O Que Afetividade Na Escola?

O que afetividade na escola

A afetividade é um conceito complexo e multifacetado que desempenha um papel fundamental em nossas vidas. Ela está relacionada às emoções, sentimentos, vínculos e relações interpessoais que estabelecemos ao longo de nossa existência. A afetividade é uma dimensão essencial da experiência humana e influencia nossa forma de perceber, pensar, agir e nos relacionar com o mundo ao nosso redor.

Quando eu não gosto do professor, ele não me incentiva nem um pouco a estudar, eu só estudo pra passar, infelizmente, eu sou assim. Agora, quando é um professor que dá espaço, que incentiva, que não é diferente com o aluno, é igual com o aluno, o aluno estuda além do que é pra estudar, comigo é assim. Um professor que gostava muito, eu corria atrás, estudava, fazia pergunta (Estudante de Matemática).

Affectivity in the teaching relationship

A aprendizagem é produzida como resultado da interação entre o sujeito e o ambiente e se traduz invariavelmente numa modificação comportamental, porém, ao mesmo tempo, concede grande importância aos processos mentais ou encobertos que subjazem a esta mudança comportamental, que são postuladas pelo autor como conceitos, constructos, hipotéticos, a partir de resultados da pesquisa experimental.

Situações semelhantes são encontradas em outros países. Hess e Weigand (1994) e Moll (1999) testemunham que, na França, os professores substituem os antigos castigos corporais por outras formas de agressão contra seus alunos, como ameaças, humilhações e o terror das notas. Hess e Weigand (1994) citam, entre muitos exemplos, que uma professora leu na classe, para ridicularizar um aluno, uma carta escrita por sua mãe com erros ortográficos e estruturais na língua escrita, o que representou "uma tortura" para a criança.

Afetividade e Autocuidado

Afetividade e Autocuidado

Para Vygotsky (2003), o processo de internalização do conhecimento envolve uma série de transformações que colocam em relação o social e o individual. Ele afirma que  todas as funções no desenvolvimento da criança aparecem duas vezes: primeiro, no nível social; depois, no nível individual; primeiro entre pessoas (interpsicológica) e, depois, no interior da criança (intrapsicológica). Partindo desse pressuposto, o papel do outro no processo de aprendizagem torna-se fundamental e, consequentemente, a mediação e a qualidade das interações sociais. Exemplo disso é a interação dos alunos em sala de aula e nas suas brincadeiras na hora da recreação, pois um aprende com o outro.

Numa abordagem piagetianas, os autores Taille, Oliveira e Dantas (1992) dizem que a afetividade é a energia que impulsiona a ação; por isso ela é fundamental para o funcionamento da inteligência, mas não modifica a estrutura. A afetividade é a peça fundamental na constituição da inteligência, mas não é o suficiente. A inteligência permite organizar o mundo; a afetividade é a energia que move a ação, e a razão possibilita ao sujeito identificar seus desejos, sentimentos variados que o ajudarão a ter êxito nas suas ações. Para formar pessoas felizes, éticas, seguras de si mesmas e capazes de se relacionar com o outro e com o mundo que as cerca, faz-se necessária a afetividade desde o nascimento, sendo fundamental cuidar do aspecto afetivo no processo de ensino-aprendizagem e no desenvolvimento da autoestima, porque a criança é diferente cognitivamente em cada estágio de seu desenvolvimento; por isso cabe ao professor proporcionar ao aluno situações de interação que contribuirão na formação da sua identidade. A afetividade pode despertar interesse , motivação, desejos, valores, emoções, perguntas, respostas e o desenvolvimento da inteligência.

Aprendizagem

A falta de qualificação, os salários insuficientes, a instabilidade profissional, a deteriorização na carreira de professor e a precariedade das condições de trabalho contribuem para o sentimento de angústia vivido pelos professores, para seu baixo nível de autoestima e perda de seu amor-próprio (Madeira, 2000; Morosini, 2008). A perda de motivação e o "sofrimento psíquico" do professor não são restritos ao Brasil. No Canadá, por exemplo, nos planos de assistência, constata-se que 40,6% das declarações de invalidez são relacionadas a doenças nervosas e perturbações mentais (Carpentier-Roy, 1992). Tardif, Lenoir, Gauthier, Karsenti e Lessard (2003, p.10) constatam que "falta tempo aos professores para tudo fazer e seu nível de estresse aumenta diante dos obstáculos e das dificuldades múltiplas que eles encontram em seu trabalho cotidiano". Provavelmente, todos esses aspectos, aliados à indisciplina dos alunos, constituem fatores de estresse para muitos professores e podem afetar as relações entre eles e seus alunos. Questiona-se como um sujeito angustiado e pouco valorizado socialmente pode reconhecer o valor do outro, mostrar-se sensível a suas necessidades, aberto ao diálogo e empático, já que "o ser humano age em sua totalidade, quer dizer, com suas capacidades física e intelectual, mas também com seus afetos, seu ser psíquico" (Carpentier-Roy, 1992, p.158).

