Entre os elementos que ocorrem nos casos de manifestações demoníacas trazidos pelos filmes estão: o falar palavras em línguas desconhecidas, a manifestação de coisas distantes ou ocultas, superioridade de força em relação à idade ou condições físicas, aversão a Deus, a Virgem Maria, aos demais santos e à Igreja.
Avaliando, de forma mais direta, três filmes que abordam o Exorcismo: “O Exorcista”, “O exorcismo de Emily Rose” e “O Ritual”, pode-se dizer que abordam conteúdos reais ocorridos realmente nos exorcismos, acrescentados com toques cinematográficos para torná-los mais “palatáveis” aos apreciadores do gênero.
Também o Ritual de Exorcismo alerta sobre essa questão, solicitando a atenção aos artifícios e fraudes usadas pelo diabo para enganar a pessoa, para convencer o possesso a não se submeter ao exorcismo, afirmando tratar-se de doença natural.
Termino lembrando de umas palavras tomadas dos escritos de Santa Teresa de Jesus, bastante confortadoras diante do temor que pode surpreender-nos ao tratar deste tema: “O demônio teme uma alma unida a Deus, como teme o próprio Deus.”
Neste sentido, o exorcista, sempre observando o sigilo da confissão, poderá recorrer aos peritos em ciência médica e psiquiátrica para avaliação de cada caso. E, se ficar comprovado que o fenômeno é, de fato, de ordem natural, não deverá ser realizada a celebração do exorcismo.
Os cookies funcionais ajudam a realizar certas funcionalidades, como compartilhar o conteúdo do site em plataformas de mídia social, coletar feedbacks e outros recursos de terceiros.
Padre Demétrio Gomes é Pároco Vigário Judicial do Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de Niterói, e Chanceler do Arcebispado de Niterói. Professor do Instituto Filosófico e Teológico do Seminário São José de Niterói. Membro da Sociedade Internacional Tomás de Aquino (SITA – Brasil), do Centro Dom Vital e da Sociedade Brasileira de Canonistas (SBC). Administrador do website Presbíteros http://www.presbiteros.com.br para a formação do clero católico.
Infelizmente, pode acontecer, como notou certa vez o exorcista de Roma, padre Gabriele Amorth, de muitos sacerdotes aderirem a essa segunda postura e acabarem se descuidando do tremendo dever de caridade que têm de atender a essas pessoas atormentadas pelo demônio, afirmando, sem uma diligente investigação, tratar-se de algum fenômeno psicológico.
É por isso que o sacramento da penitência – mais importante que os exorcismos, que são apenas sacramentais – é tão temido pelo demônio, pois aumenta a união do fiel a Deus. E, infelizmente, é um dos sacramentos mais negligenciados de nosso tempo.
Atualmente os exorcismos podem ser classificados como públicos e privados. Os públicos são aqueles administrados em nome da Igreja, por uma pessoa legitimada e segundo os ritos previstos; e caso contrário, são os privados.
Em minha opinião, existe uma característica comum a esses filmes citados – sobretudo aos dois últimos – que me parece digna de ser mencionada. Mesmo estando elencados na categoria “terror”, não diria que são filmes propriamente desse gênero. Sem dúvida alguma, contêm cenas assustadoras, que nos permitem vislumbrar o quão extraordinariamente podem manifestar-se as forças infernais.
Do filme “O Ritual”, que é uma frase do padre Lucas, personagem de Anthony Hopkins para o jovem seminarista Michael Kovak: “Escolher não acreditar no demônio não te protegerá dele.” Uma excelente exortação aos homens de nosso tempo, que pretendem banir toda a alusão a Deus da esfera pública. A presença do mal no mundo, paradoxalmente, é uma manifestação patente de que Deus existe.
Para evitar uma tendência a considerar todos os eventos aparentemente extraordinários, uma intervenção do demônio, o próprio Ritual de Exorcismos indica que, antes do uso desse sacramental, o exorcista deve manifestar a máxima prudência, não crendo facilmente que alguém esteja possesso, pois não se descarta, a princípio, a existência de alguma doença, sobretudo, de ordem psíquica.
Agora, a Igreja está atenta a outro extremo: àquela postura dos que consideram que o demônio não intervém na vida dos homens, tentando reduzir a intervenção dos espíritos malignos a fenômenos meramente psíquicos ou paranormais.
Pingback: Escatologia significado e a relação com o Fim do Mundo! 😱
A existência do demônio – tônica desses filmes – é um grande chamado a pensarmos na existência de Deus, sem o qual, aquele não existiria. No fundo, subjaz – talvez inconscientemente – algo bem semelhante ao argumento filosófico utilizado por Santo Agostinho de Hipona, que apontava para a existência de Deus – o Bem – a partir da existência do mal, já que este consiste na privação do bem.