Ao longo das últimas décadas, poucas personalidades do mundo do entretenimento conseguiram deixar uma marca tão indelével quanto ela, um ícone cultural cujo talento e determinação romperam barreiras e desafiaram convenções.
Entre as purpurinas, os brilhantes e as plumas, para Cher more is more. O ponto de partida? A era disco. As pestanas querem-se longas e preenchidas. Cores como o roxo, o azul e o dourado dividem o protagonismo na pista de dança. O iluminador e o blush, essenciais para uma pele glamourosa, juntam-se à festa. Nas últimas temporadas, as casas de alta costura têm trazido para a passarela o eyeliner gráfico, coisa que Cher já fazia no início da sua carreira, e que dá um ar dramático a qualquer look.
Sua carreira foi iniciada quando tinha apenas 16 anos e um sonho. Ela acabou mudando seu nome para Cher e logo em 1965 ela ficou bem popular ao fazer parte da dupla de folk rock “Sonny & Cher”, a qual era composta por ela e Sonny Bono, seu marido naquele momento. Pode-se dizer que eles foram realmente uma febre na década de 60 ao tocar diversos ritmos e esbanjar talento.
O sucesso rendeu um convite para cantar o hino nacional no Super Bowl de 1999 e a gravação de vários especiais, como Cher: Live at the MGM Grand in Las Vegas, que ganhou até uma indicação ao Emmy.
Com mais de cinquenta anos de carreira entregando canções, hits atemporais e estrelando grandes produções cinematográficas, a artista é um dos maiores nomes da indústria, e hoje, completa 76 anos.
Paralelamente à música, Cher foi apresentadora de televisão nos canais CBS e ABC, atriz em filmes como "A Máscara", "O Feitiço da Lua" ou "Mamma Mia! Here We Go Again", Em palco, nas passadeiras vermelhas, no pequeno e no grande ecrã, a artista lançou também tendências de moda e a sua vida intensa foi muitas vezes polémica e deu que falar.
Com exceção da sua intervenção como atriz secundária e co-realizadora da minissérie da HBO "Perseguidas" (1996), a carreira de Cher nunca mais se aproximou da popularidade e respeito que conquistou quando se redefiniu como atriz dramática entre 1983 e 1990: fez dela mesma em dois filmes de Robert Altman, "O Jogador" (1992) e "Prêt-à-Porter" (1994); entrou na comédia "Fielmente Teu" (1996), que recusou promover por achar "horrível"; recebeu elogios com Judi Dench, Joan Plowright, Maggie Smith e Lily Tomlin pelo simpático "Chá com Mussolini" (1999); e divertiu-se a gozar consigo mesma em "Agarrado a Ti" (2003).
Desde o final dos anos 1960, já são mais de 140 milhões de cópias vendidas, além de uma estante com os principais prêmios da indústria do entretenimento: Cher é uma das poucas artistas a ter faturado o EGOT (Emmy, Grammy, Oscar e Tony).
Quando se fala em Cher, nunca se é consensual. Há quem a idolatre e há quem a critique. Ao longo dos 60 anos de carreira, a sua imagem tem sido alvo de alguma controvérsia junto da imprensa e do público devido, em grande parte, às inúmeras cirurgias que já fez. Não se sabe ao certo quando é que começou a sua jornada nas operações estéticas, mas diz-se que a diminuição do nariz, o aumento dos glúteos e os implantes nas bochechas foram algumas das modificações realizadas. No livro “Up Against Foucault: Explorations of Some Tensions Between Foucault and Feminism”, Caroline Ramazanoglu diz que as “operações de Cher substituiram pouco a pouco um visual forte e decididamente 'étnico' por uma versão simétrica, delicada, 'convencional' (isto é, anglo-saxônica) e cada vez mais jovem da beleza feminina.”
