Assim, o exame de TOTG é indicado no diagnóstico de pré-diabetes e diabetes, principalmente em pessoas que possuem fatores de risco, além de também ser indicado a partir da 24ª semana de gestação para investigar a diabetes gestacional.
Esse exame é importante durante o pré-natal, sendo recomendado ser realizado entre a 24° e 28° semana de idade gestacional, e tem como objetivo fazer o diagnóstico precoce de diabetes tipo 2 e diabetes gestacional. Os níveis elevados de glicose no sangue durante a gravidez podem ser perigosos tanto para a mulher quanto para o bebê, podendo haver parto prematuro e hipoglicemia neonatal, por exemplo.
Apesar do exame ser normalmente feito após a 24ª semana, é possível também que seja feito antes dessas semanas, principalmente se a grávida possuir fatores de risco relacionados à diabetes, como excesso de peso, mais de 25 anos, histórico de diabetes na família ou ter tido diabetes gestacional em uma gravidez anterior.
A hiperglicemia na gestação está associada ao risco de diversos desfechos adversos maternos e fetais (Quadro 2). É importante destacar que os riscos associados ao diabetes na gestação podem ser reduzidos com o planejamento adequado da gestação e a otimização do controle glicêmico ao longo de todo o período gravídico.12
A realização destes exames é importante porque ajuda a diagnosticar alterações importantes que podem ser tratadas para que não afetem o desenvolvimento do feto. Entretanto, apesar da realização de todos os exames, há doenças e síndromes que só são descobertas após o nascimento do bebê.
A disglicemia é a alteração metabólica mais comum na gestação. Estima-se que aproximadamente 16% dos nascidos vivos são gerados por mulheres que tiveram alguma forma de hiperglicemia durante a gravidez. Aproximadamente 8% dos casos são de mulheres com diabetes diagnosticada antes da gravidez.1 O aumento da prevalência de gestações em mulheres com diabetes (DM) pré-gestacional acompanha o incremento da frequência de DM1 e DM2 na população feminina em idade fértil.2
Caso o médico verifique que se trata de uma gravidez de risco, pode indicar a realização de mais exames com o objetivo de avaliar o nível de risco e, assim, indicar medidas que possam diminuir o risco da gestação e possíveis complicações para a mãe e para o bebê. Alguns dos exames que podem ser indicados pelo médico são:
Normalmente, são realizados mais exames no primeiro trimestre de gravidez, já que é fundamental acompanhar a saúde da mulher nas primeiras semanas de gestação. A partir do segundo trimestre de gravidez, são solicitados menos exames, sendo mais direcionados para o acompanhamento do desenvolvimento do bebê.
A pesquisa do DM na primeira consulta de pré-natal fornece oportunidade de reduzir o risco de anomalias congênitas, além de alertar para a necessidade de rastreamento e tratamento das complicações crônicas do DM em mulheres que desconheciam o diagnóstico. A definição de DM diagnosticado na gestação (overt diabetes) se dá pela presença de níveis glicêmicos que atingem critérios de DM fora da gestação na gestante sem diagnóstico prévio de DM. 3,4 Gestantes que apresentam a medida da HbA1c no primeiro trimestre que atinja o critério para DM fora da gestação (≥6,5%) deverão também ser categorizadas como tendo DM diagnosticado na gestação (overt diabetes) (Figura 1).
O diabetes gestacional está relacionado principalmente com a resistência do organismo à insulina produzida pela mulher. Isso surge como uma consequência do aumento da concentração dos hormônios relacionados com a gravidez.
O exame TOTG é fundamental para as grávidas, pois permite que seja verificado o risco de diabetes gestacional. O exame é feito da mesma maneira, ou seja, a mulher precisa estar em jejum de pelo menos 8 horas e, após a primeira coleta, deve tomar o líquido açucarado para que depois sejam feitas as dosagens de acordo com a recomendação médica.
As coletas devem ser feitas com a mulher deitada confortavelmente para evitar mal-estar, tontura e queda da própria altura, por exemplo. Os valores de referência do exame TOTG nas gestantes é diferente e o exame deve ser repetido caso seja observada qualquer alteração.
O exame TOTG, também chamado de Teste Oral de Tolerância à Glicose ou exame da curva glicêmica, deve ser feito no laboratório e consiste na medição da glicose sanguínea após 2 horas da ingestão de uma solução de 75 gramas de glicose.
Muitos desses fatores de risco podem ser controlados ou tratados para diminuir a probabilidade da gestante desenvolver diabetes gestacional. Sobre isso, a FEBRASGO reforça que a prevenção da doença é, sim, possível na maioria dos casos.
O Grupo de Trabalho em Diabetes e Gravidez, reunido durante o XI Congresso Brasileiro de Diabetes em 1997, elaborou normas para o manejo do diabetes gestacional e pré-gestacional. Em 2001, nova reunião ocorreu visando atualizar os posicionamentos assumidos em 1997, a partir de novas evidências da literatura. Nesse documento os autores relatam que o rastreamento do diabetes gestacional deve ser universal e, para isso, é sugerido o emprego da glicemia de jejum a partir da 20a semana de gestação. Os pontos de corte para classificação de rastreamento positivo são 85mg/dl ou 90mg/dl; nos casos de rastreamento positivo, o exame recomendado é o teste oral de tolerância com 75g de glicose e os critérios para o diagnóstico do diabetes gestacional são duas glicemias de jejum ≥110mg/dl ou glicemia de 2h após o TTG ≥140mg/dl.
É importante que a glicemia seja monitorada durante a gestação para que sejam evitadas complicações para a mãe e para o bebê, além de ser fundamental para que seja estabelecido o melhor tratamento e adequação da alimentação, que deve ser feita com auxílio de um nutricionista. Confira algumas dicas no vídeo a seguir de alimentação na diabetes gestacional:
Além do exame de TOTG, que é indicado para todas as grávidas, mesmo aquelas que não apresentam sintomas ou fatores de risco para diabetes gestacional, é possível que o diagnóstico seja feito antes da semana 24 por meio do exame de glicemia em jejum. Nesses casos, é considerado diabetes mellitus gestacional quando a glicemia de jejum encontra-se acima de 126 mg/dL, quando a glicemia a qualquer hora do dia é superior a 200 mg/dL ou quando a hemoglobina glicada é superior ou igual a 6,5%. Caso seja verificada qualquer uma desses alterações, é indicada a realização do TOTG para confirmação do diagnóstico.
O TOTG não deve ser feito por pessoas que possuem glicemia acima de 126 mg/ dL, já que pode aumentar o risco de hiperglicemia desnecessária. Veja mais sobre a hiperglicemia.