Pelo segundo dia consecutivo, Manaus acordou escuro, nas cinzas. O motivo é alarmante: um incêndio de grandes proporções atingiu a região Amazônica, resultado do desmatamento ilegal e do tempo seco, somados ao fenômeno do El Niño.
A análise indicou que, para algumas espécies, mais de 60% do habitat foi queimado pelas chamas em algum período dessas últimas duas décadas. E embora para a grande maioria de plantas e animais amazônicos a área impactada represente menos de 10% de sua ocorrência, os pesquisadores ressaltam que, quando se trata da maior floresta tropical do mundo, pouco pode ser muito. “Qualquer habitat perdido já é demais”, destaca Danilo Neves, professor de Ecologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
“Na época, os incêndios chamaram muito a atenção da mídia internacional e ficamos interessados em entender melhor as consequências disso, onde o fogo aconteceu e que áreas eram ocupadas por fauna e flora”, revela o biólogo Mathias Pires, professor e pesquisador do Departamento de Biologia Animal da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Esta reportagem foi produzida em colaboração com a Landscape News para aumentar a conscientização sobre tópicos relevantes para a próxima Conferência Digital Global Landscapes Forum Amazônia: Ponto de Inflexão (21 a 23 de setembro de 2021). Inscreva-se aqui.
“Ficamos surpresos ao descobrir que o habitat da maioria das espécies de plantas e animais já foi afetado por incêndios e que esse impacto continuou a aumentar ao longo do tempo, apesar dos melhores esforços de conservação”, afirma Brian Enquist, professor de Ecologia and Biologia Evolutiva da Universidade do Arizona e autor sênior do artigo.
De acordo com o diretor do Inpe Givan Sampaio, a previsão é que haja chuvas isoladas no estado nos próximos 30 dias, mas elas "não devem contribuir para reverter o cenário" e seguirão abaixo da média.
— Vemos com muita gravidade essa situação e a tendência é continuar por cerca de 30 dias. Se for necessário, vamos fazer remanejamento de brigadistas de um estado para outro — informou o titular do Ibama em entrevista a jornalistas.
O estudo, que envolveu pesquisadores de universidades e instituições dos Estados Unidos, Brasil e Holanda, analisou dados sobre a distribuição do fogo na Amazônia entre 2001 e 2019 – este último, certamente, um dos anos em que a região teve um índice recorde de grandes queimadas, apesar do grande volume de chuvas.
Há três dias, uma onda de fumaça decorrente de fortes queimadas encobre Manaus, colocando a capital do Amazonas entre as cidades com uma das piores qualidades de ar do mundo, segundoz monitoramento da plataforma World Air Quality Index.
Com a quantidade de focos de incêndio, é difícil que a nuvem de polução deixe Manaus tão cedo. Moradores temem que ela só se extingua quando chover — e a previsão do estado é de estiagem por quase todo o mês de outubro.
Conforme dados do Inpe, 12% dos focos de incêndio ocorreram em Lábrea, uma das cidades campeãs de desmatamento no país. Cidades da Região Metropolitana de Manaus, como Autazes e Careiro também estão com altos registros de incêndios: 236 e 133, respectivamente. Somente na última terça, houve mais de 500 queimadas no estado, quando o problema se acentuou e os efeitos começaram a chegar à capital.
Nas redes sociais, moradores de Manaus relatam dificuldades para respirar e enxergar devido à quantidade de fumaça. Nesta sexta, o Ministério da Saúde alertou para o aumento de doenças e agravos, como doenças gastrointestinais agudas, desidratação, doenças respiratórias, acidentes vasculares e alergias.
Desde 2019, o desmatamento e os incêndios fizeram com que a Amazônia brasileira perdesse cerca de 10 mil km2 de cobertura florestal por ano, um aumento bastante expressivo e alarmante em relação aos registros da década passada, quando a redução anual da floresta beirava os 6.500 km², de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
“Ele é uma espécie que depende muito da floresta em pé. Os macacos precisam das árvores para seu deslocamento, alimentação e abrigo. Eles quase nunca se deslocam ou se alimentam no chão”, diz Pires.
Ao avaliar duas décadas de incêndios, entre 2001 e 2019, o estudo pôde constatar o impacto das políticas ambientais sobre os ciclos de desmatamento na Amazônia, e de como maior ou menor fiscalização têm reflexos diretos na extensão e volume de queimadas.
Segundo o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, a tendência é que a onda de queimadas no Amazonas continue pelos próximos 30 dias. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e outras autoridades da pasta anunciaram nesta sexta-feira o reforço de 149 brigadistas federais para auxiliar no combate a incêndios florestais no estado.
O Brasil já sabe o que precisa fazer para voltar a preservar a Amazônia, reduzir o desmatamento, evitar incêndios e consequentemente, proteger o habitat de milhões de espécies de plantas e animais. A fórmula existe e foi usada no passado: maior comprometimento com a causa ambiental, fiscalização eficiente, monitoramento da floresta e valorização dos órgãos do setor.
— Não existe fogo natural no Amazonas, ou é feito propositalmente por criminosos ou é por desmatamento. Outro grande fator é a estiagem causada pelo El Niño — declarou Marina Silva. — Estamos vivendo uma situação atípica.
