A frase do título é de Adélia Prado: “O que a memória ama, fica eterno”. ... Quando nos damos conta, nossos baús secretos – porque a memória é dada a segredos – estão recheados daquilo que amamos, do que deixou saudade, do que doeu além da conta, do que permaneceu além do tempo.
É que a memória é contrária ao tempo. ... Nós temos pressa, mas é preciso aprender que a memória obedece ao próprio compasso e traz de volta o que realmente importou, eternizando momentos. Crianças têm o tempo a seu favor e a memória muito recente.
Prêmio Jabuti de Personalidade Literária
Adélia Prado: Com licença poética Quando nasci um... desses que tocam trombeta, anunciou: vai carregar bandeira. Cargo muito pesado pra mulher, esta espécie ainda envergonhada.
Gauche e coxo são palavras que têm sons parecidos e ambas conotam uma situação negativa, embora uma seja francesa e outra brasileira. Assim, nesse seu final, o poema de Adélia Prado sublinha a oposição entre o universo feminino e o masculino: ser coxo na vida é maldição pra homem / Mulher é desdobrável.
Quando nasci um anjo esbelto, desses que tocam trombeta, anunciou: vai carregar bandeira. Cargo muito pesado pra mulher, esta espécie ainda envergonhada. Aceito os subterfúgios que me cabem, sem precisar mentir. ... Mulher é desdobrável.
1. Feito à esquerda, com a mão esquerda ou da esquerda para a direita; feito às canhas. 3. Que é acanhado, tímido ou inseguro.