Graduado em Psicologia pela Universidade Nacional de Educação a Distância (2017). Possui mestrado em Pesquisa em Psicologia pela sua alma mater (2019), universidade onde também está cursando doutorado em Psicologia.
Se diversos são os problemas importantes tratados nessas publicações, a um deles Piaget deu especial ênfase, pois mais que outros lhe pareceu fundamental para a compreensão dos mecanismos do conhecimento infantil, objetivo dominante em torno do qual tudo o mais deveria girar. Esse problema ou fenômeno é o que se manifesta no linguajar da criança de 2-3 a 7-8 anos de idade e ao qual os autores da primeira públicação convencionaram em chamar de egocentrismo, termo que passou a ter um significado diferente daquele que até então lhe era comumente atribuído.
Porém, a particularidade mais saliente que o 3.º volume da obra nos oferece, com relação ao tema de que nos ocupamos, é o conceito de sociocentrismo, que outra coisa não é que um egocentrismo coletivo ou social. À semelhança do indivíduo que, voltado sobre si mesmo e sobre suas idéias, não distingue a realidade nem o ponto de vista dos outros, parcelas da sociedade (tribo, partido, classe social), pelo fato mesmo de adotar uma determinada ideologia, interpõe um obstáculo epistêmico entre a doutrina pela qual se orienta e outras verdades possíveis. Sobre o leque do termo ideologia inscreva-se todo corpo de idéias, capaz de influir sobre um determinado grupo social: ideologias cosmogónicas e teológicas, políticas e metafísicas, explicita Piaget (III, p. 241).
A par da insistencia sobre elementos anteriormente abordados, nessa obra o autor chama a atenção dos estudiosos para uma tríplice característica que acompanha o egocentrismo. A primeira é psicológica e se faz notar pela ausência de consciêcia do eu que, em diferentes graus, se confunde com a realidade do mundo. Como assinala Piaget, nessa fase "o real está impregnado de aderências do eu" (p. 141). A segunda tem caráter lógico: uma vez que a criança só percebe o universo orquestrado em torno do seu eu, faltar-lhe-ão critérios seguros para distinguir a verdade que consiste fundamentalmente no diálogo entre sujeito e objeto. A verdade é então, para ela, a sua verdade. Mas se a criança criou a sua verdade, é porque criou a sua realidade (p. 142). E aí aparece a terceira característica do egocentrismo, estreitamente ligada às duas anteriores. O mundo gnoseológico da criança é, pois, um mundo diferente do mundo do adulto. Seu universo ontológico, por falta da necessária diferenciação entre sujeito e objeto, tem pouco de comum com o universo ontológico do adulto. Não estando a criança ainda suficientemente instrumentalizada para perceber a diferença que vai entre o seu eu e o universo que a cerca, a sua verdade será forçosamente diferente da verdade do adulto.
(3) O artigo em referência, "com algumas modificações" nele introduzidas pelo próprio autor, é a comunicação apresentada por Piaget ao Vll.º Congresso Internacional de Psicologia, realizado em Berlim, em setembro de 1922. Como o título o dá a entender, a preocupação central de Piaget nesse trabalho é o estudo do pensamento simbólico. Porém, certas semelhanças deste fenômeno com o do egocentrismo levaram o autor a confrontrar os dois problemas, aproximando deles ainda um terceiro, o fenômeno do autismo, tal como o define Bleuler e que vinha merecendo a atenção de Piaget pelo menos desde 1918 (Piaget, 1918, p. 165). O problema do egocentrismo ocupa, no entanto, espaço reduzido no citado artigo.
Uma pessoa egoísta, por sua vez, age em seu beneficio próprio e em detrimento das demais. É comum enxergar o mundo como um “fazedor” de suas vontades. E se fizerem algo que venha a causar dano à outra pessoa não alimentam o sentimento de culpa.
