O bullying é definido como uma série de agressões verbais, físicas e/ou psicológicas promovidas contra uma criança por parte de um ou mais vizinhos, colegas de escola ou outra atividade que o menor desempenhe. A repetição destes ataques direcionados recebem o nome de bullying, condição nomeada recentemente mas frequente entre crianças há bastante tempo. Sua prática pode ter consequências importantes para a saúde e o desenvolvimento da criança agredida.
A necessidade de formular políticas públicas foi pauta de discussão teórica do estudo de Vieira (2009). Políticas e programas que promovam a segurança para estudantes que sofrem com a homofobia foi objeto de estudo de Russell (2011). Gestores de escola, em resposta a um questionário, também apontaram para ações que objetivem a redução do problema da violência (Carvalho & Silva, 2011). Educadores revelaram que é preciso engajamento de vários segmentos sociais na construção de políticas públicas (Lima et al., 2011). Checa (2011) também encontrou resultados que indicaram a elaboração de políticas públicas que envolvam os professores, pois, conforme o estudo, há uma crise da autoridade docente.
O bullying é um termo em inglês que se refere ao assédio ou intimidação a uma pessoa de forma intencional e repetida que pode acontecer na escola ou no trabalho através de ações verbais, mensagens escritas e/ou abuso físico e psicológico. Essa situação é mais comum de acontecer na infância e na adolescência, resultando em baixo rendimento escolar e problemas psicológicos graves.
Na lei, foram acrescentados dois incisos que determinam a todos os estabelecimentos de ensino, a obrigatoriedade de promover medidas de conscientização, prevenção e combate a todos os tipos de violência, e ainda promover a cultura e a paz nas escolas.
É difícil que apenas um tipo de bullying seja praticado, normalmente nas escolas podem ser percebidos bullying físico, psicológico, verbal e social. Apesar de ser algo relativamente comum nas escolas, o bullying pode acontecer em qualquer idade e em qualquer ambiente, pois qualquer comentário feito sobre outra pessoa e que possa interferir na sua vida pode ser considerado bullying.
Nem toda agressão pode ser chamada de bullying. Primeiro, o bullying geralmente ocorre entre pares (entre colegas de escola, de faculdade, de trabalho, etc). Além disso, brigas e discussões pontuais não são suficientes para caracterizar bullying, pois decorrem de outros motivos. Um exemplo clássico da prática – muito retratado em filmes infantis – é o que ocorre entre uma criança maior, mais velha e mais forte contra uma criança menor, mais nova e mais fraca. Como a criança menor não tem como se defender do “valentão”, ela sofre na mão dele. É obrigada a entregar dinheiro do lanche, é chamado de apelidos jocosos e leva surras.
No entanto, é possível apontar algumas motivações e algumas situações típicas. Em todas elas, há sempre uma relação desigual de poder entre os envolvidas. O “valentão” é aquele que quer afirmar o seu poder a qualquer custo, e para isso se utiliza sistematicamente da agressão verbal ou física para rebaixar a outra pessoa.
Por ser uma prática bastante comum e também muito danosa às vítimas, países têm criado formas de combatê-lo. Estados Unidos, Canadá e Noruega incluíram nos currículos planos de prevenção ao bullying, que devem ser postos em prática por cada escola. A Noruega utiliza metodologia elaborada por Dan Olweus, pesquisador que criou o termo bullying.
Com a suspeita, é necessário buscar acompanhamento psicológico e levar o tema à direção do colégio ou do outro ambiente onde as agressões estejam ocorrendo. O tratamento psicológico deve ser feito para que a criança se abra sobre seus temores e enfrente-os. Também é muito importante que a escola busque identificar os agressores e converse com eles e responsáveis.
Entre elas, estão as dificuldades nas interações sociais, de confiança e baixo autoestima. Assim como questões de saúde mais graves: distúrbio do sono, dores de cabeça, depressão, transtorno de ansiedade, transtornos alimentares, doenças do coração, de estômago e autoimunes descadeadas por estresse.
Além disso, promover a colaboração entre diferentes profissionais e funcionários da escola (professores, administradores escolares e coordenadores), profissionais da justiça criminal (em casos mais graves) e pesquisadores para identificar os fatores ambientais, sociais e emocionais que aumentam os casos de bullying nas escolas.
É importante que, no caso de crianças pequenas e adolescentes, se esteja em contato com professores e amigos, que podem dar informação sobre o comportamento da criança e, assim, seja possível identificar comportamentos que sejam diferentes dos de casa.
Em geral, os efeitos físicos do bullying se dão em casos mais graves e principalmente de agressões prolongadas. As principais consequências são doenças psicossomáticas, automutilação e, em caso de avanço sem tratamento da depressão, suicídio. Além disso, estudo da Universidade de São Paulo (USP) demonstrou a associação entre o bullying e o consumo de álcool e drogas ilícitas por parte de adolescentes, o que pode provocar uma série de outros problemas físicos a médio e longo prazo.
Percebemos uma grande concentração de estudos com o objetivo de identificar e explorar a definição do bullying e a sua incidência em escolas do Brasil, possivelmente porque o fenômeno, embora antigo, esteja sendo recentemente pesquisado no cenário nacional. As publicações que envolveram estudos empíricos indicaram que a escola, a família e a sociedade em geral ainda apresentam dificuldades para identificar e compreender o fenômeno e trabalhar nas perspectivas de intervenção e de prevenção do bullying escolar. Sendo assim, reconhecer a complexidade desse fenômeno e suas consequências nocivas aos envolvidos requer que esse tema seja ainda objeto de discussão, sobretudo a partir de estudos empíricos.
Côrtes, C., Gontijo, D. T., & Alves, H. C. (2011). Ações da terapia ocupacional para a prevenção da violência com adolescentes: relato de pesquisa. Revista de Terapia Ocupacional, 22(3), 208-215. [ Links ]
A violência envolve uma complexidade de fatores, não podendo ser analisada de forma simplificada e reduzida. Assim, os agressores não podem ser os únicos responsáveis pelos atos de violência, uma vez que eles também são produto dela e, portanto, também vítimas (Gomes, 2011). Numa perspectiva social, analisar o bullying e a violência como um todo implica entendê-lo como consequência de diversos conflitos oriundos das mudanças que a sociedade vem passando ao longo dos anos (Reis & Costa, 2011).
Malta, D. C., Silva, M. A. I., Mello, F. C. M., Monteiro, R. A., Sardinha, L. M. V., Crespo, C., Carvalho, M. G. O., Silva, M. M. A., & Porto, D. L. (2010). Bullying nas escolas brasileiras: resultados da Pesquisa Nacional de Saúde de Escolar (PeNSE), 2009. Ciência e Saúde Coletiva, 15(2), 3065-3076. [ Links ]
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Cristovam, M. A. S., Osaku, N. O., Gabriel, G. F. C. P., & Alessi, J. R. D. (2010). Atos de bullying entre adolescentes em colégio público de Cascavel. Adolesc. Saúde, 7(4), 46-54. [ Links ]