Para Arantes (2002, p. 162), “o papel da afetividade para Piaget é funcional na inteligência. Ela é fonte de energia de que a cognição se utiliza para seu funcionamento”, pois a afetividade é o combustível que a cognição utiliza para funcionar. Por isso, afetividade e cognição são diferentes, mas inseparáveis em todas as ações simbólicas e sensoriais-motoras. Afeto e cognição são resultado de uma adaptação continua e interdependente, em que os sentimentos exprimem os interesses e os valores das ações ou das estruturas inteligentes.

Afetividade e Trabalho

Afetividade e Trabalho

A afetividade só é estimulada por meio da vivência, na qual o professor-educador estabelece vínculo de afeto com o educando. A criança precisa de estabilidade emocional para se envolver com a aprendizagem. O afeto pode ser uma maneira eficaz de chegar perto do educando; a ludicidade, em parceria, é um caminho estimulador e enriquecedor para atingir uma totalidade no processo do aprender, quando há aprendizado de fato.

A afetividade desempenha um papel crucial no desenvolvimento humano, desde o nascimento até a idade adulta. Durante a infância, os vínculos afetivos estabelecidos com os cuidadores primários são essenciais para o desenvolvimento emocional saudável e a formação de uma base segura para a exploração do mundo. Na adolescência, a afetividade está relacionada à formação de identidade, busca de autonomia e estabelecimento de relacionamentos íntimos. Na idade adulta, a afetividade influencia a forma como nos relacionamos com nossos parceiros, filhos, amigos e colegas de trabalho. A afetividade também desempenha um papel importante no envelhecimento saudável e na qualidade de vida na terceira idade.

Pensar na construção de uma sociedade escolar mais justa e solidária é refletir sobre os valores e afetos que fazem a diferença humana nas relações escolares no dia a dia, em que cruzamos com alunos que carregam no rosto um ar de insatisfação e de mal-estar consigo mesmos e com todos à sua volta. O papel do professor é muito delicado porque necessita de um autoinvestimento afetivo na relação professor-aluno que ajudará no desenvolvimento da autoestima e eficácia na aprendizagem (Chalita, 2001). A relação do professor no desenvolvimento da autoestima, do autoconhecimento e da autoeficácia de alunos inseguros é muito importante para seu desenvolvimento escolar.

Afetividade e Desenvolvimento Humano

Nesse sentido, Antunes (2008) afirma que o professor muitas vezes é quem melhor pode ajudar o aluno a desenvolver e descobrir qualidades, talentos e surpreender-se com as revelações, com a responsabilidade, com a disciplina e a felicidade. A disciplina aumenta a autoestima do aluno e quanto maior for a autoestima do aluno, mais se tornará disciplinado, nutrindo assim esse ciclo de disciplina e autoestima. A escola tem papel fundamental no desenvolvimento socioafetivo da criança, estabelecendo a relação com o outro para o desenvolvimento da aprendizagem. Afirma Almeida (2005, p. 106):

Este trabalho tem o intuito de verificar as relações de afetividade professor-aluno e de como elas podem contribuir no processo de ensino-aprendizagem. São vários os fatores que interferem no processo de aprendizagem da criança. Porém, dentre tantos, a emoção que a criança sente ao aprender as primeiras regras, as quais se aplicam depois à sociedade, ou seja, a formação cidadã, advém de uma boa formação emocional.

A afetividade também desempenha um papel importante no ambiente de trabalho. Um ambiente laboral afetivo e saudável promove o bem-estar emocional, a satisfação profissional e o engajamento dos colaboradores. Relações interpessoais positivas, baseadas na confiança, respeito e cooperação, contribuem para um clima organizacional favorável e produtivo. Além disso, a afetividade no trabalho está relacionada à liderança eficaz, comunicação assertiva e resolução de conflitos. Por outro lado, um ambiente de trabalho hostil, desprovido de afetividade, pode levar ao estresse, esgotamento profissional e baixo desempenho.

