Com a inauguração de uma nova mina, na Bahia, o Brasil retomou, depois de cinco anos, a produção de urânio. O anúncio ocorreu em cerimônia nesta terça-feira (1º), na Unidade de Concentração de Urânio das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), no município de Caetité, e contou com a presença do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Durante o evento, foi feita uma detonação, simbolizando o início da lavra a céu aberto na Mina do Engenho.
Ainda assim, seu potencial como fonte de energia só começou a ser conhecido em meados do século XX. Hoje, o urânio é um importante elemento para alimentar os reatores nucleares e seus isótopos possuem diversas outras aplicações na indústria.
O urânio nada mais é do que um metal que ocorre naturalmente na Terra e possui aplicações desde a construção de escudos militares à geração de energia em usinas nucleares, dada a sua radioatividade. Mas o que é exatamente este elemento químico? Quais perigos ele pode oferecer à saúde humana?
“Trata-se de uma determinação do Presidente Jair Bolsonaro. Uma conquista para a INB e também para o país. Representa um fator importante para a geração de empregos e recursos para a região sudoeste da Bahia”, enfatiza o ministro Bento Albuquerque.
Segundo o Ministério de Minas e Energia, numa primeira etapa, a nova unidade tem capacidade para produzir 260 toneladas de concentrado de urânio por ano. Mas a expectativa é que, até 2025, esteja produzindo 1.400 toneladas de concentrado de urânio; e, até 2030, 2.400 toneladas anualmente, pois existe o planejamento de entrada de outra mina em operação, em Santa Quitéria, no Ceará.
Fonte: World Nuclear Association, INB (1, 2, 3), IBRAM, CDC
Como outros elementos, o urânio ocorre em ligeiras variações, os isótopos, diferenciados pelo número de partículas carregadas (nêutrons) em seu núcleo. Ele é uma mistura dos isótopos urânio-238 (U-238), que corresponde a 99,3% de sua composição, e do urânio-235 (U-235), que representa cerca de 0,7%.
O urânio em sua forma natural não é útil para a produção de energia: ele precisa passar por processo de enriquecimento para aumentar as concentrações do isótopo U-235. Assim, surge o urânio enriquecido, um isótopo físsil que produz energia ao sofrer fissão (rompimento) nos reatores nucleares.
Como combustível, o urânio enriquecido é milhões de vezes mais poderoso do que o petróleo. No Brasil, cerca de 99% da utilização do urânio-235 é voltada para a geração de energia e o restante é aplicado em pesquisas de medicina nuclear e na agricultura.
“Nós temos hoje duas usinas em operação, Angra 1 e Angra 2. A retomada da produção de urânio vai permitir que a INB continue fabricando elemento combustível e garanta que as usinas continuem gerando energia. Nós temos hoje, em Angra 2, uma geração de 1.305 Megawatts; e, em Angra 1, 640 Megawatts. Ou seja, 30% da energia do Rio de Janeiro é fornecida por essas usinas. Então, a importância está, em um dos pontos, na região do Rio de Janeiro ser abastecida; e a outra, na estabilidade do sistema interligado. As usinas em operação garantem também a estabilidade da região Sudeste, que é um centro de carga que distribui para o Brasil todo”, explica Grand Court.
No entanto, a ingestão acidental de altas concentrações de urânio pode acarretar graves consequências, como câncer nos ossos ou no fígado. Se inalado, pode gerar câncer de pulmão. O urânio é um elemento tóxico ao corpo humano e seus efeitos químicos podem ser mais nocivos e velozes do que os radioativos.
O urânio enriquecido também pode ser usado para fabricar bombas atômicas. Justamente pelo perigo que isso oferece, a produção do urânio-235 no mundo é rigidamente fiscalizada pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, na sigla em inglês).
“Estamos avançando nos ajustes necessários para atualização do marco legal da atividade nuclear. Muito em breve será criada a autoridade regulatória nuclear. Tal estruturação irá prover melhores condições tanto para o licenciamento e fiscalização como também para pesquisas na área de biociências, medicina nuclear, radiação de alimentos, meio ambiente e outras”, adianta o ministro.
A produção do urânio no país começou em 1982, com a produção e extração em uma mina em Poços de Caldas, em Minas Gerais. Durou 13 anos, da ordem de 1.200 toneladas, e abasteceu a Usina de Angra 1. A produção foi interrompida porque exauriu a reserva do metal. Ela foi retomada, em 2000, em Caetité, na Bahia. Em 2015, foi novamente paralisada, também porque a reserva se exauriu.
No Brasil, segundo o assistente para Governança do Setor Nuclear, do Ministério de Minas e Energia, Eduardo Grand Court, o urânio é utilizado, basicamente, para a produção de energia, dentro de usinas nucleares, e para a propulsão nuclear de submarinos. Ele destacou a importância da retomada do urânio para o país.
As duas principais aplicações do urânio enriquecido são como combustível para usinas nucleares e em reatores nucleares que operam navios e submarinos. A Indústrias Nucleares do Brasil (INB), por exemplo, produz o urânio-235 para abastecer as usinas nucleares de Angra 1 e 2.
O urânio, representado pelo símbolo U na tabela periódica, é um elemento químico metálico cujo número atômico é 92 e é o mais pesado entre todos os elementos naturais da Terra. Ele ocorre em baixas concentrações na água, nas rochas e no solo. O minério de urânio, por exemplo, pode ser encontrado no subsolo.
redução do dióxido de urânio com elementos altamente eletropositivos, como cálcio;