O texto citado, pelo que contém de vago, não chega ainda a diluir o que o conceito proposto contém de obscuro. Contudo, o contexto de que foi extraído permite ver certas aproximações existentes entre os fenômenos do autismo, do pensamento simbólico e do egocentrismo. Até determinado grau é nota comum aos três "a ausência de limites precisos entre o eu, ou o mundo das representações subjetivas, e o não-eu, ou o mundo das representações exteriores ou objetivas." (Piaget, 1923b, p. 285).
Vários pontos discutidos nos capítulos 3 e 4 são retomados no capítulo 5, em que Junefelt procede à análise dos dados sob a perspectiva do dialogismo bakhtiniano. Buscando salientar a dialogicidade da fala egocêntrica, a pesquisadora vai mostrando, nos enunciados de Anders, o endereçamento, o diálogo e o dialogismo, a multivocalidade, a bivocalidade, o ventriloquismo e, por fim, a linguagem interior.
Para o psicólogo bielorrusso Lev Vygotsky (1896 – 1934) a linguagem egocêntrica é uma característica nata de crianças em período pré-escolar, onde ela se preocupa com o seu monólogo teatral em uma espécie de exercício de virtuosismo linguístico.
A Psicologia é uma das ciências que mais estuda o egocentrismo, o qual é compreendido como uma exaltação exagerada que um indivíduo realiza sobre si próprio. Ele pensa que os seus pensamentos e ações são mais importantes e prevalecem sobre aqueles realizados pelas demais pessoas.
A linguagem egocêntrica, de acordo com Vygotsky, seria nada mais que um uso de linguagem que procuraria melhorar a auto-regulação.. Por este motivo, apareceria sem a necessidade de um interlocutor. Mas então, por que a linguagem egocêntrica desaparece aos 6 anos??
Na sua Introduction à Pépistémologie génétique (3 vols., 1950b) o estudo comparado de dois tipos de atividade do sujeito, subjetiva e egocêntrica uma, e operatória a outra, pretende mostrar que enquanto esta aumenta de importância dentro do processo de desenvolvimento cognitivo da criança, aquela diminui, tendendo a desaparecer. A atividade egocêntrica, mais intensa nos primeiros anos, tende a diminuir e mesmo a desaparecer à medida em que se processa a descentração do pensamento operatório da criança (II, p. 69). Dentro duma perspectiva de desenvolvimento normal, uma cede lugar à outra. O eu inconsciente é substituído por um eu consciente, possibilitando-se assim a necessária diferenciação entre sujeito e objeto. É nessa fase que o ego encontra condições de dialogar com o alter. É então que se abre caminho para o desenvolvimento da inteligência como para a evolução de todo conhecimento científico (II, p. 138).
Assim, ele rejeita a premissa de Piaget de que a criança antes dos 6 anos não está interessada em interação social. As tentativas comunicativas dos bebês nos mostrariam que o interesse na vida social.
Embora seja verdade que cada pessoa é um mundo, se você quiser saber como lidar com uma pessoa egocêntrica, você pode seguir as seguintes dicas:
No capítulo 2, dedicado à metodologia de pesquisa e de análise dos dados, Junefelt apresenta os dados empíricos; os objetivos da pesquisa; a descrição do sujeito da pesquisa; a escolha da unidade de transcrição e de análise dos dados, visto que, para atingir seus objetivos, é necessário efetuar as análises de uma perspectiva tanto monológica como dialógica. A pesquisadora interroga, pois, se a fala egocêntrica indicaria que a criança ainda não alcançou a idade socializada; apontaria para a não-internalização da linguagem; ou poderia oferecer informações sobre o desenvolvimento lingüístico, comunicativo e cognitivo da criança.
São pessoas que podem viver imersas em suas próprias fantasias e não demonstram sentimentos de compaixão, compreensão e simpatia com outras pessoas.
1950a - "Autobiographie" (as primeiras partes redigidas em 1950). Cahiers Vilfredo Pareto - Revue Européenne d'Histoire des Sciences Sociales, n.º 10. Genebra, Droz, 1966. pp. 129-159.