Pedimos aos leitores e colaboradores que apontassem, entre poemas conhecidos de autores brasileiros e estrangeiros, quais são, em suas opiniões, os melhores publicados nos últimos 200 anos. Mais de 3 mil participantes responderam a enquete. A partir da opinião dos convidados, sintetizamos a lista reunindo os dez poemas mais citados. Os poemas estão classificados de acordo com o número de votos que obtiveram. Dois poetas brasileiros estão na lista: Carlos Drummond de Andrade e Ferreira Gullar. Por motivo de direitos autorais, alguns poemas tiveram apenas trechos publicados. O resultado não pretende ser abrangente ou definitivo e corresponde apenas à opinião dos participantes da enquete.
Manuel Bandeira (1886-1968) é autor de algumas obras-primas da nossa literatura. Último poema apresenta apenas seis versos, onde o poeta devaneia sobre seu processo criativo.
Anuncia, movido pela paixão, que a vida não deve ser poupada nem desperdiçada: o nosso tempo deve ser dedicado ao amor, propósito maior do ser humano. Juntos, os amantes não precisam se preocupar com prazos, datas ou "calendários". Vivem em um mundo paralelo, afastado dos outros e entregues um ao outro, porque sabem que "além do amor / não há nada".
A ação é situada em Minas, terra natal do autor, o que o aproxima do sujeito lírico. Ele está contemplando a natureza quando é atingido por uma espécie de epifania. Nas primeiras três estrofes, é descrito o seu estado de espírito: um "ser desenganado", cansado e sem esperanças.
Em seu poema Mulher Fenomenal podemos ver sua postura autoconfiante e determinada, desenvolvida ao longo de sua vida e na luta para vencer traumas sérios de infância.
Em "Memória", o sujeito poético confessa que está confuso e magoado por amar aquilo que já perdeu. Por vezes, a superação simplesmente não acontece e esse processo não pode ser forçado.
O poema nos estimula a trabalhar no que desejamos e a nunca desistirmos, sempre recomeçando quando for preciso. A resiliência é um aspecto muito presente nas criações de Cora Coralina e surge também em Aninha e suas pedras.
Nem mesmo o passado ou a morte surgem como refúgios. Contudo, o sujeito assume a sua própria força e resiliência ("Você é duro, José!"). Sozinho, sem a ajuda de Deus ou o apoio dos homens, continua vivo e segue em frente, mesmo sem saber para onde.
Com versos "simples e invulgares", nas palavras de Manuel Bandeira, Mario Quintana (1906-1994) figura entre os mais populares da poesia brasileira. E isso talvez se explique justamente por essa capacidade de falar fácil das coisas mais complicadas, como a vida, a poesia, a morte.
O poema mais famoso de Augusto dos Anjos é Versos íntimos. A obra foi criada quando o escritor tinha 28 anos e está publicado no único livro lançado pelo autor (chamado Eu). Pesado, o soneto carrega um tom fúnebre, um ar de pessimismo e frustração.
"Congresso Internacional do Medo" assume uma temática social e política que espelha o contexto histórico da sua criação. Depois da Segunda Guerra Mundial, uma das questões que mais assombrou poetas e escritores foi a insuficiência do discurso perante a morte e a barbárie.
Segundo o crítico Alfredo Bosi, o poema equilibra-se entre "rigor formal e temática participante", o que se evidencia pela métrica (redondilhas maiores) e pela forma crítica com que se abordam os problemas sociais.
Citando uma passagem da Bíblia, compara o seu sofrimento com a paixão de Jesus que, durante a sua provação, pergunta ao Pai por quê Ele o abandonou. Assume, assim, o desamparo que sente perante Deus e a sua fragilidade enquanto homem.
Mário Quintana é considerado o mestre da palavra, trabalhando com linguagens simples, analogias com questões sociais e constantes jogos de palavras.
O título escolhido para esse poema é uma palavra latina que quer dizer "ter amado". Os versos contam sobre um amor fulminante, uma paixão absoluta que domina completamente o sujeito.
Usando essa metáfora, o poeta apresenta o amor como uma dança onde os pares se trocam, onde os desejos se desencontram. Nos três primeiros versos, todas as pessoas mencionadas sofrem de amores não correspondidos, menos Lili "que não amava ninguém".
Em todas as idades, terminam de forma trágica, com assassinatos, guilhotinas e até suicídio, como Romeu e Julieta. Nas primeiras três estrofes do poema, o sujeito narra todos os fracassos e provações que o casal teve que enfrentar.