Você provavelmente já ouviu falar sobre a lenda do rei Arthur — seja em retratações de teatros antigos, seja em filmes como Rei Arthur: A Lenda da Espada (2017) e a animação da Disney A Espada Era a Lei (1963). Recentemente, a história voltou à tona graça a escavações realizadas em uma tumba de 5 mil anos relacionada à lenda.
Marion Zimmer Bradley baseou-se em escritos antigos para criar As Brumas de Avalon. Nos registros de quase 900 anos atrás, fala-se sobre a Ilha de Avalon, hoje Glastonbury, para onde Morgana teria levado Rei Artur. Siga a rota, abra caminho entre as brumas e boa jornada na Inglaterra.
As lendas foram escritas em torno do século 12, por dois autores: Geoffrey Monmouth e Chrètien de Troys. Porém não se sabe se eles estavam contando a história de um homem real ou reunindo mitos da época.
Rei Arthur foi um famoso guerreiro britânico de linhagem real que inspirou diversas lendas ao longo do tempo. Mesmo sendo um dos reis mais famosos de todos os tempos, não há indícios suficientes de que ele tenha realmente existido.
Apesar da origem galesa, a lenda também pode ser encontrada em versões inglesas e escocesas. Em todas elas, porém, o protagonista é um patriota que luta para proteger seu povo contra ameaças humanas e sobrenaturais, como bruxas, gigantes e dragões.
Apesar disso, Arthur também tinha jurado lealdade à Igreja Católica, por isso aceita se casar com uma jovem escolhida pelas lideranças cristãs. Seu nome era Guinevere e, apesar de prometida ao rei, ela estava apixonada pelo primo do mesmo, Lancelot.
Por isso, Merlin cria um grupo de 12 homens leais a Arthur, são os Cavaleiros da Távola Redonda. O nome não é em vão. Isso porque, eles se sentavam em torno de uma mesa arredondada que permitia que cada um visse uns aos outros e debatesse de forma igualitária.
Guinevere e Arthur não conseguiam ter filhos, apesar do rei já ter tido filhos bastardos. Outro fato surpreendente sobre o rei foi sua morte. Acredita-se que ele tenha sido morto por Mordred em uma batalha em Camelot.
À primeira vista, Glastonbury parece ser uma cidadezinha normal. Na rua principal, uma infinidade de lojas esotéricas. “É mais fácil comprar bolas de cristal do que camisetas por aqui”, me disse uma vez uma sacerdotisa. E é verdade. A realidade em Glastonbury parece ser outra. Aqui, assim como em As Brumas, é necessário abrir os olhos da alma para enxergar o que está além da ‘cidade dos padres’. A verdadeira Avalon não está no ver, mas no sentir.
O que nos traz aqui? Os escritos antigos. Os primeiros relatos sobre Rei Artur, Merlin e Morgana vieram do clérigo Geoffrey of Monmouth, nos anos 1100. No registro, ele escreve: “O que agora é conhecido como Glastonbury foi, em tempos antigos, chamado de Ilha de Avalon. É praticamente uma ilha, pois é completamente cercada por pântanos”. Mas Glastonbury não é uma ilha, certo? Hoje não, mas foi, no passado. Até hoje os campos em seu entorno precisam ser drenados quando chove.
Dominando todo o horizonte de Glastonbury está o Tor. A colina de formato ovalado, com suas misteriosas ‘camadas’ formando um labirinto é o ponto alto da cidade. É lá que as sacerdotisas de As Brumas de Avalon celebram o Beltane e tantos outros rituais sagrados. Mas para entrar em Avalon não basta subir a colina. É preciso senti-la, em cada passo que der. Suba com calma. Pare para contemplar. Segundo a mitologia celta, este é um dos portões de acesso ao reino das fadas. Permita-se sentir esta conexão.
Mas em que parte a tumba de milênios entra? Em sua versão mais famosa, a inglesa, em umas das cenas emblemáticas Arthur está lutando contra um gigante e, segundo a narrativa, quando o inimigo cai e morre, ele acaba deixando as marcações de seus cotovelos nas pedras. E essas pedras seriam o túmulo megalítico escavado.
Daí em diante, por meio de reproduções artísticas, o mundo passou a conhecer as lendas da rainha Guinevere, do mago Merlin, da espada mágica Excalibur, do Cálice Sagrado e outros contos de Camelot – personagens que nos fascinam até hoje.
Nos novos estudos envolvendo o local, no entanto, foi descoberta uma história ainda mais profunda e antiga. A 'Pedra do Rei Arthur' — localizada no condado de Herefordshire, na Inglaterra — é, na verdade, um túmulo megalítico, uma construção que consiste em grandes blocos de pedras, datado do início do período Neolítico, em 3700 a.C.
Fica claro que a imagem de Arthur é uma combinação perfeita entre realidade e fantasia. A saga se popularizou pela Europa a partir da Idade Média, mas ganhou força no início do século 19.
O pai de adotivo de Arthur reconhece a espada e percebe que, se o cavaleiro conseguiu pegar a arma, certamente ele era de uma linhagem nobre. Desse modo, o jovem toma consciência de sua história e volta para sua terra natal onde passa a ser líder do exército. Conta-se que ele chefiou e venceu 12 grandes batalhas.
Os pesquisadores também confirmaram que a obra é provavelmente datada do período Neolítico. Na época, houve intensa movimentação de habitantes por todo o continente europeu, inclusiva na ilha. Acredita-se que uma construção dessa dimensão certamente contribuiu para atrair trabalhadores para a região. “Isso deve ter aumentado a solidariedade social e talvez possa ter gerado prestígio para as pessoas que estavam no comando da construção”, concluiu Thomas.
Segundo um dos líderes do projeto, Julian Thomas, os corpos enterrados no local ainda não foram perturbados e nem irão, já que as escavações ocorrem apenas em volta da grande tumba. "Estamos fazendo isso com grande respeito e reverência. Certamente não somos, de forma alguma, ladrões de túmulos ou vamos tentar mexer com quaisquer restos humanos que possam ter sido depositados aqui a qualquer momento", assegurou Thomas ao jornal estadunidense USA Today.
6 - Onde ficava Camelot, o lendário castelo associado ao rei Arthur? A teoria mais recente, do especialista em literatura Peter Field, sugere que Camelot existiu em um antigo forte romano chamado Camulodunum, localizado em West Yorkshire, no Reino Unido. O professor argumenta que, em 500 d.C., a área pode ter sido um ponto bastante estratégico para esse tipo de estrutura. Field tem estudado a possível localização do castelo por 18 meses, mas novas pesquisas ainda devem ser conduzidas. Outras hipóteses incluem regiões como Somerset — o Castelo Cadbury —, Newport, no País de Gales, e Cornualha, no Reino Unido. A antiga Grã-Bretanha abrigou muitos fortes em montanhas e vários deles podem ter servido de esconderijo para Arthur e seus seguidores.
Porém, mesmo com a origem mais antiga sendo a galesa, as mesmas histórias também são encontradas em versões inglesa e escocesa — sendo a versão inglesa o conjunto de lendas mais conhecidas.
A tumba do Neolítico, logo, se relaciona a história de uma batalha travada entre o jovem rei contra um gigante, um de seus contos mais conhecidos. Como conta a narrativa inglesa, quando o inimigo morre e cai, ele deixa marcações de seus grandes cotovelos em um conjunto de pedras — pedras estas que seriam as do túmulo escavado.