Quais Os Cuidados Em Se Transmitir Uma M Notcia Para Um Paciente?

Quais os cuidados em se transmitir uma m notcia para um paciente

A comunicação de más notícias em saúde: aproximações com a abordagem centrada na pessoa

Espinosa M, González BM, Zamora P, Ordóñez A, Arranz P. Doctors also suffer when giving bad news to câncer patients. Support Care cancer 1996; 4(1):61-63.

Dicas infalíveis para uma boa comunicação com pacientes

Cada indivíduo carrega consigo marcas pessoais que fundamentam suas emoções, motivações e atitudes. Assim sendo, dar uma má notícia é o mesmo que abranger os diferentes estágios de suas emoções e sentimentos (Burlá, 2006). Kübler-Ross (2008) afirma que toda perda, caracterizada pelo luto, passará por pelo menos dois estágios das cinco fases do luto (Negação, Raiva, Barganha, Depressão e Aceitação). Portanto, entender e identificar esses momentos que o indivíduo está enfrentando é essencial ao comunicar uma má notícia.

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Petrilli, A. S., Pascalicchio, A. P. A., Dias, C. G., & Petrilli, R. T. (2000). O processo de comunicar e receber o diagnóstico de uma doença grave. Diagnóstico & Tratamento, 5(1),35-39.

Filiações/parceiros

Segunda etapa de busca e seleção. Para as pesquisas dos protocolos SPIKES, CLASS e P-A-C-I-E-N-T-E, as buscas ocorreram no Google Acadêmico, em livros, e em materiais concedidos através de cursos sobre como comunicar más notícias. Ressalta-se que o protocolo SPIKES é o mais difundido entre os três, sendo que cinco estudos sobre esse protocolo comporão o presente corpus. No que diz respeito ao protocolo CLASS, foram incorporados dois estudos e outros três que abordaram o P-A-C-I-E-N-T-E. Assim como na primeira etapa não houve delimitação temporal, haja vista a intenção de analisar a produção científica acerca do tema ao longo dos anos.

No contexto hospitalar sabemos que é dever do médico comunicar os prognósticos e procedimentos aos quais o paciente irá se submeter, bem como informar os familiares. Dentre essas informações, as comunicações de más notícias também fazem parte dos procedimentos, sendo diante desses prognósticos não favoráveis que frequentemente emergem as dificuldades dos profissionais da saúde (Carneiro, 2017). Segundo Buckman (1992), um dos pioneiros em comunicação de más notícias, uma notícia difícil se caracteriza como qualquer informação que gera sensações desagradáveis associadas aos diagnósticos e prognósticos de enfermidades. A comunicação deste tipo de informação pode alterar negativamente a expectativa do paciente/cliente/ usuário em relação ao seu futuro, o que deve ser avaliado em função de diversos aspectos existentes, como as condições clínicas do caso, a existência de recursos de enfrentamento, o contexto de cuidado, a rede de apoio, entre outros elementos de ordem subjetiva e quem nem sempre podem ser mensurados, mas sim compreendidos de modo dinâmico e em sua complexidade (Mochel, Perdigão, Cavalcanti, & Gurgel, 2010).

Outro protocolo frequentemente referido na literatura é nomeado como P-A-C-I-E-N-T-E e foi elaborado por Pereira (2010), baseado no protocolo de comunicação SPIKES e adaptado para a realidade brasileira. Este protocolo é constituído por sete etapas: P - Prepare-se, consiste em checar as informações a serem comunicadas aos pacientes, além de estar em um ambiente físico com privacidade e conforto; A - Avalie o quanto o paciente sabe e o quanto quer saber; C - Convite à verdade; I - Informe, isto é, compartilhe a informação em quantidade, velocidade e qualidade suficiente para que o paciente faça sua decisão; E - Emoções, consiste em dar espaço ao paciente em expressar suas emoções; N - Não abandone o paciente, ou seja, assegurar-se que o paciente receberá acompanhamento médico; T - Trace uma Estratégia, em suma, significa planejar os próximos cuidados a serem oferecidos e opções de tratamento (Pereira, 2010). Segundo o estudo realizado por Pereira, o protocolo foi considerado prático e útil, sendo que os participantes consideraram a etapa de não abandonar o paciente e a etapa de lidar com as emoções do paciente as mais difíceis contidas no instrumento.

