Olá, tudo bem? Em nosso post de hoje iremos discutir sobre uma questão que afeta diversos de nossos pesquisadores: qual o momento certo para ingressar em um curso de mestrado?
Prosseguindo na história da pontuação, encontramos que nos séculos XVII e XVIII, embora ainda vigorando aquelas duas orientações, a pausal e a gramatical, era a segunda a que, de fato, importava. E mesmo parecendo que a teoria pausal era a mais difundida, surgia a idéia de que a pontuação tinha um papel lógico a desempenhar. Na verdade, as duas orientações mais se complementavam do que se opunham. Segundo Tournier (1980:29), a melhor expressão desta concepção de pontuação se encontra em Beauzee:
Finalmente, vale frisar que as funções indicadas pela maioria dos autores afetam todos os níveis do discurso, podendo reforçá-las semanticamente. Além de organizarem sintaticamente o texto escrito, podem sinalizar diferentes significados. (Em Tournier, esta última é a função especificadora).
Para Catach (1980:22), a pontuação também deve ser vista na segunda perspectiva de análise: "sintaxe, pausas, entonação e sentido são absolutamente inseparáveis, mesmo se nós os distingüimos para análise". Além de ver a pontuação dentro da escrita e assumindo uma função supra-segmental, Catach a percebe como um assunto interdisciplinar, que no dizer de Gruaz (1980:8), poderia ser chamado de" ortotipográfico" . A autora considera a pontuação "um terreno de contornos fluidos, que parece limitar-se com os domínios da tipografia, da escritura e da língua" (Gruaz ,1980:.6).
Baker (1985), por exemplo, fala de dois sistemas de pontuação: o sistema fechado (rígido), que manifesta a estrutura gramatical da frase e o sistema aberto (livre), que tenta captar a expressividade da fala.
(1) o hífen, que sinaliza um laço através de um espaço (seja um espaço de palavra ou final de linha), mostrando que duas palavras devem ser tomadas como um conjunto, ou que duas letras estão separadas por uma quebra de linha;
Laufer (1980) propõe uma sistematização dos sinais a partir do ponto - o símbolo clássico. Aponta valores expressivos e valores rítmicos do ponto, complementando-os com signos subsidiários (variantes do ponto e da vírgula).
Historicamente, a marca de limite mais distintiva, palavras e frases, foi a primeira a ser introduzida: palavras marcadas por espaços (1), frases por pontos finais (2). A seguir, foram introduzidos no sistema de escrita os dois pontos (3) e a vírgula (4). Para limites mais frágeis se usa a vírgula e para limites mais fortes, os dois pontos. Ambos podem ser usados para separar orações, a diferença servindo para indicar parênteses internos. A vírgula também é usada para separar orações, e até palavras, dependendo das circunstâncias, como num pensamento posterior, ou numa lista. Uma distinção muito tardia foi feita entre dois pontos (3) e ponto-e-vírgula (5), tendo o primeiro uma especial implicação catafórica (referência para diante).
b.2) os sinais que permitem a interrupção da progressão normal da frase para nela incluir uma frase (ou várias), ou uma parte da frase (fazer inserções): são as aspas, os parênteses e os colchetes, o travessão duplo e a vírgula dupla. Esta categoria também se aplica à antecedente, só que chama a atenção para o fato de que, se o elemento inserido for retirado, a frase não se torna agramatical, como por exemplo: Ela sabia, é bem verdade, que não havia esperanças. X Ela sabia que não havia esperanças.
Sem intenções de adentrar o amplo e delicado terreno das relações entre o oral e o escrito, mas pretendendo fazer um recorte teórico conveniente à focalização de nosso objeto de estudo, convém elucidar um pouco a questão, recorrendo a Nunberg (1991).
Como vimos na abordagem histórica, a função primitiva dos sinais de pontuação era a de assinalar os lugares em que se poderia respirar durante a leitura em voz alta (praticamente a única forma de leitura existente). Entre os gramáticos do século XVIII, havia um consenso de que esta era a razão básica da pontuação. Com o desenvolvimento da leitura visual, esta função passa a ser menos percebida pelo leitor. Mas ela ainda é bem nítida para os escritores, em oposição à pontuação lógica. É provável que, ao escreverem, eles experienciem a "imagem da audiência", com entonações específicas, acentos, pausas, ritmos e qualidades de voz, ainda que a escrita disponha de poucos meios para mostrar estas características (Chafe, 1987/a:2). Para este autor, trata-se da "prosódia encoberta da linguagem escrita", muito clara para o escritor ou redator reflexivo.
Uma classe particular de grafemas, essencialmente pleremas (puros ideogramas ou os mais plerêmicos dos grafemas), que guardam afinidades com os morfogramas (transcrição dos morfemas), derivados do oral, aos quais se atribuem funções de pausa e de entonação.
Até aqui, apresentamos em detalhe as propostas de classificação de Halliday, Catach e Tournier. Deixando à parte os inúmeros manuais prescritivos de pontuação, complementaremos nosso quadro de referência geral, mencionando, ainda, outras posições, embora não tão específicas quanto às categorizações apresentadas anteriormente.
Smith (1982:156) enfatiza a relação da pontuação com a significação e a gramática, desconsiderando os sons da fala. Para ele, a pontuação marca como o sentido evolui no texto, permitindo conectar e encaixar significados. Ao lado da pontuação que representa significados, ele considera a pontuação que representa convenções da escrita necessárias para manter sua consistência (a da escrita).
O primeiro ponto a se destacar é o fato de não haver uma biunivocidade perfeita entre tipo de pontuação e função. Assim, os mesmos sinais podem assumir valores diferentes, desempenhando mais de uma função. Em Halliday, por exemplo, vimos que o ponto tanto marca limite, como status e que as aspas, por servirem para criar diferentes efeitos expressivos, são os sinais de uso menos definido.
Outro texto fundamental citado por Desbordes é o de Quintilien sobre a pronúncia do orador que devia combinar tanto indicações de sentido, como necessidades de respiração (Desbordes, 1990:239).
Um outro aspecto surpreendente na pontuação é que, ao contrário da sintaxe verbal que avança linearmente, elemento por elemento, um só signo pode se comportar como uma espécie de "suprasegmento", capaz de atribuir a uma vasta porção do texto valores e nuances variados (D): exclamação, interrogação, ironia, ênfase, dúvida, negação total do que vinha sendo dito, insinuação, distanciamento, citação numa citação, discurso direto num discurso indireto ou numa narração, cortes do assunto, mudanças de foco ou sinfonia de muitas vozes. Essas variações podem ser visualizadas, por exemplo, num texto de teatro, onde com alguns traços e pontos sobre uma página plana podem-se criar duas dimensões. Mas foi com o romance que a pontuação atingiu uma dimensão maior, permitindo animar e atualizar, opondo a narrativa à fala das personagens.