A artista não parou por aí! Depois de vivenciar o que era ser apresentadora em um programa de tv, ganhou os primeiros papéis no cinema. “Silkwood” foi a primeira produção estrelada pela profissional e, consequentemente, sua primeira personagem, Dolly Pelliker.
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A partir desse momento, a Cher começou a integrar outros meio além da música. Foi ali, na década de 70, que ela passou a ganhar visibilidade como apresentadora em uma série de atrações no horário nobre das redes CBS e ABC. Por estar ligada a televisão todos os dias e consequentemente ao público norte-americano, a atriz foi pontuada por diversas vezes como ícone da moda ao entregar diversos looks, criando seu estilo próprio que obviamente se tornou uma tendência global.
O sucesso nos anos 1960 foi tímido quando comparado com a fama que Cher alcançaria nas décadas seguintes. No arranque da década de 1970, "Gypsys, Tramps & Thieves" , o sétimo álbum de estúdio da cantora e atriz, destacou-se nos tops mundiais e permanece no ranking dos álbuns mais vendidos por Cher (2 961 078 de cópias).
Reconhecida e aplaudida em todo o mundo, Cher chegou à década de 80 com a carreira já marcada por vários sucessos, combinados com visuais irreverentes e que sempre refletiram a sua personalidade única e camaleónica. Entre 1980 e 1990, a artista editou quatro discos, destacando-se "Heart of Stone" (1989), considerado por muitos dos fãs como o melhor álbum da cantora nascida em 1946 e de onde saíram temas como "If I Could Turn Back Time" ou "Just Like Jesse James".
Ainda na primeira metade da década de 1960, ela assinou contrato com a Imperial Records e começou a gravar seus primeiros singles, como Dream Baby, e o álbum All I Really Want to Do.
Com mais de 55 anos de carreira, a famosa nunca fez parte do grupo “menina delicada”, se tatuou nos anos 70, e lidou com muito preconceito. Além do mais, ela sempre esteve à frente de apresentações à questões de gênero, e chegou a se transformar em homem durante uma perfomance nos anos 70.
Depois dos anos de problemas pessoais, a artista voltou às paradas com o álbum Take Me Home, fez sua primeira turnê solo e se tornou um dos grandes nomes da música disco.
Em tempo, a cantora Cher comentou sobre o processo de transição de gênero de seu filho Chaz Bono. “No começo, não era esperado de mim ter um problema com o fato de Chaz ser gay. E isso desapareceu rapidamente”, contou a cantora e atriz. “Ele dizia: ‘Não, não quero [transicionar]’. E, então, ele veio e disse: ‘Ok, eu quero fazer isso“, desabafou ela.
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Em 2020, Orquídea Cadilhe, professora no Instituto de Letras e Ciências Humanas da Universidade do Minho, defendeu a tese de doutoramento "Cher: entre o mito da celebridade e o empoderamento das minorias. Transmutações da 'mulher desviante'". No resumo publicado no site Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho, a autora explica que a tese "propõe o estudo do conceito de 'mito da celebridade', enquanto fenómeno cultural, em diálogo com os estudos performativos e os estudos de género".
No enredo, Cher interpreta uma mulher que no filme ia contra os ideais que a sociedade impunha sobre sua existência. Como tudo o que Cher faz fica bom, com o longa foi indicado ao Oscar e, além disso, também ganhou um prêmio no Globo de Ouro.
Na vida pessoal, a artista tinha o nome ligado a personalidades como Marlon Brando e até Elvis Presley, enquanto lidava com críticas por seu estilo extravagante, que chocava a conservadora sociedade da época.
Depois de algum tempo, ela colocou o seu lado atriz para jogo e estrelou no filme “Silkwood”, com uma personagem lésbica. Na época, ela chegou a ser indicada ao Oscar, e ganhou um prêmio do Globo de Ouro. Ao concluir, vale mencionar que a autenticidade em seus figurinos também nunca faltaram, e ao lado disso, inspirou diversas pessoas na moda.