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Nas etapas referentes ao protocolo SPIKES o profissional da saúde irá contextualizar e avisar o paciente que más notícias estão por vir. Avisá-lo dessas notícias pode diminuir o impacto que elas podem causar (Baile et al., 2000). Recomenda que a linguagem utilizada pelo médico seja compreensível pelo paciente, bem como o cuidado com sua fala, evitando ser "duro" (exemplo: "Você tem um câncer muito agressivo e a menos que inicie o tratamento imediatamente você vai morrer") (Baile et al. 2000). O lidar com as emoções do paciente é considerada a tarefa mais difícil da transmissão de más notícias, o profissional pode oferecer apoio e solidariedade ao paciente com uma resposta afetiva (Baile et al. 2000). As fases E e N do protocolo P-A-C-I-E-N-T-E, como também as etapas L e A do protocolo CLASS, vão ao encontro das duas etapas do protocolo SPIKES mencionada anteriormente. Ambas as etapas, A do CLASS e E do protocolo P-A-C-I-E-N-T-E têm como objetivo explorar as emoções, reconhecer e amparar as emoções dos pacientes. O diferencial é que na etapa N do protocolo P-A-C-I-E-N-T-E sugere que o profissional se comprometa com o paciente e não o abandone durante o tratamento (Pereira, 2010).

Cruz, C. O., & Riera, R. (2016). Comunicando más notícias: o protocolo SPIKES. Diagnóstico & Tratamento, 21(3),106-108.         [ Links ]

Como explicitado, essas etapas apresentam muito das características de consideração positiva incondicional que, segundo Rogers (1973), é sentir uma calorosa preocupação pelo seu cliente/paciente, demonstrando uma atmosfera de "eu me preocupo". Ou seja, é importante que o médico tenha o cuidado de pensar em como comunicar a notícia e os impactos que ela pode gerar na vida desta pessoa (Pinheiro, 2012). No mais, quando o profissional traça uma estratégia de tratamento, alcançando as necessidades do paciente e, sobretudo, respeitando suas escolhas, é uma forma de preocupação com a vida do paciente. O delineamento dessa estratégia no cuidado em saúde ainda é prioritariamente construído pelo profissional, em detrimento à elaboração, por parte da dupla profissional-cliente, de ações e metas para o cuidado. Em uma leitura rogeriana, haveria a necessidade de que tais decisões partissem de ambos os lados, ampliando as possibilidades de escuta sobre as necessidades do cliente nesse cenário.

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Andreoli, P. B. A., & Erlichman, M. R. (2008). Comunicação entre paciente, família e equipe no CTI. In L. K. Kitajima & M. Cosmo (Orgs.), Psicologia e humanização assistência aos pacientes graves (pp. 101-112). São Paulo: Atheneu.         [ Links ]

A forma de comunicar más notícias impacta diretamente na adesão ao tratamento por parte do paciente. Frente às dificuldades em comunicar más notícias, foram elaborados protocolos que auxiliassem os profissionais de saúde nesses momentos de maior vulnerabilidade. Este estudo teórico teve por objetivo aproximar as atitudes/condições facilitadoras descritas originalmente por Carl Rogers no contexto psicoterápico a três protocolos de comunicação de más notícias frequentemente relatados na literatura da área: SPIKES, CLASS e P-A-CI-E-N-T-E. Diversas etapas desses protocolos emergem como ações que se aproximam ora da congruência/autenticidade, ora da consideração positiva incondicional ou da empatia, tornando lícito afirmar que a comunicação de más notícias também possibilita o estabelecimento de uma relação de ajuda. Conclui-se que esta associação entre os protocolos e as três atitudes elaboradas por Rogers pode contribuir para a formação acadêmica dos profissionais de saúde e também no estabelecimento de um melhor vínculo entre médico, paciente e familiares.

Índice

Rodriguez, M. I. F. (2014). Despedida silenciada: Equipe médica, família, paciente - cúmplices da conspiração do silêncio. Psicologia Revista - Revista da Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde, 23(2),261-272.         [ Links ]

Victorino, A., Nisenbaum E., Gibello J., Bastos M., & Andreoli P. (2007). Como comunicar más notícias: revisão bibliográfica. Revista da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar, 10(1),53-63.         [ Links ]

É possível notar que a ideia central da teoria rogeriana de congruência/autenticidade está presente em algumas etapas dos protocolos SPIKES, P-A-C-I-E-N-T-E e CLASS. Tal ideia corresponde às etapas S e I do protocolo SPIKES, presentes também nas etapas P e A do protocolo P-A-C-I-E-N-T-E e, por fim, na fase C, do protocolo CLASS. Em geral, as etapas que fazem uma associação com a autenticidade são as primeiras sugeridas pelos protocolos. Isto vem do fato de que todas relacionam-se ao cuidado do profissional de preparar-se para o encontro, preocupando-se com o setting onde a conversa irá ocorrer, bem como estabelecer um bom vínculo com o paciente (Cruz & Riera, 2016; Baile et al., 2000; Pereira, 2010).

