A Nova Versão Transformadora (NVT) é o resultado de um projeto iniciado em 2010 pela Mundo Cristão, juntamente com um comitê de tradutores especializados nas línguas originais em que o texto bíblico foi redigido. O objetivo, desde o princípio, foi produzir uma versão fiel e acessível, que comunicasse sua mensagem aos leitores de hoje de modo tão claro e relevante quanto os textos originais comunicaram aos leitores e ouvintes do mundo antigo.
Na tradução do Antigo Testamento, empregou-seo Texto Massorético da Bíblia hebraica, representado na Biblia Hebraica Stuttgartensia (1977), com seu amplo sistema de notas textuais e que constitui uma atualização da Biblia Hebraica de Rudolf Kittel (Stuttgart, 1937). Também houve comparações com os Manuscritos do Mar Morto, a Septuaginta e outros manuscritos gregos, o Pentateuco Samaritano, a Peshita Siríaca, a Vulgata Latina e outras versões ou manuscritos que esclarecem o significado de passagens difíceis.
Quanto aos nomes Jacó e Israel, usados de forma intercambiável tanto para o patriarca como para a nação, geralmente traduzimos “Israel” quando se refere à nação e “Jacó” quando se refere ao indivíduo. Nos casos em que a tradução do nome difere do texto hebraico original, fornecemos uma nota de rodapé que traz a seguinte explicação: “Os nomes ‘Jacó’ e ‘Israel’ são usados de forma intercambiável ao longo de todo o Antigo Testamento e se referem, por vezes, ao patriarca e, em outras ocasiões, à nação”.
• Quando o significado de um nome próprio (ou um jogo de palavras inerente a um nome próprio) é relevante para o significado do texto, ele é esclarecido numa nota de rodapé. Por exemplo, a nota sobre o nome “Eva” em Gênesis 3.20, diz: “O som do nome Eva é semelhante ao de um termo hebraico que significa ‘dar vida’”. Esse jogo no hebraico esclarece o significado do texto, que diz, na sequência: “pois ela seria a mãe de toda a humanidade”.
• Um dos desafios enfrentados foi como traduzir o texto bíblico antigo escrito num contexto em que termos masculinos eram usados para se referir à humanidade em geral. Era necessário respeitar a natureza do contexto antigo e, ao mesmo tempo, procurar tornar a tradução mais clara para o público moderno, cuja tendência é considerar que termos masculinos são voltados apenas para o público masculino. Muitas vezes, embora o texto original empregue substantivos e pronomes masculinos, a intenção é que a mensagem seja aplicada tanto a homens como a mulheres.
Por uma questão de clareza, traduzimos certos termos das línguas originais sempre da mesma forma, especialmente nas passagens sinópticas e em expressões retóricas repetidas com frequência, bem como em certos conjuntos de termos como os nomes divinos e terminologia técnica não teológica (p. ex., termos litúrgicos, legais, culturais, zoológicos e botânicos). Nas ocorrências de termos teológicos, deixamos espaço para um âmbito semântico mais amplo de palavras ou expressões aceitáveis em português como tradução para uma palavra hebraica ou uma palavra grega. Evitamos alguns termos teológicos que muitos leitores teriam dificuldade de compreender. Por exemplo, evitamos palavras como “justificação” e “santificação”, que são empréstimos de traduções para o latim. No lugar dessas palavras, oferecemos traduções como “declarar justo” e “tornar santos”.
Nossa expectativa, por fim, é que a NVT tenha superado algumas barreiras históricas, culturais e linguísticas que podem dificultar a leitura e a compreensão da palavra de Deus.Esperamos que, para os leitores que não conhecem a Bíblia, o texto seja claro e fácil de entender,e desejamos que os leitores versados nas Escrituras possam vê-las com um novo olhar. É nosso desejo, também, que os leitores adquiram instrução e sabedoria para viver, mas, acimade tudo, que encontrem o Deus da Bíblia, venham a conhecê-lo e, com isso, sejam transformados para sempre.
Ao contar com uma equipe de especialistas qualificados e revisores competentes num processo que permitisse a interação dos dois grupos ao longo do trabalho, a NVT foi aprimorada de modo que preservasse os elementos formais dos textos bíblicos originais e, ao mesmo tempo, criasse um texto claro e inteligível em nossa língua.
• Visto que os nomes dos meses hebraicos são desconhecidos para a maioria dos leitores contemporâneos e que o calendário lunar hebraico varia de um ano para outro em relação ao calendário solar usado hoje em dia, procuramos maneiras claras de comunicar a época do ano correspondente ao mês hebraico (p. ex., abibe). Quando o texto fornece uma tradução expandida ou interpretativa, apresentamos o texto literal na nota de rodapé. Nos casos em que é possível definir uma data antiga conforme nosso calendário moderno, usamos as datas modernas no texto. Uma nota indica, então, a data hebraica literal e o raciocínio pelo qual chegamos à nossa tradução. Por exemplo, Esdras 6.15 informa que o templo construído depois do exílio em Jerusalém foi concluído “no dia 12 de março, no sexto ano do reinado do rei Dario”. Nesse caso, a nota traz: “Em aramaico, no terceiro dia do mês de adar, do antigo calendário lunar hebraico. Vários acontecimentos em Esdras podem ser confirmados por datas em registros persas que sobreviveram ao tempo e relacionados com precisão ao calendário moderno. O ano foi 515 a.C.”.
