Gustav Fechner foi um psicólogo alemão nascido em 1801 e é considerado o fundador da psicologia experimental , o ramo da psicologia que aplicava o método científico à pesquisa do comportamento e da mente.
Não cabe neste texto nos estendermos sobre este tópico, mas os experimentos psicofísicos podem nos oferecer dados que auxiliem as discussões epistemológicas sobre a percepção, como, por exemplo, o relativismo perceptual, a questão das ilusões, ambas relacionadas com a experiência imediata do objeto; podem também abordar questões de justificativa externa, mais conhecida como confiabilismo, estudando as modificações físicas dos estímulos e a manutenção ou não dos processos perceptuais.
Fechner realizaria várias experiências para demonstrar a ligação mente-corpo e, durante anos, procurou um modelo matemático e uma equação que determinasse a existência de uma relação entre os aspectos materiais e espirituais / mentais.
O trabalho de Fechner em estética também é importante. Ele conduziu experimentos para mostrar que certas formas e proporções abstratas são naturalmente agradáveis aos nossos sentidos e deu algumas novas ilustrações do funcionamento da associação estética. Charles Hartshorne o via como um predecessor de sua filosofia e de Alfred North Whitehead e lamentava que a obra filosófica de Fechner tivesse sido negligenciada por tanto tempo.
= Wundt teve um papel importante na história da psicologia. Demarcou-se do pensamento dominante da época, procurando autonomizar a psicologia da filosofia. Definiu um objecto, a consciência, e um método de investigação, a introspectiva controlada.
A habilidade para discriminar elementos espaciais e seu desenvolvimento é objeto de estudo intenso, tanto para o estabelecimento de valores de normalidade (Salomao & Ventura, 1993, 1995) quanto para a aplicação na clínica como método de triagem de alterações funcionais da visão (Salomao, Berezovsky, Haromunoz, & Ventura, 1994). O desenvolvimento de normas para testes de funções perceptuais é de fundamental importância na prática clínica, uma vez que serve de parâmetros para classificações e diagnósticos. Estudos comparando o desenvolvimento normal destas funções foram comparados com o desenvolvimento de bebês prematuros (Salomao et al., 1994; Salomao et al., 2000; Salomao, Berezovsky, De Haro, Goldchmit, & Ventura, 2001), bem como em bebês com doenças oculares (Haromunoz, Berezovsky, Ventura, Moreira, & Salomao, 1995) e genéticas (Lima, Bonci, Grotzner, Ribeiro, & Ventura, 2003). Pesquisas correlacionais também são realizadas, com a intenção de se obter informações a respeito dos sítios fisiológicos responsáveis pelo processamento e pela alteração na percepção espacial (Costa et al., 2001; da Costa et al., 2004; Oliveira, Costa, & Ventura, 2005; Oliveira, Costa, de Souza, & Ventura, 2004; Salomao et al., 1999; Ventura et al., 2003c; Ventura et al., 2004).
Estas medidas não só nos permitem acompanhar o desenvolvimento das funções perceptuais, mas, também, realizar inferências sobre as medidas destas capacidades preditivamente, inclusive em pacientes (Zubcov et al., 2002) como crianças com Síndrome de Down (Courage, Adams, Reyno, & Kwa, 1994) e hemiplegia (Gunn et al., 2002). Estes são uns poucos exemplos de estudos sobre desenvolvimento perceptual e suas aplicações clínicas. Existem muitas outras pesquisas relacionadas que cobrem outras funções visuais, como, por exemplo, discriminação de cores (Gwiazda et al., 1997; Knoblauch, Vital-Durand, & Barbur, 2001; Morrone, Burr, & Fiorentini, 1990; Morrone, Burr, & Fiorentini, 1993) e percepção de eventos dinâmicos e percepção de movimento (Banton & Bertenthal, 1996; Ellemberg, Lewis, Maurer, Brar, & Brent, 2002; Hamer & Norcia, 1994; Schrauf, Wist, & Ehrenstein, 1999; Stein, 2003; Wattambell, 1994).
