O Cerrado brasileiro abrange os estados: Amapá, Maranhão, Piauí, Rondônia, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Tocantins, Bahia.
Dos insetos, as abelhas nativas são de grande importância para a conservação do Cerrado e para as populações humanas que não somente fazem uso, mas também geram renda com a comercialização de seus produtos, como mel, pólen, própolis e cerume. Abelhas como as jataís, mandaçaias, tiúbas, limão, uruçú, puxá, são alguns exemplos que podem ser encontrados no bioma¹⁰.
Uma espécie de mamífero considerada extinta no Brasil, que chama a atenção, é o rato-candango (Juscelinomys candango)³. Esse roedor foi descoberto quando Brasília estava em construção, mas provavelmente devido à degradação ambiental causada pelas obras, nunca mais foi visto. Infelizmente, esse é só mais um exemplo, uma vez que o Cerrado é o segundo bioma brasileiro com maior número de mamíferos ameaçados de extinção: são 41 espécies, das quais 12 são endêmicas – nesse rol, estão, por exemplo: a catita, o tamanduá-bandeira, o tatu-canastra, o veado-campeiro e o lobo-guará.
( ) O cerrado apresenta sua vegetação constituída por espécies do tipo tropófilas e caducifólias, e possui fitofisionomias distintas, tais como savanas, campo limpo, campo sujo e cerradão.
As aves compõem com muitas cores o cenário do Cerrado, onde podem ser encontrados carcarás, tucanos, araras, maritacas, seriemas, udus-de-coroa-azul, joões-de-barro e araras-azuis. Dentre as espécies de destaque, está o pato mergulhão, uma das aves mais ameaçadas das Américas e uma das mais raras do mundo⁴. Embora não seja uma espécie exclusiva do Cerrado, as maiores populações que se têm conhecimento estão localizadas dentro e no entorno de unidades de conservação em Minas Gerais, Tocantins e Goiás.
De um modo geral, tanto as composições de vegetação do Bioma Cerrado onde predominam as árvores (estrato arbóreo ou lenhoso) quanto as composições de vegetação onde predominam as ervas (estrato herbáceo) são heliófilos, ou seja, se desenvolvem plenamente em condições de intensa luminosidade solar. Ao contrário do caso de uma floresta, o estrato herbáceo no Cerrado não é formado por espécies de sombra (umbrófilas), que são dependentes do estrato lenhoso. O sombreamento lhe faz mal, prejudica seu crescimento e desenvolvimento. O adensamento da vegetação lenhosa acaba por eliminar em grande parte o estrato herbáceo.
Por isso, o cerrado e os ecossistemas que o compõem possuem uma rica fauna e flora, sendo o habitat de muitas espécies de animais. Este é também um dos motivos deste bioma ser um dos mais afetados pelo tráfico de animais.
O Cerrado é uma das regiões de maior biodiversidade do mundo, e estima-se que possua mais de 6 mil espécies de árvores e 800 espécies de aves (MMA, 2002). Acredita-se que mais de 40% das espécies de plantas lenhosas e 50% das abelhas sejam endêmicas. Ao lado da Mata Atlântica, é considerado um dos hotspots mundiais, ou seja, um dos biomas mais ricos e ameaçados do mundo (MMA, 2002).
São descritos 11 tipos principais de vegetação para o Bioma, enquadrados em formações florestais (Mata Ciliar, Mata de Galeria, Mata Seca e Cerradão), savânicas (Cerrado sentido restrito, Parque de Cerrado, Palmeiral e Vereda) e campestres (Campo Sujo, Campo Limpo e Campo Rupestre). Considerando também os subtipos neste sistema, são reconhecidas 25 fitofisionomias.
( ) O tamanduá-bandeira, maior espécie de tamanduá existente, endêmico do cerrado brasileiro, encontra-se na categoria de ameaça “vulnerável” na Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, do MMA (2003).
O Cerrado abrange como área contínua os Estados de Goiás, Tocantins e o Distrito Federal, parte dos Estados da Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, Rondônia e São Paulo e também ocorre em áreas disjuntas ao norte nos Estados do Amapá, Amazonas, Pará e Roraima, e ao sul, em pequenas “ilhas” no Paraná. No território brasileiro, portanto, as disjunções acontecem na Floresta Amazônica, região em que a vegetação tem sido tratada por outros termos ou expressões, como “savanas amazônicas” (Sanaiotti, 1991; Miranda e Absy, 2000); na Floresta Atlântica, especialmente na região Sudeste, nos Estados de São Paulo e Minas Gerais; na Caatinga, como manchas isoladas no Maranhão, Piauí, Ceará e Bahia (Eiten, 1994b); e também no Pantanal, onde se mescla fisionomicamente com este bioma (Adámoli, 1982; Allem e Valls, 1987). Fora do Brasil ocupa áreas na Bolívia e no Paraguai, enquanto paisagens semelhantes são encontradas no norte da América do Sul na Guiana, no Suriname, na Colômbia e Venezuela, onde recebe a consolidada denominação Llanos.
