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Para começar 2022 em grande estilo, os assinantes do serviço Netflix já podem conferir Um Lugar Silencioso (A Quiet Place), sucesso de 2018 dirigido por John Krasinski, que também coestrela o filme ao lado de sua esposa Emily Blunt.
Para que os monstros não encontrem os Abbotts, eles precisam manter completo silêncio. A tarefa é um pouco mais fácil para a adolescente Regan, que é surda e muda. Mas, um deslize seu provoca a morte do caçula Beau, evento que traumatiza toda a família. Porém, os dias se passam e conseguem sobreviver. Até que Evelyn engravida, e isso trará grande perigo para conseguir que o parto seja silencioso e que o bebê não chore. Essa gravidez é uma variação bem engenhosa do tickling clock, a contagem regressiva, ingrediente das fórmulas dos gêneros suspense e ação.
A trama se passa em uma fazenda nos Estados Unidos, onde uma família do Meio-Oeste é perseguida por uma entidade fantasmagórica assustadora. Para se protegerem, eles devem permanecer em silêncio absoluto, a qualquer custo, pois o perigo é ativado pela percepção do som.
O filme foi dirigido pelo também protagonista John Krasinski, que é marido de Emily Blunt na vida real. Este é o seu terceiro longa-metragem. mas o primeiro que não é do gênero comédia.
Evelyn, Regan, Marcus e o bebê se escondem na sala de controle. Enquanto tentam lidar com a morte de Lee, o recém-nascido começa a chorar, o que alerta imediatamente o monstro para o paradeiro da família.
Monstros, provavelmente alienígenas, que aniquilam pessoas e animais, guiados pelo som, dizimaram quase todos na Terra. Ou, pelo menos, na parte dela onde se encontram os sobreviventes da família Abbott. Esta é composta pelos pais Evelyn (Emily Blunt) e Lee (John Krasinski), e seus filhos Regan (Millicent Simmonds), Marcus (Noah Jupe) e Beau (Cade Woodward).
Em um dos momentos mais emocionantes do filme, Lee se sacrifica para salvar os filhos. Ele declara mais uma vez seu amor por Regan e Marcus antes de morrer – o que Evelyn também vê pelas câmeras de segurança.
As soluções que o filme inventa para os problemas que os personagens enfrentam são coerentes, sem exigir que sejam gênios para chegarem a essas saídas. Usar o som dos fogos de artifício para distrair os monstros, por exemplo, é uma ideia que o público em geral também pode ter. Da mesma forma, o filme evita um final exageradamente bombástico, no estilo “Poltergeist: O Fenômeno” (1982), de Tobe Hooper. Se há exagero, ele está no sorriso superconfiante de Emily Blunt, que é suficiente para concluir a estória, sem deixar dúvida sobre o que acontecerá, mesmo com o emprego da elipse.
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Lançado originalmente em 2018, Um Lugar Silencioso já pode ser chamado de um dos filmes de terror mais aclamados dos últimos tempos. O longa finalmente chegou ao catálogo brasileiro da Netflix, como era de se esperar, não demorou a figurar no Top 10 da plataforma. Ficou confuso com o final da história? Explicamos abaixo tudo que você precisa saber; confira.
“Isolada do mundo, uma família precisa viver em completo silêncio, já que qualquer barulho pode atrair criaturas alienígenas assustadoras”, afirma a sinopse do longa na Netflix.
Um Lugar Silencioso representou uma grande virada na carreira de John Krasinski. Até então, o diretor era mais conhecido por sua performance como Jim na sitcom The Office.
Nesse momento, Regan tira o aparelho e amplifica a frequência com o microfone. O som afeta profundamente as defesas do monstro, que fica completamente vulnerável ao ataque. Finalmente, Evelyn atira na criatura em uma de suas partes expostas, matando-o imediatamente.
Os efeitos sonoros criam a atmosfera angustiante do filme, que absorve o público que compartilha o sofrimento dos personagens. Por isso, quando pai e filho conversam em tom normal, protegidos pelo som da cachoeira, é um grande alivio também para o púbico. Em outra sequência, o diretor revela que Regan é surda e muda sem precisar de uma narração ou diálogo, fazendo um uso inteligente do som. Quando a câmera fecha na personagem, não há nenhum som ou está abafado ou estridente, devido aos aparelhos de audição que o pai tenta criar.
“Um Lugar Silencioso” se transforma em uma experiência diferenciada quando assistido no cinema. O filme funciona tão bem que instiga o público a se manter quieto, como os personagens na tela. Os espectadores deixam de lado a pipoca que compraram para não fazerem barulho ao mastigar, porque o tema do filme torna a todos na sala mais sensíveis a qualquer ruído. Por isso, não funcionará tão bem como home movie, salvo se for possível assistir sozinho, sem ninguém em casa, ou mesmo na vizinhança, fazendo barulho.
É um pecado que o design dos monstros repita o clichê de copiar as características das criaturas de “Alien: o 8º Passageiro” (1979) e suas sequências. Em outras palavras, com boca com dentes longos e afiados que parecem de aço e cabeça que se assemelham aos casulos do filme de Ridley Scott, quando se abrem como fatias de um figo. Isso, porém, não atrapalha a fruição deste envolvente filme. Uma experiência sensorial inesquecível que deve ser vista exclusivamente no cinema.
Ao analisar a sala de controle do pai pela primeira vez, a personagem começa a juntar as pistas, e descobre que a alta frequência sonora de seu aparelho auditivo defeituoso é a chave para a destruição dos monstros.
“A ideia é que esses monstros são alienígenas que evoluíram como uma máquina perfeita. Como eles vieram de um planeta sem humanos e sem luz, não precisam de olhos. Ao invés disso, caçam somente com a presença do som. Eles também desenvolvem maneiras para se proteger, é por isso que eles não são afetados por balas”, explicou o diretor.
Krasinski demonstra talento para a função, e, como todo bom cineasta, faz bom uso da linguagem visual do cinema para contar a estória, que realmente pede por isso. Por exemplo, quando pai e filha discutem, cada um toma uma trilha em direções diferentes, enquanto a mãe permanece parada no meio, enfatizando a posição dividida de cada um desses protagonistas. Outro momento visualmente belo do visual usado na narrativa é aquele em que Regan e Marcus, de cima de um silo, avistam a floresta ao redor. Logo, não vemos mais os clarões de fogueiras de outros grupos de sobreviventes, pois não conseguiram resistir.
Durante toda a trama de Um Lugar Silencioso, a família de Regan vê a deficiência auditiva da personagem como um perigo, algo que tornaria o mundo bem mais perigoso para a garota. Mas no final das contas, foi exatamente essa deficiência que salvou o dia.
Um Lugar Silencioso (A Quiet Place, 2018) EUA, 90 min. Dir: John Krasinski. Rot: Bryan Woods, Scott Beck, John Krasinski. Elenco: Emily Blunt, John Krasinski, Noah Jupe, Millicent Simmonds, Cade Woodward, Doris McCarthy.
Além de dirigir o longa, Krasinski interpreta o protagonista Lee e contracena com Emily Blunt – a sua esposa na vida real. Um Lugar Silencioso já ganhou uma continuação, que chegou aos cinemas em 2021.
“Um Lugar Silencioso” surpreende como experiência cinematográfica. Remete aos primórdios da sétima arte, quando ainda só existiam filmes mudos. Ou seja, quando era necessário contar com os recursos visuais para comunicar sem uso de diálogos.