As contribuições de Fechner para a psicologia experimental estão essencialmente ligadas ao surgimento da psicofísica – a ciência que estabelece as relações funcionais6 entre o corpo e a mente -, tal como anunciada no livro que o tornou famoso entre os psicólogos de todo o mundo, a saber, Elementos de Psicofísica ( …
Outros exemplos incluem as mais variadas modalidades sensoriais e os estudos que buscam elucidar mecanismos fisiológicos por meio de medidas psicofísicas. Danos nas vias visuais causados pelo glaucoma, doença caracterizada pelo aumento da pressão ocular e morte de neurônios da retina, são intensamente estudados por métodos psicofísicos e proporcionam, cada vez mais, conhecimentos sobre as alterações fisiológicas desta doença ocular (Anderson, 2006; Hitchings, 1993). Estudos encontraram medidas eletrofisiológicas que sustentam a percepção e análise de orientação espacial (Wenderoth & Johnstone, 1987). A variação na proporção de fotorreceptores com pico de sensibilidade para comprimentos de onda médios e longos foi evidenciada com extrema precisão pela psicofísica (Kremers et al., 2000). Estudos do paladar têm recebido grande aporte de conhecimento das áreas das ciências moleculares, porém, medidas psicofísicas são utilizadas para determinação fisiológica dos diferentes sabores (Bartoshuk, 1988; Bartoshuk & Beauchamp, 1994). Efeitos supressivos de rivalidade binocular têm auxiliado neurocientistas no entendimento frente aos mecanismos neurais do processamento inconsciente (Breitmeyer, Koc, Ogmen, & Ziegler, 2008). A fisiologia dos sentidos táteis e de pressão é conhecida, em parte, pelos resultados de experimentos psicofísicos (Labs, Gescheider, Fay, & Lyons, 1978; Lak, Arabzadeh, Harris, & Diamond, 2010).
Em 1840, Fechner sofreria um grave problema de visão , causado em grande parte por uma exposição prolongada de sua retina ao sol, o que o deixaria cego. Os efeitos da cegueira, juntamente com a pressão a que ele foi submetido como professor universitário acabaram fazendo Fechner parecer incapacitado de tal maneira que ele teve que deixar temporariamente sua posição de professor na universidade. Ele sofreu uma depressão profunda por cerca de três anos.
A defesa da ideia de que há uma relação de dependência não-causal entre o corporal e o mental dá a Fechner o papel de um dos precursores da Psicologia e antecipa, em alguma medida, uma tendência contemporânea no que concerne à solução do problema mente e corpo.
A função básica de todo sistema sensorial é a captação de energia do ambiente. Essa energia pode ser química como no caso do paladar e do olfato , pode ser eletromagnética como no caso da visão , mecânica como na audição, toque e propriocepção, ou ainda energia térmica. Para que um dado estímulo seja percebido, há a necessidade de certa quantidade de energia. Consequentemente, uma medida que faz muito sentido é a do limiar absoluto, que é a menor quantidade de energia emitida por um estímulo necessária para ser percebido ou, como disse Fechner, elevar sua sensação sobre o limiar da consciência (Fechner, 1860, tradução nossa).
A grande precisão das respostas, em parte por ser um processo quantitativo e sistematizado, realizado em ambiente controlado, e em parte pela variedade de informações que os métodos psicofísicos permitem acessar em suas medidas, fez com que muitas outras áreas do conhecimento se utilizassem da psicofísica como método complementar. Com respeito à inserção clínica, nosso foco neste texto, as área médicas e paramédicas absorveram para seus procedimentos diagnósticos muitos testes psicofísicos. Para citar alguns, temos que a fonoaudiologia realiza curvas de sensibilidade audiométrica, a oftalmologia realiza medidas de acuidade visual, sensibilidade ao contraste e visão de cores, a neurologia testes para dor etc.