A importância da afetividade para o processo de aprendizagem

As emoções são uma parte intrínseca da afetividade. Elas são respostas psicofisiológicas a estímulos internos ou externos que nos afetam de maneira positiva ou negativa. As emoções podem variar de intensidade e duração, e podem ser expressas de diferentes maneiras, como alegria, tristeza, raiva, medo, entre outras. A afetividade está intimamente ligada às emoções, pois elas influenciam nossos estados de humor, nossas reações comportamentais e nossa percepção do mundo.

As múltiplas demandas da profissão de professor, na atualidade, a exemplo do uso das novas tecnologias da informação e comunicação, da aplicação das políticas de inclusão - a implementação da Lei 10.639/03, que torna obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileiras nos ensinos médio e fundamental e da disciplina língua brasileira de sinais (Libras), inserida como disciplina curricular obrigatória, dentre outras medidas -, impõem aos responsáveis pela formação certa urgência em privilegiar os saberes ligados ao domínio cognitivo em detrimento daqueles ligados ao domínio afetivo. Mas isso não quer dizer que eles não deveriam incluir, também, no currículo dos cursos de formação de professores, componentes diretamente relacionados ao desenvolvimento dos saberes da dimensão afetiva.

Existe uma relação estreita entre os aspectos cognitivos, emocionais e afetivos. Teóricos da atualidade sugerem que esses domínios são inseparáveis (Berbaum, 1999; Barbry & Étienne, 1999; Damásio, 1996, 2000; D. Favre & C. Favre, 1998; Freitas, 2000; Hlynka, 1998; Martin & Briggs, 1986; Masetto, 2003; Rios, 2006). No entanto, o domínio afetivo permanece marginal na abordagem pedagógica da maioria dos professores, de modo que, historicamente, os elementos cognitivos são situados em prioridade (Moreno, Sastre, Leal & Busquets, 1999; Solé, 1996; Unesco, 2002). Por exemplo, no curso de aceleração para adolescentes e adultos em retardo no processo de escolarização, os professores dão prioridade ao aspecto intelectual desconectado da experiência cotidiana, evitando assim uma interação mais estreita com os alunos (Cianfa, 1996). Essa visão dicotômica (aprendizagem intelectual ou aprendizagem afetiva) pode apresentar duas explicações: a primeira se inscreve no próprio ensino superior, no qual, como testemunha Price (1998), o domínio afetivo não é encorajado na formação dos professores; a segunda explicação pode ser o fato de esse fenômeno ocorrer devido à complexidade dessa ligação (Price, 1998). Mas há sinais de que essa dicotomia seja em breve superada pelas teorias globalizantes, como a fenomenologia dirigida ao espírito e as correntes da psicologia que buscam o transpessoal e a transcendência (Fazenda, 1994). Nas últimas quatro décadas, o paradigma que fundamentava a prática pedagógica dos professores parece ter se esgotado. A escola está hoje diante do desafio de encontrar um funcionamento mais integrado para os aspectos afetivos e cognitivos presentes em toda aprendizagem escolar.

Como desenvolver a afetividade na escola?

Uma boa ideia para estimular a afetividade na Educação Infantil é promover uma roda de conversa com as crianças. Isso pode acontecer sempre em um momento específico da rotina, como logo no início da aula.

Como desenvolver a afetividade na sala de aula?

O professor deve conhecer seus alunos não somente no cognitivo, mas, também, no emocional. Conhecer e entender a criança para melhor trabalhar suas emoções é para o profissional uma tarefa difícil quando não se tem um preparo adequado para lidar com os conflitos emocionais em sala de aula.

Como desenvolver a afetividade?

Algumas formas de demonstrar afeto incluem: beijar, fazer massagem nas costas ou em outras partes do corpo, acariciar, aconchegar-se, abraçar e dar as mãos, fora outros métodos específicos seus ou da relação em questão. Com os amigos, por exemplo, você pode ter um toque específico de mãos.

Qual o perfil exigido do professor frente às novas demandas educacionais?

Portanto, o papel do professor diante das novas tecnologias é buscar qualificação, entender das inovações e utilizar os recursos disponíveis ao seu favor, consciente do seu compromisso com o educando e com a sociedade.

Qual seria o aluno ideal?

O aluno ideal é aquele que assiste a todas as aulas, participa ativamente das discussões, sempre tem algo de relevante para dizer sobre qualquer assunto, nunca se atrasa, está sempre de bom humor e leva os estudos a sério.