O Dadaísmo é um dos movimentos artísticos que surgiram no decorrer da história da arte, e este tem um feitio original e peculiar, se me permite opinar. Caso você ainda não o conheça, no decorrer do texto você entenderá o seu caráter curioso de acordo com o contexto em que surgiu.
Em francês, “dada” é um termo usado para “cavalinho de pau”, mas também remete às primeiras palavras de uma criança, e foram essas ideias de infantilidade e absurdo que o grupo de jovens artistas exilados na Suíça abraçou.
Para tentarmos entender melhor o movimento, deixo aqui um trecho duma poesia de Tristan Tzara sobre o Dadaísmo: "sou por princípio contra os manifestos, como sou também contra princípios".
Hugo Ball (1887-1966) e a esposa compraram um bar em 1916. O espaço, transformado em cabaré (o famoso Cabaré Voltaire) acabou por reunir uma série de artistas e contestadores da guerra.
Foi no bar que se tornou um cabaré que os artistas passaram sistematicamente a se reunirem propondo produções contestadoras e polêmicas. Não a toa o grupo ficou conhecido como o mais radical movimento da história da arte.
Um diretor de teatro chamado Hugo Ball, em conjunto com a sua esposa decidiram abrir um café literário, cujo objetivo - além de servir cafés - era abrigar artistas exilados de guerra, e foi inaugurado no dia 1 de fevereiro de 1916. E foi neste mesmo café que surgiu o dado movimento.
Trata-se de uma ideologia completa, que adota a absoluta rejeição como forma absoluta de se viver, por mais que seja contra as formatos, ainda é uma forma de se pensar. O Futurismo e Expressionismo vão contra algumas idéias do Impressionismo e Realismo, enquanto os primeiros buscavam a beleza interna, do pensamento e da inovação, os segundos buscavam a beleza natural, que já existe e que quando um quadro é bem feito, é por que ele conseguiu captar essa beleza. Já no caso do Dadaísmo não é nem um, nem outro. A beleza eterna, única, não existe no dadaísmo, seja na natureza, pensamento ou até na estética anatômica humana.
Encabeçados por Tristan Tzara, Marcel Duchamp, Raoul Hausmann e outros grandes nomes, o grupo provocou verdadeiras rupturas no sistema artístico de então e influenciou uma série de gerações que vieram a seguir.
Os dadaístas procuravam desmistificar a arte: riam da arte conservadora, riam do outro e riam de si mesmos. Eles prezavam uma espontaneidade absoluta que muitas vezes culminava em sátira e galhofa.
Sobre o contexto histórico do qual o Dadaísmo surge, é como se fosse o filho não abortado da cultura européia durante a Primeira Guerra Mundial.
Dadá é a vida sem pantufas nem paralelos: quem é contra e pela unidade e decididamente contra o futuro; nós sabemos ajuizadamente que os nossos cérebros se tornarão macias almofadas, que nosso anti dogmatismo é tão exclusivista como o funcionário e que não somos livres e gritamos liberdade; necessidade severa sem disciplina nem moral e escarramos na humanidade.
Assim, o poeta francês Stéphane Mallarmé misturou e espalhou palavras pela página para criar poesia, usando imageticamente a escrita e influenciando autores que viriam a seguir, incluindo T.S Eliot e Ezra Pound.
Influenciada por outros movimentos de vanguarda, a produção dadaísta foi muito diversificada, indo da arte performática à poesia, passando pela fotografia, escultura, pintura, colagem e literatura.
O Dadaísmo foi um interessantíssimo movimento artístico iniciado em 1916 por jovens inquietos e polêmicos que pretendiam encontrar uma nova maneira de se pensar e fazer arte.
Neste mesmo café, músicos e poetas se juntavam, formando um ambiente naturalmente artístico, que atraía muitos artistas. Lá se reuniam muitos artistas de diversas escolas, do Cubismo francês, Expressionismo alemão e Futurismo italiano, formando um movimento completamente diferente, inovador e contrário às normas, característica herdada do seu mais relevante progenitor, o Futurismo.
Então, esse grupo decidiu mostrar seu protesto pelo meio artístico, criando o conceito de “não-arte”, já que acreditavam que a arte de qualquer maneira não tinha mais significado.
A ideia dos artistas era a de que era necessário destruir para se construir algo novo. Romper com o passado era um passo essencial, por esse motivo o impulso de destruição era comum aos artistas dessa geração.
Outro pilar do grupo era o gesto de questionar (e inclusive negar) qualquer autoridade crítica ou acadêmica. Os artistas não se submetem a qualquer convenção e simpatizam com a anarquia, com a subversão e com o cinismo.
Entre os aspectos dos quais o Dadaísmo se manifesta nós temos a espontaneidade, liberdade, contradição, a indiferença, displicência e a aleatoriedade. Além do caos acima da ordem e imperfeição frente à perfeição. É satírico e onírico, escandaloso e chocante, provocativo e absurdista. E mais alguns adjetivos.
Dentre os nomes dos percursores do movimento Dadaísta nós temos como o principal, talvez líder, Tristan Tzara, o poeta, Jean Arp, Marcelo Janko, Hans Richter e Richard Huelsenbeck, e mais alguns outros. O movimento dadá pode ser difundido graças ao jornal-revista Dadá, que fez com que o movimento pudesse ser conhecido nas grandes e principais cidades do mundo, da época.
Flávio de Carvalho, Manoel Bandeira e Mario de Andrade foram alguns dos mais importantes expoentes do modernismo brasileiro e que tanto em verso quanto prosa exibiram toda a influência dadaísta que haviam absorvido.
Como podemos ver, esta época é bem familiar e teve grande influência em muitos movimentos artísticos, era época de Primeira Guerra Mundial, época de Europa Caótica.
“Eu escrevo este manifesto para mostrar que as pessoas podem realizar ações contrárias juntas enquanto tomam um novo gole de ar; Sou contra a ação: por contradição contínua, por afirmação também, não sou nem a favor nem contra e não explico porque detesto o bom senso. Como tudo mais, Dada é inútil.”
O movimento Dadaísta surge com a notável intenção de destruir sistemas, métodos, diretrizes, formas e códigos dentro do mundo da arte, desejo que não fica limitado somente à arte. Podemos defini-lo facilmente como o movimento dos "antis"; antiartístico, antiliterário, antipoético; questiona até mesmo a existência da arte e da beleza, segundo Tzara "A obra de arte não deve ser a beleza em si mesma, porque a beleza está morta".