Ao longo de décadas de estudo e aprimoramento metodológico, contribuições clínicas estão crescentemente fazendo parte do universo da psicofísica. Seguem alguns exemplos da extensão clínica alcançada: estudos sobre a capacidade de discriminação de elementos espaciais e suas variações de intensidade de luz são utilizados como procedimento de diagnóstico e acompanhamento de tratamento de doenças oculares como as alterações retinianas causadas pela diabetes melitus tipo 2 (Zeman, Knight, & Cullen, 1990; Winkler, 1981; Bek, Moller, & Klausen, 2000; Jerneld & Algvere, 1987; Gualtieri, Nishi, Lago, & Ventura, 2005), glaucoma, caracterizado por alterações anatômicas do nervo óptico e aumento da pressão intraocular (Bhola, Keech, Olson, & Petersen, 2006), neurite óptica, que é uma inflamação do nervo óptico (Beck, Kupersmith, Cleary, & Katz, 1993; Beck et al., 1997) e em perda da percepção visual, sem causa ocular orgânica, aparente no exame clínico, chamada de ambliopia (Barnes, Hess, Dumoulin, Achtman, & Pike, 2001). Outros estudos se preocupam com medidas que possam ser sensíveis para apontar alterações de meios ópticos de nossos olhos e na capacidade de detecção de estímulos visuais (Blommaert, Heynen, & Roufs, 1987), como, por exemplo, a catarata (Catalano, Simon, Jenkins, & Kandel, 1987; Chia & Martin, 2001; Gwiazda, Wolfe, Brill, Mohindra, & Held, 1980; Howes, Caelli, & Mitchell, 1982). Medidas de eventos dinâmicos são frequentemente usadas como indicadores de danos no sistema sensorial visual, como nas intoxicações por drogas terapêuticas de uso clínico (Al Khamis & Easterbrook, 1983).
Apesar de ter a medicina como primeira formação, Fechner criticava a ciência e o mecanicismo predominantes na época. Para isso, criou um pseudônimo chamado “Dr. Mises”, a partir do qual escrevia críticas ao cientificismo do período.
Durante esse período de sua vida, suas preocupações cresceram com a essência das coisas e aspectos metafísicos, como a alma e o corpo. Esse autor considerou que o físico e o espiritual não eram elementos separados, mas refletiam diferentes faces da mesma realidade. Ele argumentou que todos os seres vivos tinham sua própria alma, e mesmo a matéria inorgânica possuía espírito, um ponto de vista que lembra o do filósofo Baruch Spinoza . Depois de três anos, ele deixou seu estado deprimido para começar a sentir sentimentos de bem-estar, euforia e exaltação que ele próprio chamaria de princípio do prazer.
Fechner foi um dos pioneiros da psicologia experimental e da própria psicologia sendo a data de publicação do seu “Elementos de psicofísica” uma das propostas para o início da psicologia enquanto ciência (disputa essa atribuição com Wundt e a construção do seu laboratório de psicologia).
O termo “psicofísica” foi cunhado por Gustav Theodor Fechner, um físico e filósofo, quando publicou “Elemente der Psychophysik” em 1860. Ele afirmou que o termo foi feito para conectar estímulos físicos aos diferentes componentes da consciência, particularmente a sensação.
Este ponto retoma o conceito de Psicofísica Interna, o qual busca a relação entre os eventos perceptuais e os eventos neurais. A Psicofísica Interna, portanto, depois de permanecer no campo teórico, foi adquirindo crescentemente espaço nas pesquisas em psicofisiologia da sensação e da percepção e, atualmente, é uma das áreas de maior interesse das ciências psicológicas e da saúde. A psicofísica pode, pelas características intrínsecas de sua metodologia, inferir sobre os processos fisiológicos das vias sensoriais e perceptuais em atividade, em um dado contexto de estimulação ambiental.