Apresentação

Terceira atitude facilitadora no processo de comunicação de más notícias: a compreensão empática

Borges, M. S., Freitas, G., & Gurgel, W. (2012). A comunicação da má notícia na visão dos profissionais de saúde. Revista Tempus Actas de Saúde Coletiva, 6(3),113-126.         [ Links ]

Serviços Personalizados

Leal-Seabra, F., & Costa, M. J. (2015). Comunicação de más notícias pelos médicos no primeiro ano de internato: um estudo exploratório. Revista de la Fundación Educación Médica, 18(6),387-395.         [ Links ]

Segundo Lino et al. (2010), assim como é difícil para o paciente receber a notícia, o ato de transmitir uma notícia desagradável é desconfortável também para o médico por vários motivos. Primeiramente, o médico/terapeuta se vê na situação difícil de lidar com emoções experimentadas pelo paciente/cliente e suas reações. Frente a esta situação, o médico/terapeuta tem a possibilidade de proporcionar ajuda por meio da sua congruência. Ou seja, ao vivenciar sentimentos desfavoráveis diante do paciente/cliente, o médico/terapeuta tem acesso a seus sentimentos de uma forma consciente, estabelecendo um encontro direto com o paciente/cliente, de pessoa para pessoa. Consequentemente, o advento de tal contato significa que o médico/terapeuta está permitindo-se "ser o que se é", portanto, sendo congruente (Rogers & Stevens, 1978).

Communicating Bad News: an Essential Tool in Undergraduate Medical School

Communicating Bad News: an Essential Tool in Undergraduate Medical School

Em termos da caracterização dessas atitudes, pode-se compreender que a autenticidade, também conhecida como congruência, envolve a necessidade de estar congruente consigo mesmo, integrado e harmônico, aberto aos próprios sentimentos, podendo escutá-los, elaborá-los e expressá-los. Ser congruente/autêntico envolve estabelecer uma correspondência entre o que o terapeuta experiencia e o que ele comunica ao cliente, sendo ele mesmo nessa relação (Moreira, 2010). Neste sentido, quanto mais o terapeuta se conhece e se ouve, mais apto ele está para ouvir o "ser" do outro. A atitude facilitadora de congruência quer dizer que o profissional deve ser o mais próximo possível do que é em suas relações, inclusive no encontro com o cliente, onde seja possível estar integralmente a serviço de ajudar e, consequentemente, coerente com o seu modo de ser, pensar, agir e de se relacionar (Rogers, 1977; Scorsolini-Comin, 2015).

Ao promover uma comunicação eficaz e humanizada, os profissionais de saúde podem melhorar a experiência dos envolvidos, garantir que os pacientes estejam bem informados em todas as etapas e, ao mesmo tempo, fortalecer a segurança e a qualidade do cuidado. A comunicação assertiva é um investimento valioso que gera resultados positivos tanto para os pacientes quanto para a equipe de saúde.

Como dar más notícias?

Para facilitar a comunicação das más notícias, os estudos sugerem: estabelecer uma relação médico equipe de saúde-paciente adequada; conhecer cuidadosamente a história médica; ver o paciente como pessoa; preparar o setting; organizar o tempo; cuidar de aspectos específicos da comunicação; reconhecer o que e quanto o ...

Quando foi criado o protocolo Spikes?

Poucos profissionais de saúde conhecem o protocolo SPIKES, que consiste em uma ferramenta composta por seis etapas para transmitir más notícias aos pacientes com câncer, desenvolvido em 2000 por médicos norte-americanos.

Que cuidados devemos ter ao transmitir a notícia de que a doença é incurável?

Quando vamos dar a má notícia, precisamos procurar minorar o sofrimento de nosso interlocutor, agindo no momento mais adequado; com disponibilidade de tempo; avaliando o estado emocional e psicológico do interlocutor; preparando-o para a notícia; usando linguagem clara e simples; mostrando tristeza, sem mostrar “culpa” ...

Quais são as fases preconizadas por spikes?

O Protocolo SPIKES
  • 1.1. Etapa 1 – S (setting up the interview)
  • 1.2. Etapa 2 – P (Perception)
  • 1.3. Etapa 3 – I (Invitation)
  • 1.4. Etapa 4 – K (Knowledge)
  • 1.5. Etapa 5 – E (Emotions)
  • 1.6. Etapa 6 – S (Strategy e Summary)

Como deve ser a comunicação diante da morte?

(2004, apud ARAÚJO 2009) afirma que os familiares necessitam ser informados sobre o que acontece e o que esperar do processo de morrer de seus entes, sendo de suma importância, portanto, o estabelecimento de uma comunicação clara, honesta e frequente com os membros da equipe de cuidado do paciente.

O que acontece quando recebemos uma notícia ruim?

Esta trajetória do processo de comunicação e entendimento de uma má notícia ocorre, habitualmente, ao longo de seis fases: choque inicial, negação, raiva, barganha, reconhecimento da perda e integração (2). O choque inicial faz com que muitas pessoas paralisem ao receber a má notícia. Elas ficam sem poder de reação.

Como dar a notícia que alguém morreu?

Então, continue a leitura.
  1. Seja claro e direto. Embora seja uma notícia triste e difícil de ser assimilada, a morte é uma realidade inevitável. ...
  2. Não minta. ...
  3. Crie um ambiente adequado para contar para as crianças.