• A linguagem metafórica por vezes é de difícil compreensão para o leitor contemporâneo, de modo que, em certas ocasiões, optamos por traduzir ou esclarecer o significado de determinada metáfora. Por exemplo, o poeta escreve: “Seu pescoço é como a torre de Davi” (Ct 4.4). Traduzimos: “Seu pescoço é belo, como a torre de Davi”, para esclarecer o sentido positivo pretendido pela símile. Um caso semelhante se encontra em Eclesiastes 12.3, que pode ser traduzido literalmente como “Lembre-se dele […] antes que os moedores cessem porque são poucos, e os que olham pela janela se escureçam”. Traduzimos: “Lembre-se dele antes que os poucos dentes que lhe restam já não possam mastigar, e antes que seus olhos deixem de ver com clareza”, apontando na nota de rodapé o texto original. Esclarecemos metáforas desse tipo somente quando nos pareceu que o leitor típico ficaria confuso com o texto literal.
No trabalho de tradução, buscamos deliberadamente oferecer um texto que pudesse ser entendido com facilidade por um leitor típico da língua portuguesa moderna. Para isso, procuramos usar apenas vocabulário e estruturas gramaticas de uso comum nos dias de hoje. A fim de tornar a NVT proveitosa do modo mais amplo e duradouro possível, evitamos linguagem que poderia se tornar desatualizada em pouco tempo ou que refletisse apenas um subdialeto restrito de nossa língua.
Nossa preocupação com a facilidade de leitura, no entanto, foi além das questões de vocabulário e estrutura gramatical. Também levamos em conta barreiras históricas e culturais para a compreensão da Bíblia e procuramos traduzir termos fortemente associados à história e à cultura de forma que pudessem ser entendidos com facilidade. Para isso:
• Convertemos pesos e medidas antigos (p. ex., “efa” [unidade de medida de secos] ou “côvado” [unidade de comprimento]) para equivalentes contemporâneos em nossa língua, visto que, de modo geral, as medidas antigas não comunicam seu sentido para os leitores atuais. Então, nas notas de rodapé, apresentamos as medidas literais em hebraico, aramaico ou grego.
Os tradutores da NVT se propuseram a transpor com clareza a mensagem dos textos originais das Escrituras para o português contemporâneo. Ao fazê-lo, levaram em consideração tanto aspectos da equivalência formal como da equivalência dinâmica. Isto é, traduziram o original do modo mais simples e literal possível quando essa abordagem resultasse num texto preciso, claro e natural. Muitas palavras e expressões foram passadas para o português de forma literal e semelhante ao longo de todo o texto,visandoà preservação de recursos literários e retóricos, metáforas antigas e escolhas de termos que conferem estrutura à tradução e fazem o sentido de uma passagem ressoar na passagem seguinte.
As traduções bíblicas são norteadas, em geral, por uma de duas teorias da tradução. A primeira abordagem é chamada “equivalência formal”, “literal” ou tradução “palavra por palavra”. O tradutor que segue essa teoria procura traduzir cada palavra da língua original para a língua nativa e tenta preservar o máximo possível a sintaxe e a estrutura das frases. A segunda abordagem é chamada “equivalência dinâmica”, “equivalência funcional” ou tradução “pensamento por pensamento”. Seu objetivo é produzir um texto que seja o equivalente natural mais próximo da mensagem expressada pelo texto original, tanto em termos de significado como de estilo.
• Também levamos em consideração passagens em que o texto se aplica aos seres humanos ou à condição humana de modo geral. Em alguns casos, usamos pronomes plurais (eles) no lugar do singular masculino (ele). Por exemplo, uma tradução literal de Provérbios 22.6 é: “Instrua o menino no caminho em que deve andar, e, quando for velho, não se desviará dele”. Traduzimos: “Ensine seus filhos no caminho certo, e, mesmo quando envelhecerem, não se desviarão dele”.
• Quando o significado de um nome próprio (ou um jogo de palavras inerente a um nome próprio) é relevante para a mensagem do texto, seu significado é, com frequência, esclarecido em uma nota de rodapé. Por exemplo, Êxodo 2.10 traz: “A princesa o chamou de Moisés, pois disse: ‘Eu o tirei da água’”. A nota diz: “O som do nome Moisés é semelhante ao de um termo hebraico que significa ‘tirar para fora’”.
• Quando nossos tradutores seguem uma variação textual que difere consideravelmente de alguns textos hebraicos ou gregos, registramos essa diferença numa nota de rodapé. Também acrescentamos notas nos casos em que a NTV exclui uma passagem que fazia parte do texto grego chamado Textus Receptus. Nesses casos, apresentamos na nota uma tradução do texto excluído, mesmo que seja reconhecidamente um acréscimo posterior ao texto grego e não faça parte do Novo Testamento grego original.
• Em vez de traduzir literalmente valores monetários antigos, procuramos expressá-los em termos que transmitissem o sentido mais amplo. Por exemplo, no Antigo Testamento, “dez siclos de prata” foi traduzido como “dez moedas de prata”, para comunicar a ideia pretendida. No Novo Testamento, houve várias ocasiões em que traduzimos “denário” como “uma moeda de prata”, a fim de facilitar a compreensão. Em seguida, explicamosem uma nota: “Em grego, 1 denário. Um denário equivalia ao salário por um dia completo de trabalho”. Em geral, fornecemos uma tradução clara em português e depois indicamos o texto hebraico, aramaico ou grego literal em uma nota de rodapé.