Para compreender como foi criada a primeira escola de surdos no Brasil 1857 é necessário saber algumas informações sobre Ernest Huet.
Na década de 1960, nos Estados Unidos, com apoio de pesquisas realizadas na área da linguística, foi conferido status de língua à comunicação gestual entre surdos. No Brasil, já no final dos anos 1980, os surdos lideraram o movimento de oficialização da língua brasileira de sinais. Em 1993, um projeto de lei deu início a uma longa batalha de legalização e regulamentação em âmbito federal, culminando com a criação da Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002, que reconhece a libras, seguida pelo decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, que a regulamenta.
Vai se consolidando, portanto, a proposta de educação bilíngue. Nesse sentido, alguns desafios vão sendo postos, como, por exemplo, promover o ensino bilíngue para sujeitos surdos, que demandam ensino público de massa, no INES e nas escolas regulares brasileiras. O instituto atua na perspectiva da efetivação do direito à educação de crianças, jovens e adultos surdos, produzindo conhecimento e apoiando diretamente os sistemas de ensino para dar suporte às escolas brasileiras que devem oferecer educação de qualidade a esses cidadãos que demandam políticas de ensino que contemplem sua singularidade linguística.
Em razão de ser a única instituição de educação de surdos em território brasileiro e mesmo em países vizinhos, por muito tempo o INES recebeu alunos de todo o Brasil e do exterior, tornando-se referência para os assuntos de educação, profissionalização e socialização de surdos.
Além disso, o Ines busca qualificar e encaminhar pessoas surdas para o mercado de trabalho, valorizando suas potencialidades e promovendo o exercício da cidadania. São oferecidos cursos de qualificação, a fim de preparar profissionalmente essas pessoas, e assessoria técnica às empresas que as receberão. Os cursos estão disponíveis para alunos do Colégio de Aplicação e para pessoas surdas da comunidade.
Único em âmbito federal, o INES ocupa importante centralidade, promovendo fóruns, publicações, seminários, pesquisas e assessorias em todo o território nacional. Possui uma vasta produção de material pedagógico, fonoaudiológico e de vídeos em língua de sinais, distribuídos para os sistemas de ensino.
O INES tem como uma de suas atribuições regimentais subsidiar a formulação da política nacional de educação de surdos, em conformidade com a Portaria MEC nº 323, de 08 de abril de 2009, publicada no Diário Oficial da União de 09 de abril de 2009, e com o Decreto nº 7.690, de 02 de março de 2012, publicado no Diário Oficial da União de 06 de março de 2012.
Em abril de 2013, o INES lançou, em parceria com a Associação de Comunicação Educativa Roquette-Pinto (Acerp), a primeira webTV em Língua Brasileira de Sinais (Libras), com legendas e locução em Língua Portuguesa, a fim de integrar públicos. Com equipe composta de profissionais de televisão surdos, ouvintes, tradutores intérpretes e profissionais do INES, na web 24 horas por dia (em streaming e vídeo on demand) e em aplicativos móveis, a TV INES passou a oferecer uma grade de programação eclética com foco na comunicação educativa.
Em razão de ser a única instituição de educação de surdos em território brasileiro e mesmo em países vizinhos, por muito tempo o Ines recebeu alunos de todo o Brasil e do exterior, tornando-se referência para os assuntos de educação, profissionalização e socialização de surdos.
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______. Decreto n. 6.892, de 19 de março de 1908. Aprova o regulamento para o Instituto Nacional de Surdos-Mudos. Coleção das leis da República dos Estados Unidos do Brasil, Rio de Janeiro, v. 2, p. 208-230, 1909.
O novo estabelecimento começou a funcionar em 1º de janeiro de 1856, mesma data em que foi publicada a proposta de ensino apresentada por Huet. Essa proposta continha as disciplinas de Língua Portuguesa, Aritmética, Geografia, História do Brasil, Escrituração Mercantil, Linguagem Articulada, Doutrina Cristã e Leitura sobre os Lábios.
