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Por que os chineses, culturalmente superiores aos europeus, não realizaram um renascimento cultural nos moldes italiano?

Por que os chineses, culturalmente superiores aos europeus, não realizaram um renascimento cultural nos moldes italiano? Essa é a pergunta que vamos responder e mostrar uma maneira simples de se lembrar dessa informação. Portanto, é essencial você conferir a matéria completamente.

Por que os chineses, culturalmente superiores aos europeus, não realizaram um renascimento cultural nos moldes italiano?


Cara Ana, É preciso analisar que a China nunca foi derrubada enquanto civilização e nem enquanto nação. Além disso, não tinha como referência a cultura da Antiguidade greco-romana, apresentando conhecimentos e tecnologia próprias. A “Idade das trevas”, com todas as características negativas, ocorreu, principalmente, na Europa, com base na queda do Império romano. Nesse sentido, para entender o motivo dos cientistas e artistas do renascimento irem em busca da Antiguidade Clássica no intuito de encontrar inspiração e conhecimentos, é preciso analisar como era o império romano e a enorme destruição que seu fim provocou, aspecto que não encontra paralelo na história chinesa. Os romanos possuíam características que ainda hoje nos impressionam. Imagine, por exemplo, que as cidades recebiam águas trazidas de fontes puras distantes, das montanhas, chegando através dos aquedutos. Os cidadãos mais importantes (e ricos) recebiam água encanada em casa. Os mais pobres podiam beber água nas diversas fontes da cidade, adornadas com belas estátuas. Havia banheiros públicos, nos quais embaixo dos sanitários corria água que levava os dejetos para longe das cidades (saneamento básico, coisa que muitas cidades não possuíam). Além disso, havia as termas, locais chamados termas com várias piscinas, com diferentes temperaturas (escravos aqueciam a água nas temperaturas desejadas). Todos os cidadãos romanos podiam (e deviam) tomar banho, frequentemente, nas termas, havendo áreas para homens e outras para mulheres. Nesse sentido, os romanos gostavam de se diferenciar dos bárbaros em razão de serem limpos e não cheirarem tão mal como os outros povos. Inclusive, havia o uso da energia hidráulica, a força dos rios, para movimentar engrenagens que moíam o trigo, auxiliando a fabricar o pão mais barato da Antiguidade. Imagine, ainda, que nos estádios eram exibidos espetáculos extraordinários, inclusive, enchiam o coliseu com água para realizarem batalhas com navios de verdade. A água era também rapidamente retirada para os espetáculos com os gladiadores, pessoas dos mais diferentes raças e povos, que lutavam contra animais trazidos de diferentes partes do mundo conhecido de então ou uns contra os outros. Nas cidades que criavam ou nas regiões que conquistavam, eles desenvolviam cidades com infraestrutura semelhante à Roma, utilizando uma espécie de cimento, feito de cinzas vulcânicas e outros elementos. Havia uma extensa rede de estradas, que favoreciam o comércio, de modo que a capital do império Romano reunia a melhor engenharia, tecnologia, conhecimento, poesia. Muitos enviavam pessoas para estudarem em Roma e aprenderem um pouco do enorme conhecimento acumulado em Roma, aproveitado da Grécia e de muitos outros povos. Dentro do império, havia relativa paz, a Pax Romana, com base no forte exército e autoritarismo de Roma. Fiz essa introdução para que entenda o que foi o fim do império Romano. Nessa época, os impostos estavam tão altos que o centro de Roma era um conjunto de mansões cercadas por “favelas”.  Com a queda de Roma, a Europa foi invadida por diversos bárbaros, que mataram, estupraram, saquearam e destruíram quase tudo o que havia. Com a ausência da água nas cidades, as pessoas fugiram em direção ao campo e aos locais em que havia rios e lagos. Bibliotecas foram destruídas, sábios e professores foram mortos, epidemias se espalharam. Houve o abandono das cidades, a falência das moedas, o comércio foi interrompido com o fechamento do Mar Mediterrâneo por tribos bárbaras. A Europa mergulhou na “Idade das Trevas”, pois as pessoas olhavam as ruínas das cidades e viam banhos públicos, encanamentos de água, obras de arte e de engenharia extraordinários. Comparavam a sujeira, a fome, o sofrimento, o trabalho excessivo e sem perspectivas de melhoria, a insegurança constante, a falte de médicos, dentre outras coisas, percebendo que viviam muito pior ao se compararem com os romanos. O número de pessoas alfabetizadas diminuiu muito. Mesmo as igrejas apenas aqueles das mais altas hierarquias aprendiam a ler. Muitos livros e conhecimentos foram perdidos. As pessoas, desesperadas pelas condições de vida, buscavam a igreja para conseguir paz, mesmo que fosse na vida após a morte. Doavam seus bens e suas terras para tentar garantir uma vaga no céu, de modo que a igreja católica chegou a ter mais de 60% das terras europeias. Enfim, conforme bem retratado no filme (e livro) “O nome da Rosa”, foram séculos de ignorância, misticismo, selvageria, sofrimento, dor, desespero, fome, nos quais havia uma estrutura de organização social baseada nos feudos, grandes propriedades de terra sob domínio do senhor feudal, que eram, praticamente autossuficientes, realizando, eventualmente, trocas. Portanto, as principais consequências foram o início do sistema feudal de produção, o aumento do analfabetismo, a expansão do misticismo, o aumento do poder da igreja, a falta de mobilidade social, a fuga das pessoas em direção às regiões rurais etc.