Existiam, basicamente, dois tipos de engenho, entendidos aqui não apenas como um instrumento de moenda da cana-de-açúcar, mas como uma unidade produtiva: os engenhos reais, movidos a água; e os trapiches, movidos por tração animal. Eram compostos pela casa-grande, onde morava o dono da grande propriedade, conhecido como senhor de engenho, e sua família; a senzala, onde ficavam os escravizados; a casa de engenho, onde era feita a moagem; a capela, onde as atividades religiosas eram exercidas; e a propriedade agrícola, onde estavam os canaviais, pastagens e terras dedicadas ao cultivo de alimentos.
O clima tropical abria a possibilidade para a plantação de gêneros agrícolas impossíveis de serem cultivados na Europa. Além disso, o solo de massapê do nordeste era muito fértil. Essa combinação de fatores fez o português Martim Afonso de Souza trazer para cá a cana-de-açúcar, um produto de origem asiática.
As rotas da América ao Velho Mundo exigiram um esforço no transporte muito maior do que as travessias das ilhas à Europa. A presença hegemônica dos flamengos na distribuição do açúcar português dos Açores e da Madeira marcou a progressiva transferência da primazia marítima de Portugal para a Holanda. Ainda mais grave que isso, representou também a progressiva drenagem do capital comercial luso para os Países Baixos.
Algumas câmaras, as mais importantes, ignoravam as autoridades lusitanas no Brasil, pois tinham representantes permanentes em Lisboa. Consequentemente, embora a soberania, de direito, coubesse à Coroa, o Estado Colonial, pelo menos em sua fase embrionária, foi, de fato, um instrumento dos latifundiários. Somente eles detinham o poder político da Colônia. Por isso, esse poder estava claramente disperso. Em cada área ou região, era a câmara respectiva que exercia o poder.
A qualidade do solo determinou outro nível de desigualdade nas concessões das sesmarias. Os canaviais nordestinos normalmente acompanharam as várzeas férteis dos rios, nas regiões onde predominava o massapé, tipo de solo adequado à lavoura açucareira.
Os produtores de açúcar dominaram a estrutura da colônia por meio das Câmaras Municipais, órgãos administrativos mais atuantes do Brasil nos primórdios da colonização. O raio de ação das câmaras, inteiramente dominadas pelos “homens bons” (proprietários rurais), tornou-se bem maior, na realidade, do que o estabelecido legalmente.
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Cabia-lhes fixar salários, preços de gêneros e valor das moedas. Podiam propor ou recusar tributos e montar expedições punitivas contra os silvícolas. Cuidavam da fundação de vilas e arraiais e proviam sobre o comércio e a administração pública em geral.
O açúcar era levado daqui para Portugal e para os Países Baixos, onde era refinado e negociado com o resto da Europa. Esta economia acabou beneficiando ainda mais os holandeses, ao ponto de que eles também passaram a investir na escravização e no tráfico negreiro para abastecer essa economia.
A vida no Brasil colônia se orientou, em boa parte, pela economia açucareira de plantation (tipo de cultivo onde vigora a produção de um único gênero agrícola destinado à exportação). Os latifúndios eram compostos pelo engenho e suas instalações; pela casa-grande, onde moravam os proprietários e agregados; pela senzala, onde habitavam os escravizados; pela capela; e pela lavoura, mais distante.
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Nos tempos do Brasil Colonial e da escravidão praticamente não havia mobilidade social. A estrutura social era muito rígida. No topo da pirâmide socioeconômica estavam os senhores de engenho, como eram chamados na época os donos das plantações e dos engenhos de açucar.
Após os portugueses perceberem que o Brasil não contava com metais preciosos em seu litoral, a atenção destes europeus voltou-se novamente para o comércio com o oriente, pela rota estabelecida por Vasco da Gama.
A possibilidade de se beneficiar a cana-de-açúcar acentuava a tendência discriminatória e elitista inerente ao sistema de colonização implantado na colônia. Mesmo que houvesse igualdade de condições entre os sesmeiros e que todos, superado o prazo de carência, se tornassem proprietários de canaviais em plena produção, logo surgiria a diferença entre os que se mantinham apenas como agricultores e aqueles que a esta condição acrescentavam a de senhores ou donos de engenho.
Percebe-se assim, no início do processo de colonização, uma clara tendência discriminatória, que caracterizaria todo o empreendimento e determinaria o tipo de sociedade da zona açucareira, por exemplo: a necessidade de um investimento inicial impossibilitaria a participação na empresa colonizatória de cidadãos metropolitanos desprovidos de fortuna. A própria distribuição da terra obedeceu a um critério seletivo. Além disso, acentuando o caráter elitista da colonização, a montagem e a operação dos engenhos também se tornariam privilégios reservados a poucos reinóis.