Criado como uma instituição privada, fundada pelo surdo francês E. Huet, o Colégio Nacional para Surdos-Mudos começou a funcionar em 1º de janeiro de 1856, tendo por finalidade oferecer educação intelectual, moral e religiosa aos surdos. Em 1857, pela lei n. 939, de 26 de setembro, o governo imperial passou a conceder subvenção para o colégio, bem como pensões aos alunos surdos pobres. Em 1861, a instituição passou à administração imperial, por meio de contrato de cessão de direitos celebrado em 11 de dezembro com E. Huet (Brasil, 1861, p. 34).
______. Decreto n. 3.964, de 23 de março de 1901. Aprova o regulamento para o Instituto Nacional de Surdos-Mudos. Coleção das leis da República dos Estados Unidos do Brasil, Rio de Janeiro, v. 1, p. 386-407, 1902.
______. Decreto n. 9.198, de 12 de dezembro de 1911. Aprova o regulamento para o Instituto Nacional de Surdos-Mudos. Coleção das leis da República dos Estados Unidos do Brasil, Rio de Janeiro, v. 3, p. 1.337-1.359, 1915.
Pelo fato de pertencer a uma família com excelente condição econômica, Huet desde cedo teve acesso à melhor educação da Europa e exatamente por isso obteve grandes avanços nos estudos.
O prédio onde atualmente está localizado o Ines completou 107 anos – seu centenário foi comemorado em 2015. Inaugurado em 1915, após uma obra que teve início em 1913, a sede substituiu as antigas instalações neoclássicas de 1881, que foram demolidas. Hoje, o local faz parte da Área de Proteção do Ambiente Cultural de Laranjeiras. No total, são quase 1.800 m² de área destinados ao Instituto.
A fim de atender a demanda por formação continuada na área da surdez, o Ines assumiu a responsabilidade de implementar o curso de pedagogia bilíngue na modalidade a distância. Ao todo, são 13 polos distribuídos nas cinco regiões do país, somando o total de 643 alunos. Para cumprir esta missão, o Ines criou, em 2015, o Núcleo de Educação Online (NEO), que tem como objetivo executar as políticas públicas e apoiar o desenvolvimento de ações que garantam a qualidade educacional e do material didático de EaD.
Era comum que surdos formados pelos institutos especializados europeus fossem contratados a fim de ajudar a fundar estabelecimentos para a educação de seus semelhantes. Em 1815, por exemplo, o norte-americano Thomas Hopkins Gallaudet (1781-1851) realizou estudos no Instituto Nacional dos Surdos de Paris. Ao concluí-los, convidou o ex-aluno Laurent Clérc, surdo, que já atuava como professor, para fundar o que seria a primeira escola para surdos na América. A proposta de Huet correspondia a essa tendência. O governo imperial apoiou a iniciativa de Huet e destacou o Marquês de Abrantes para acompanhar de perto o processo de criação da primeira escola para surdos no Brasil.
Foi o abade francês Charles-Michel. Na metade do século XVIII, ele desenvolveu um sistema de sinais para alfabetizar crianças surdas que serviu de base para o método usado até hoje. Na época, as crianças com deficiências auditivas e na fala não eram alfabetizadas.
Thomas Braidwood (1715-1806) foi o educador que criou um método, por meio do qual se deveria usar o alfabeto manual com as duas mãos. Este é, atualmente, usado em seu país. Os seus estudantes aprendiam palavras escritas, seu significado, sua pronúncia e a leitura orofacial.
Nas línguas de sinais, a(s) mão(s) do enunciador representa(m) o objeto, enquanto o espaço em que o movimento se realiza (o espaço de enunciação ) é a área em torno do corpo do enunciador (Ferreira Brito e Langevin, 1995).
Os sinais são formados a partir da combinação da forma e do movimento das mãos e do ponto no corpo ou no espaço onde esses sinais são feitos. Assim como as línguas orais, a LIBRAS possui sua estrutura gramatical própria, contemplando todos os requisitos para a sua oficialização como língua.