Embora a quantidade de peixes no bioma seja grande, visivelmente pode passar despercebido para muitos, com exceção daqueles que se aventuram na prática da pesca ou que dela se utilizam para sua sobrevivência. Um dos principais pontos turísticos para a pesca no país, o Rio Araguaia, localizado em área de Cerrado, pode dar um bom demonstrativo da diversidade desses animais, onde podem ser encontrados desde lambari, bicudo, traíra, piranha, pacu, sardinha, dourado, tainha, tucunaré, pirarucu, arraia, até a piraíba, conhecida como tubarão-do-rio.
Jiboia, cascavel, jararaca, lagarto teiú, ema, seriema, curicaca, urubu comum, urubu caçador, urubu-rei, arara, tucano, papagaios, gaviões, tatu-peba, tatu-galinha, tatu-canastra, tatu-de-rabo-mole, anta, ariranha, gambá, cervo, onça-pintada, preá, cachorro-vinagre, lobo-guará, lontra, tamanduá-bandeira, tamanduá-mirim, gato-palheiro, gato-mourisco veado-mateiro, cachorro-do-mato, macaco-prego, quati, cateto, queixada, porco-espinho, capivara, tapiti, jaritataca.
A vegetação principal do Cerrado é a do cerrado sensu lato, que cobre cerca de 85% da área total. O restante da província do Cerrado é ocupado pelos outros tipos de vegetação e também por corpos d'água. O cerrado sensu lato apresenta ainda categorias fisionômicas baseadas na proporção das três formas de crescimento de plantas: árvores, arbustos e gramíneas. São elas: (a) campo limpo – fisionomia dominada por gramíneas, com baixa cobertura de arbustos e ausência de árvores; (b) campo sujo – fisionomia dominada por gramíneas e arbustos, com baixa cobertura de árvores; (c) cerrado sensu stricto – fisionomia com baixa cobertura de gramíneas e de arbustos, e mediana cobertura de árvores; e (d) cerradão – fisionomia com formações florestais com estrato herbáceo sem gramíneas, e dominado por plântulas e outras ervas e a maior cobertura de árvores do gradiente (até 7m) (Eiten, 1994; Henriques, 2005).
O Cerrado é o bioma brasileiro com pouco conhecimento dos répteis que compõem sua fauna⁵, portanto, é provável que a quantidade indicada anteriormente seja inferior ao que de fato existe. Nesse grupo, pode-se encontrar cobras, como a jararaca, cobra-coral, cobra-capim e a cascavel; jabutis; lagartos e jacarés, incluindo espécies como o jacaré-de-papo-amarelo. No Cerrado é comum se referir a lagartos pequenos como calangos –que também fazer parte do imaginário popular contemporâneo, de onde surgiu o mito do Calango Voador⁶.
O Cerrado é considerado a maior savana do mundo em biodiversidade e compreende grande parte do território brasileiro, uma área de 2 milhões de km².
As bacias hidrográficas apresentam uma biota diversificada e rica em invertebrados e vertebrados aquáticos, entretanto grande parte ainda não é totalmente conhecida. Todas essas bacias hidrográficas apresentam uma biota característica. Quanto à ictiofauna, as espécies que ocorrem nas cabeceiras têm relações mais estreitas com a da própria bacia à jusante do que com a de cabeceiras de outras bacias. Entretanto, nas áreas em que há conexões entre as bacias ("Águas Emendadas") pode haver troca entre a ictiofauna de cada uma. No Distrito Federal há conexões entre as bacias de Tocantins e Paranaíba, Tocantins e São Francisco, e São Francisco e Paranaíba, embora somente a primeira conexão encontre-se protegida pela ESEC Estadual de Águas Emendadas e as outras duas estejam seriamente comprometidas pela pressão das atividades humanas (Ribeiro, M.C.L.B., 2007).
A despeito de apresentar uma rica grande biodiversidade esse bioma vem sofrendo muito com o desmatamento, principalmente ocasionados pela agricultura.
Localiza-se em três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul, (Tocantins-Araguaia, São Francisco e Prata) o que, de certa maneira, favorece sua biodiversidade.
No cerrado há também uma série de ambientes aquáticos, como nascentes, lagoas efêmeras e ambientes brejosos (buritizais e veredas), assim como rios e riachos, formadores das principais bacias hidrográficas do Brasil. Na sua área nuclear situam-se os Domínios do Paraná, Amazônico e do Leste do Brasil. O Domínio do Paraná abrange as cabeceiras do Rio Paranaíba, seus afluentes da margem esquerda e alguns afluentes da margem direita, como o Rio São Marcos, e também os afluentes da margem direita do alto Rio Paraná. O Domínio do Leste do Brasil inclui as cabeceiras do Rio São Francisco, no Estado de Minas Gerais, e afluentes da margem esquerda, como o Rio Paracatu e o Rio Urucuia. O Domínio Amazônico abrange os cursos do Alto e Médio Rio Araguaia e Rio Tocantins, além de cursos superiores de alguns afluentes dos rios Xingu, Tapajós e Madeira. Há também importantes conexões entre as cabeceiras de rios formadores das bacias hidrográficas do Tocantins, São Francisco e Parnaíba, constituindo áreas conhecidas como "Águas Emendadas", localizadas no Estado de Goiás, Minas Gerais e no Distrito Federal (Ribeiro, M.C.L.B., 2007).