Sabemos que o cérebro ainda é um mistério constantemente explorado pela ciência, e ultimamente os estudiosos norte-americanos trouxeram um assunto pertinente à tona: o esquecimento, e o tamanho da importância que ele tem para o nosso cérebro e para a nossa memória. Pode parecer irônico, mas esquecer algumas informações é justamente um ponto muito importante para lembrar de outras.
"Mas é fato que muitas vezes é extremamente difícil escolher o que lembrar e esquecer e isso depende de muitos fatores, tanto habilidades pessoais — atores que lembram suas falas ou pessoas que têm dificuldade de lembrar nomes de outras pessoas; a intensidade e o significado do que aconteceu, como, por exemplo, um evento traumático ou muito bom", Dr. Luiz ainda observa.
Memória sensorial corresponde ao armazenamento de informações de todo tipo que chegam até os nossos sentidos. Podem ser estímulos visuais, auditivos, tácteis, olfativos, gustativos e proprioceptivos. Uma vez processadas, as informações são transferidas para a memória de curto prazo. O traço de memória sensorial permanecerá no sistema se receber atenção e interpretação. "Quando a informação é julgada importante, nós a movemos da memória sensorial para nossa memória de curto prazo", explica.
Para entender melhor sobre o assunto que chegou a render artigos da Universidade de Toronto, no Canadá, no laboratório de Frankland e publicados na revista Neuron, apoiado por doações do Conselho de Pesquisa em Ciências Naturais e Engenharia do Canadá (NSERC), um prêmio Google Faculty Research Award 2016 e uma concessão do Instituto Canadense de Pesquisa em Saúde (CIHR) e pelo Instituto Canadense de Pesquisa Avançada (CIFAR) como Associado e Associado Sênior, respectivamente, o Canaltech conversou com alguém da área que pudesse ajudar na compreensão dessa importância do esquecimento. Trata-se do Dr. Luiz Scocca, psiquiatra pelo Hospital das Clínicas da USP e membro da Associação Americana de Psiquiatria (APA).
De acordo com o psiquiatra, armazenamento é retenção do material codificado que fica armazenado na nossa memória de longo prazo e se mantém adormecido, esperando ser despertado por algum estímulo. O armazenamento de memória dá-se de três maneiras: memória sensorial, memória de curto prazo e memória de longo prazo.
Esquecer as coisas com facilidade geralmente é algo visto de forma pejorativa pela maioria das pessoas. Entretanto, um estudo realizado pela Universidade de Toronto, no Canadá, mostra que o esquecimento não é tão ruim assim.
Saber quando se preocupar com o esquecimento é importante para entender o momento certo de marcar uma consulta médica. Isso porque o esquecimento pode gerar muitos problemas para o paciente e sua família.
Esquecer, portanto, seria uma reação do órgão para se preparar para reflexões e decisões importantes. Com o ato, novas células podem ser formadas, tornando memórias antigas mais difíceis de serem acessadas.
No entanto, se o esquecimento não estiver relacionado às causas de estresse e ocorrer de forma frequente, principalmente quando se relaciona a situações importantes, como reconhecer um familiar, perder-se em locais conhecidos ou estar desorientado no tempo, deve ser a hora de buscar ajuda.
No entanto, pequenos lapsos de memória são aceitáveis em qualquer idade, podendo ser um pouco mais frequente nos idosos, mas isso não significa qualquer prejuízo se ocorrer de forma espaçada ou em períodos de estresse, por exemplo.
Os cientistas acreditam que o esquecimento acontece por conta de fatores externos, como o ambiente. Desse modo, esquecer nos permite interagir dinamicamente com o ambiente.
Ele ainda opina o seguinte: "De fato é interessante saber que acreditava-se que a perda da memória seria um processo passivo. Embora haja muito por descobrir sobre a biologia do esquecimento, o processo é ativo. Tanto que, no transtorno do estresse pós-traumático, o desafio é que o trauma volta o tempo todo na cabeça".
Nosso cérebro processa muitas informações ao longo do dia e algumas tarefas são realizadas quase que inconscientemente, apesar de envolver diversas áreas cerebrais responsáveis pela memória.
Através da memória de curto prazo, a maioria dos seres humanos pode lidar com aproximadamente 7 informações durante 30 segundos. Podemos estender esse período “ensaiando” a informação, repetindo os pensamentos em nossa mente, o que ajuda a movê-la para a memória de lingo prazo. Sem reiteração, a informação desaparece da memória de curto prazo em segundos. A memória de longo prazo está envolvida quando a informação precisa ser retida por intervalos tão curtos quanto alguns minutos (por exemplo, numa conversa) ou durante uma vida inteira (como memórias de infância). Uma metáfora comum é que a memória de longo prazo é a biblioteca do cérebro. E, como uma biblioteca tradicional, a informação na memória de longo prazo é classificada, arquivada e indexada de várias formas.
Fonte: Independent, University of Toronto
O esquecimento é a perda de uma informação que era armazenada na memória de longo ou curto prazo. O processo de esquecer, normalmente, é natural e ocorre com o tempo, porém também pode ser o sinal de uma condição mais séria.
"É importante haver uma espécie de equilíbrio entre o que se esquece e o que se reteve. Pessoas com grande memória autobiográfica tendem a tornarem-se obsessivas. Já pessoas que com baixa capacidade nessa área não conseguem aplicar experiências passadas no presente e planejar o futuro, embora sejam muito boas em trabalhos que requerem pensamentos abstratos", indica o psiquiatra. "Também é verdade que esse processo de esquecer é saudável para o cérebro, pois tira coisas já desnecessárias do caminho, evita essa sobrecarga, esse cansaço que certas lembranças deixam", conclui.
Todavia, quando o esquecimento é constante, torna-se essencial buscar ajuda médica para identificar as causas. Por isso, se quiser saber mais sobre o assunto, leia este post!