Publicado originalmente em mangá e, posteriormente, adaptado para anime, Death Note conta a história de Light Yagami, um jovem estudante que encontra o Caderno da Morte. Este artefato tem o poder de matar qualquer ser humano que tenha o seu nome escrito em uma das páginas.
Mas não há de se creditar tudo à irracionalidade. A cada violência sem resposta corresponde uma vítima carente, sedenta de ajuda para retribuir a perda imposta e a dor sofrida. Foi o caso de Misa Amane, artista pop de aparência angelical que, durante um assalto em sua casa, teve os pais assassinados diante de si. Quando esses assaltantes-homicidas foram punidos por Kira, o autointitulado “Deus do novo mundo” ganhou a devoção incondicional da moça vitimada. No decorrer da história, até países reconheceram a autoridade da misteriosa força julgadora e programas sensacionalistas, como os da TV Sakura, vociferavam contra os que desafiassem a absoluta “Lei de Kira”.
43- Se um indivíduo com a posse de dois Death Note perder um, ele deixa de ver e ouvir o Shinigami atrelado aquele caderno, mas continua com as memórias envolvendo o Death Note;
Um exemplo disso foi quando alguns membros da Força-Tarefa Japonesa e o próprio L tocaram no Death Note que estava sob a posse de Kyosuke Higuchi, conhecido como Yotsuba Kira ou Terceiro Kira.
Aqui, o objetivo deles é terminar com as vidas dos humanos: cada um tem um caderno e sempre que escreve o nome de alguém, determina a hora da sua morte. O tempo de vida desse indivíduo é acrescentado à "conta" do Shinigami, tornando essas entidades praticamente imortais.
O novo Kira é Misa, uma jovem modelo que ganhou o seu caderno porque um Shinigami que a observava há muito tempo se apaixonou por ela. No momento em que ia ser assassinada por um stalker, a criatura resolveu matá-lo e salvou a vida dela, morrendo também em seguida.
Desde o começo, o detetive percebe que o assassino deve ter ligações com a polícia e não demora muito a desconfiar do filho do vice-diretor. Yagami, sempre atento, percebe isso e vai encontrando diversos modos de desviar as atenções.
Com o pai como vice-diretor da polícia, Light fica numa posição privilegiada para acompanhar todos os passos da investigação, encontrando formas de contorná-los. É então que as forças policiais chamam um antigo aliado e misterioso investigador conhecido por L.
Light chegou a criar um mecanismo em seu relógio onde escondia um pequeno pedaço de papel do Death Note e uma agulha. Este último objeto servia para furar o seu dedo e usar o próprio sangue como tinta para escrever na folha, em casos de extrema emergência.
Nesse meio tempo, Rem, a Shinigami, faz com que Misa toque numa folha do caderno e consiga voltar a vê-la, revelando que Light é o verdadeiro Kira. Misa ajuda a polícia a descobrir o novo dono do caderno, que finalmente vai parar nas mãos de L. No entanto, quando Light toca no objeto, recupera todas lembranças.
Tudo começa a fugir do controle de Light quando novas mortes começam a ser atribuídas ao Kira, sem terem sido causadas por ele. Através de vários vídeos enviados para uma emissora de TV, o novo assassino comunica com o público e vai matando pessoas aleatórias para provar o seu poder.
Mas isso não quer dizer que nome e sobrenome precisem estar seguidos. O dono do Caderno pode, por exemplo, pôr o nome de uma pessoa na frente da página e o seu sobrenome no verso.
Mesmo empregando o Death Note com o rigor das guilhotinas jacobinas, Light revela-se ciente da relatividade moral citada quando, no episódio 30, “Justiça”, admite: “Se o Kira for pego, isso faz ele mau. Mas se vencer e comandar o mundo, ele é a justiça”. Seriam o justo e o injusto, então, apenas um jogo de poder? Uma questão de quem dá as cartas? Por mais abstrata que a resposta possa ser, algumas realidades são sempre cruamente concretas: a da tirania, a da violência, a da dor e a do sofrimento. Quem sofre na carne pela força arbitrária do outro entende ser isso a manifestação de um mal, e as cicatrizes não somem só porque há na lâmina retórica afiada. A dor não é uma ideia.
A rigor, portanto, “Justiça Absoluta” é uma noção concebível apenas se habitarmos o Cosmos do Deus cristão e se for aplicada por esse Deus, pois sendo Ele onisciente e o princípio organizador universal, o Logos, a restauração da ordem justa entre os seres seria derivação de sua própria natureza divina, geradora, originária. Note-se que os deuses gregos não são capazes de levar o mundo a julgamento, absolvendo-o ou condenando-o conforme si mesmos, e isso porque, segundo já dito, não o criaram, mas surgiram a partir de suas estruturas, restando a estas submetidos. E aqui se chega à encruzilhada de Light Yagami: receber o poder de um deus, mas continuar humano.
Curioso como o Humano associa o poder, principalmente o punitivo, ao Divino. Talvez por intuirmos que impingir violência a um igual é tão perigoso e delicado que só se justifica por algo acima de nós; ou talvez pelos mais fracos gostarem de imaginar um Poder Superior capaz de castigar os abusos dos mais fortes; ou talvez, ainda, por desejarmos uma ordem fundante no mundo. A própria ideia de Juízo Final, ao admitir a salvação de uns e a condenação de outros por toda a eternidade, não trabalha com um senso iluminista de recuperação das pessoas, e sim com a restauração de um Princípio Absoluto de Justiça, que, por ser o Alfa e o Ômega, deve imperar apesar das pessoas.
Por exemplo, escrever que determinada pessoa morrerá atropelada por um ônibus NA LUA dentro das próximas duas horas. Obviamente que seria impossível isso acontecer, muito menos em tão pouco tempo.
Embora o mangá de Death Note tenha sido finalizado em 2006, a obra de Tsugumi Ohba e Takeshi Obata ainda continua muito popular, em especial pela sua adaptação em anime, que voltou a ser bastante comentada por conta de uma determinada reportagem em um canal de TV.