Prazeres?

Quem foi o artista Heitor dos Prazeres

“Heitor se encontra ao lado dos artistas mais importantes para o desenvolvimento da cultura do Brasil e a proximidade com os elementos da cultura afro, consequentemente com todos os encantos e influências vindas de África fazem do artista um dos principais tradutores da história das primeiras gerações de negros que cresceram na pós-escravidão”.

Aos 20 anos, é conhecido como Mano Heitor do Cavaco e Mano Heitor do Estácio1. Firma relações com compositores como Cartola (1908-1980) e Paulo da Portela, compõe em parceria com vários sambistas e participa do início dos trabalhos e da fundação de escolas de samba como Mangueira, Portela e Deixar Falar (futura Estácio de Sá).

Tamanho o valor de sua obra, animada pelo protagonismo do negro na sociedade brasileira, e de suas aspirações de liberdade e igualda de, que o artista veio a ser cassado pelo Golpe Militar de 1964, por meio do Ato Institucional nº 1. Uma história, um legado e uma honra para o Brasil e sua gente.

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Aos poucos e de forma autodidata Prazeres foi dando seus primeiros passos em direção às artes plásticas perto da casa dos quarenta anos. Uma de suas primeiras vezes foi ao ilustrar sua composição “Pierrot apaixonado”, de 1936. Outra foi a partir de um poema que Carlos Drummond de Andrade o dedicou na intenção de que o compositor pudesse musicá-lo, mas veio este veio a traduzir os versos em tintas na tela de homônimo: O Homem e seu Carnaval.

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O carnaval estava em todas as facetas de sua vida: Prazeres exerceu um importante papel na formação das primeiras escolas de samba do país, interpretou e compôs dentro no gênero musical, além de ter retratado o carnaval numa ampla parte de suas telas.

Na pintura, iniciada quando já era conhecido no meio do samba, ele também teve reconhecimento: participou de mostras e exposições pelo Brasil e pelo mundo e ganhou prêmios, como em 1951, na 1ª Bienal de Arte de São Paulo na categoria pintura nacional.

Suas obras refletem a realidade marginalizada da população negra. No momento em que as elites do Rio de Janeiro e do Brasil estavam voltadas para os valores do branco europeu, da matriz colonialista, o artista, em sentido oposto, reproduzia o que via e experimentava nas vivências como homem negro: os fluxos migratórios de africanos e seus descendentes, a mudança do campo para a cidade, a religiosidade, a repressão policial, a capoeira, a afetividade e, claro, o samba, entre outros temas.

Músico e pintor é centro de mostra no CCBB com mais de 200 obras entre quadros, móveis, figurinos e outros documentos

Passa a se dedicar também à pintura, por volta de 1937. Autodidata, sem formação acadêmica em artes visuais, é considerado um dos representante da arte naïf no Brasil. Memórias de seu passado e cenas do cotidiano da população periférica da cidade do Rio de Janeiro são os temas principais de sua produção. A música também está presente na pintura de Heitor dos Prazeres e é o mote de diversas de suas telas, com cenas de bailes de carnaval e rodas de samba. Em Carnaval (s.d.), destacam-se as cores vibrantes e a riqueza de detalhes na representação de um grande grupo de foliões. Por meio dos movimentos de saias rodadas, braços e pernas das personagens em diferentes ângulos, as figuras bidimensionais ganham ritmo. 

"Heitor sempre usou azul e branco em seu grupo", afirma o filho. Esse lado criança, de certo modo, nunca o abandonou. Nos natais, Heitor adquiria brinquedos direto das fábricas, num Rio de Janeiro mais industrializado que o de hoje, e se vestia de Papai Noel para distribuir presentes às crianças da região da Gamboa, onde passou toda sua vida.

Antes de ingressar na pintura, Prazeres já era consagrado na carreira musical como músico e dançarino. “Se há um homem que não precisava ser pintor era esse, cuja vida e amores já contava de maneira tão boa em outra arte, mas sua imensa riqueza interna veio ganhar, na pintura, uma expressão do samba”, escreveu Rubem Braga para a Revista Manchete em 1953.

Nota:

Nota:

IMBROISI, Margaret; MARTINS, Simone. Heitor dos Prazeres. História das Artes, 2023. Disponível em: <https://www.historiadasartes.com/prazer-em-conhecer/heitor-dos-prazeres/>. Acesso em 05 Dec 2023.

Alcança o terceiro lugar para artistas nacionais na 1ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1951,  com o quadro Moenda, e ganha uma sala especial na 2ª Bienal Internacional de São Paulo (1953). Cria ainda cenários e figurinos para o Balé do IV Centenário da Cidade de São Paulo, no ano de 1954. O diretor de cinema Antônio Carlos Fontoura (1939) produz em 1965 um documentário sobre a obra de Heitor dos Prazeres. Em 1999, é realizada mostra retrospectiva no Espaço BNDES e no Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), ambos no Rio de Janeiro, em comemoração ao centenário de seu nascimento.

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Mais interessado na alma encantadora das ruas, do que no estudo formal, gostava de preencher os espaços do caderno com cores e foi parar numa Escola para Menores, devido a seus sumiços. Lá, nasceu o artista versátil a partir das aulas de tipografia, marcenaria e tipografia.

Com mais de 200 obras, a mostra reúne, além da produção pictórica do artista, parte do seu mobiliário, seus figurinos, partituras, além de documentos e reportagens que narram sua trajetória, uma delas assinada pelo cronista Rubem Braga.

Legado necessário

Nascido dez anos após o fim da escravidão, negro, militante de esquerda e membro do Partido Comunista Brasileiro, o PCB, Heitor dos Prazeres criou uma obra em tela, por meio de traços fortes e paleta harmoniosa, na qual conhecemos o Rio não pelos casarões de Botafogo ou pela praia de Copacabana.

Vem dele —que chegou, inclusive, a frequentar a casa de Tia Ciata, a matriarca do samba— o epíteto de Pequena África ou África em miniatura, conforme afirma o compositor Sinhô, para a região.

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"Fui criado ali", conta Heitor dos Prazeres Filho, que admite que a cassação foi um golpe duro para o pai, que morreria dois anos depois. Já estava, no entanto, consagrado. Havia participado da 1ª Bienal de Arte de São Paulo, na qual foi premiado, exposto na quarta edição da mesma, criado figurino para o Balé do 4º Centenário da capital paulista, em 1954, que foi restaurado e é agora exposto pela primeira vez.

Era 23 de setembro de 1898, apenas dez anos após a abolição da escravatura no Brasil, quando nascia na família do marceneiro e clarinetista Eduardo Alexandre dos Prazeres e da costureira Celestina Gonçalves Martins, o multi-artista Heitor dos Prazeres. Heitor cresceu na Praça Onze, no centro do Rio de Janeiro, com um cavaquinho na mão e rodeado por figuras centrais do samba, como Ismael Silva, Pixinguinha, Nilton Bastos e Marçal. Esse ambiente de influência foi moldado pelo esforço de seu tio Hilário Jovino Ferreira, um pioneiro da expressão musical em questão.

O artista, funcionário da antiga Rádio Nacional, foi afastado da estatal, junto de nomes como os dramaturgos Oduvaldo Vianna e Dias Gomes, a cantora Nora Ney e o compositor ator Mário Lago, de quem era grande amigo, e viveu tempos duros.

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