Entre 2001 e 2008, a falta de uma fiscalização ambiental rigorosa no país servia de combustível para o registro de incêndios mais frequentes e em áreas extensas. No período seguinte, entre 2009 e 2018, as políticas de controle ao desmatamento conseguiram conter o desflorestamento, mas em 2016, apesar de a lei brasileira para a proteção do meio ambiente ter sido considerada um exemplo mundial, houve um afrouxamento na fiscalização – com isso, o desmatamento voltou a crescer na Amazônia.
A origem de 54% dos focos de incêndio na Amazônia é o desmatamento. A informação foi divulgada na última 6ª feira (21. ago. 2020), com base em informações de um novo sistema de monitoramento de queimadas na Amazônia feito pela Nasa.
Os incêndios florestais podem ser causados por: – fagulhas provenientes de locomotivas ou de outras maquinas automotoras, consumidoras de carvão ou lenha; – perda de controle de queimadas, realizadas para “limpeza” de compôs; ... Os incêndios florestais causam danos materiais, ambientais e humanos.
Quais são as 5 causas mais comuns de incêndio?
A floresta tropical úmida não pega fogo sozinha. Quando se fala de queimadas na região, é porque alguém acendeu o fósforo.
Trata-se do contato da chama com qualquer material, provocando aquecimento capaz de gaseificar o combustível, iniciando a combustão. Aí se enquadram as pontas de cigarro, velas, palitos de fósforos acesos, balões, fogos de artifícios etc.
Principais causas de incêndio
Além de destruir a vegetação nativa e matar muitos animais selvagens, um incêndio florestal também pode causar sérios prejuízos financeiros e, até mesmo, colocar em risco a vida de pessoas e de animais domésticos.
Uma queimada é um processo de queima de biomassa vegetal (madeira, palha, vegetação viva). Seus efeitos muitas vezes excedem a escala local, afetando a composição da atmosfera e contribuindo para as mudanças climáticas.
Perigo à saúde humana “Por conter vários elementos tóxicos ao nosso organismo, a fumaça liberada durante as queimadas agrava algumas doenças respiratórias, como a asma, bronquite, sinusite, rinite e a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)”.
Entende-se que essas queimadas se constituem num tipo de prática utilizada no meio rural como uma das mais tradicionais realizadas pelo homem para limpeza do solo. ... Em seguida, com o plantio de cereais diversos.
Para isso, é necessária a obtenção de uma autorização do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama). De acordo com a Embrapa, quando descontroladas, as queimadas passam a ser caracterizadas como incêndios.
A queimada é um processo de queima de biomassa que pode ocorrer por razões naturais ou ser provocada pelo homem. Sua evolução passa pelos estágios de ignição, chamas, brasas e extinção. A ignição depende do material a ser queimado (biomassa) e de fatores ambientais como temperatura, umidade relativa do ar e vento.
Agora, o Pantanal. Donald Trump e Jair Bolsonaro, que chegaram aonde chegaram menosprezando a crise do clima e a preservação ambiental, gostam de atribuir queimadas a causas naturais. Estiagens prolongadas ressecam a vegetação, que pega fogo com qualquer raio.
Quando há uma queimada, além da liberação de gás carbônico (CO2), são liberados também gases-traço como metano (CH4), monóxido de carbono (CO) e nitroso de oxigênio (N2O). A parte da biomassa que não queima na queimada inicial, que é quente, com chamas, também será oxidada.
No Brasil há registros da utilização das queimadas desde o período colonial, quando já era usada para retirada da cobertura vegetal original antes do plantio e ou formação de pastagem. ... Além do custo e rapidez, a queimada é considerada por alguns agricultores como uma ferramenta de fertilização do solo.
Descubra como evitar as queimadas com algumas atitudes simples que podem salvar vidas.
Não colocar fogo em lixo, mesmo que nas residências ou áreas abertas, pois uma fagulha pode ser transportada pelo vento e atingir áreas distantes, dando início a um outro foco de queimada. ... A melhor solução para as queimadas é a preservação ambiental e a prevenção dos focos.
Zoneamento complementa estratégia, mas avançou pouco. Outros eixos estratégicos do Ministério do Meio Ambiente para diminuir as queimadas e o desmatamento na Amazônia são o zoneamento da região e o incentivo à bioeconomia.
Governo brasileiro promove ações contra queimadas e desmatamento ilegal na Amazônia. ... Em resposta, o Governo Federal editou decreto de Garantia da Lei e da Ordem Ambiental (GLOA), publicado em 24 de agosto, que autoriza o uso das Forças Armadas no combate às queimadas na Amazônia.
Resposta: Promover ações. Explicação: Operação Verde Brasil reúne diversas áreas do governo brasileiro para combater o fogo.
A criação e o gerenciamento de unidades de conservação como parques nacionais e reservas extrativistas são importantes estratégias para se proteger a biodiversidade da região amazônica. Na Amazônia brasileira, aproximadamente 120 milhões de hectares distribuem-se por 287 unidades de conservação.
Além disso, um planejamento urbano adequado pode evitar a degradação de áreas verdes dos municípios, a melhoria de transporte público diminuiria o tráfego urbano e a poluição do ar e a estruturas dos espaços em acordo com áreas verdes ajuda na filtração do ar e na minimização de enchentes por apresentar escoamento de ...