A Apple anunciou, nesta terça-feira (15), a sexta geração de seu relógio inteligente, o Apple Watch Series 6. Sem grandes mudanças externas em relação aos modelos anteriores, o novo dispositivo traz alguns recursos a mais, como o monitoramento do nível de oxigênio no sangue e da temperatura corporal.
O nível de oxigênio no sangue, ou SpO2, é a porcentagem do gás mais importante para a vida humana que a corrente sanguínea carrega do pulmão para o resto do corpo, mantendo as células vivas. Caso esse nível fique muito baixo, pode ser sinal de algum problema de saúde. A taxa considerada normal fica entre 95% e 100%.
Ou seja, apesar das poucas mudanças, o dispositivo chamou atenção ao oferecer algo que muita gente buscava para monitorar a saúde, justamente no momento em que uma doença respiratória assustava uma grande parcela da população. Afinal, com a medição do oxigênio no sangue, é possível detectar um quadro de covid-19 antes de outros sintomas aparecerem. E, claro, também ajuda a descobrir outras doenças a tempo de tratar.
Sendo assim, o relógio da Apple é capaz de fazer o monitoramento das principais funções do seu corpo. O eletrocardiograma exige que o próprio usuário abra o aplicativo para fazer a medição no aplicativo ECG, que é feita aliando a pulsação com o dedo indicador posicionado na Digital Crown. A empresa alerta que o Apple Watch não detecta ataques cardíacos, e o ECG é apenas um auxílio para ajudar a descobrir se há sinais de fibrilação atrial (batimentos irregulares) — que deve ser confirmado com um profissional de saúde e equipamento adequado.
Existem dois modelos do Apple Watch Series 6 em relação à conectividade: um apenas Wi-Fi e outro que oferece conexão com linhas móveis. Ambos exigem o uso de um iPhone para se conectar e enviar dados para o monitoramento, mas o 4G/LTE não precisa ter o celular por perto para atender chamadas ou receber e enviar mensagens na hora de sair para fazer exercícios.
O relógio inteligente da Apple também permite monitorar o ciclo menstrual. Ele possui bússola, e o altímetro sempre ativo detecta elevações acima do solo, para cima e para baixo, para ajudar no acompanhamento de exercícios e treinos.
As alternativas ao Apple Watch Series 6 vão depender do seu ecossistema, mais do que o que você busca em um smartwatch. A obrigatoriedade de ter um iPhone já torna impossível quem tem celular Android optar por qualquer modelo da Apple, e aí o jeito é partir para um Samsung Galaxy Watch 4, que tem funções bem próximas. O relógio da Samsung tem promessa de até 40 horas de bateria, mas não chega a um dia inteiro de uso, segundo testes do Canaltech.
O próprio usuário faz a montagem do relógio com as pulseiras, e o formato e desenho do Watch Series 6 permite que você o utilize no braço esquerdo ou direito, sempre com os botões no lado da mão. Isso garante que, independente de como você prefere usar o relógio, será da maneira mais confortável e acessível.
Na parte traseira, você encontra vários sensores que fazem a leitura do seu pulso, o que permite ao relógio medir pulsação e oxigenação no sangue, entre outras coisas. Também é possível fazer eletrocardiograma, com um sistema que lê o pulso e a ponta do seu dedo na Digital Crown. Além disso, a parte inferior do relógio inteligente tem um sistema magnético para fazer a recarga sem fio e duas pequenas alavancas para remover a pulseira.
O Watch SE monitora suas atividades com os círculos que mostram seus movimentos, exercícios e tempo em pé e inclui treinos como corrida, caminhada, ioga, bicicleta e até dança, além de se conectar a equipamentos de academia compatíveis. Também faz monitoramento de sono e praticamente todas as funções presentes no Series 6, exceto pelo nível de oxigênio no sangue e medição de batimentos cardíacos.
Ainda assim, é um dos melhores e mais completos relógios inteligentes disponíveis atualmente. O preço alto é, de certa maneira, justificável, mas o pacote completo fica ainda mais salgado já que você será forçado a comprar, também, um iPhone — caso tenha um celular Android no momento. A conta final pode não compensar, já que existem smartwatches compatíveis com o sistema do Google que entregam experiência muito próxima ao da Apple.
Como apoio, o Watch 6 utiliza um algoritmo no app Oxigênio no Sangue para calcular o nível entre 70% e 100% e permite medições periódicas, feitas quando o aparelho detecta que o usuário está parado, ou manuais, que precisam que o usuário fique parado para maior precisão.
Um ponto muito interessante são os mostradores. Diferente de outros smartwatches que eu já testei, o Apple Watch Series 6 permite a criação de uma galeria de visores, que você troca apenas deslizando a tela para os lados. Assim, é possível escolher vários tipos, como um em que o relógio ocupa todo o display, outro com informações de exercício e saúde e mais um com informações do horário em mais de uma localização, por exemplo. E usar o que for mais conveniente a cada momento do dia, sem precisar acessar as configurações para mudar.
Independente da versão que você escolher, ele tem Bluetooth 5.0, para você conectar fones de ouvido sem fio e escutar músicas durante o treino sem precisar ter o iPhone por perto. E aí entra mais uma vantagem do modelo LTE, que permite o acesso ao Spotify e outros serviços de streaming sem o telefone estar próximo. No modelo Wi-Fi, você precisa baixar as músicas e enviar para o relógio para escutar sem o smartphone.
Não que o modelo Wi-Fi deixe de funcionar sem conexão: ele guarda os dados e depois envia para o iPhone. Mas se alguém ligar ou enviar uma mensagem durante o período distante do telefone, o relógio não poderá notificar.
O tempo de recarga também não é ruim: em menos de uma hora e meia, seu relógio está pronto para a ação novamente. Se você sempre aproveitar o horário de tomar banho para fazer uma recarga, já garante um dia inteiro de uso monitorando sua saúde. Mas, claro, vai precisar levá-lo à tomada mais uma vez para preencher mais a bateria.
Além do Apple Watch 6, foi apresentada uma versão de “baixo custo” do relógio, o Apple Watch SE, que segue a mesma lógica de nomenclatura do iPhone SE — menos recursos e preço mais baixo. Trata-se, portanto, de uma edição especial que aproveita design e hardware de outros modelos para chegar a preço reduzido ao consumidor.
No quesito desempenho, não tem muito o que se preocupar. O Apple Watch Series 6 roda tudo o que você precisa de maneira suave, e mesmo com muitos aplicativos abertos ao mesmo tempo, não senti nenhuma travada durante os testes. O relógio tem hardware mais que suficiente para aguentar aquilo para o que foi projetado: um dispositivo secundário, que auxilia o celular em algumas tarefas enquanto monitora a sua saúde.
A caixa em si pode ser encontrada em diversos tipos de acabamento, e o modelo aqui testado foi o de alumínio, na cor azul, com 40 mm, para pulsos entre 130 a 200 mm. Também existe o modelo de 44 mm, recomendado para pulsos de 140 a 220 mm. Com relação ao material, há ainda opções em titânio e aço inoxidável e várias cores, como vermelho, prata, dourado, cinza, grafite e preto.