O início do trabalho realizado no Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Vila Verde², no ano de 2010, foi norteado por perguntas fundamentais para organizar pensamentos e oferecer um fio condutor. Isso porque, para se trabalhar qualquer área de formação, é fundamental que busquemos entender suas características e elementos.
Após cada estudante escolher onde quer estar, pequenos grupos de trabalho se formam e a ação infantil acontece com autonomia, descentralizada do educador, que poderá fluir de um grupo para outro dando assessoria.
A segunda proposta foi a escolha da dramatização da música favorita deles: O leão e a minhoca. Antes de tudo, pesquisamos um pouco sobre os animais e descobrimos que não sabíamos muita coisa sobre eles. Partimos, então, para a pesquisa dos personagens. Notamos, depois de assistir a alguns vídeos, que o som produzido pelos leões é bem diferente do som conhecido por nós. Levamos então à roda de conversa, em primeiro lugar, o som gravado. As crianças tinham de nos dizer qual era o bicho relativo ao som apresentado. “Joaninha”, “Barata”… As crianças disseram tudo, menos leão. Começamos, então, a dar dicas, aliando gestos ao som, até elas acertarem. Des cobrimos, com essa atividade, que investimos bastante no sentido visual sem considerar a possibilidade de aliá-lo a um estímulo sonoro, o que se traduziria em excelentes possibilidades de desenvolvimento do processo simbólico.
A timidez, até certo nível, não é um problema. No entanto, quando isso impacta a sociabilidade, é, sim, um complicador. Um dos papéis do teatro é permitir que o(a) estudante consiga lidar com isso. O processo ocorre de forma estrutural, pois o(a) professor(a) trabalhará com técnicas que proporcionarão a resolução da timidez de forma sutil.
O interesse pelo teatro como trabalho voluntário nesta escola deveu-se à experiência anterior com teatro amador, iniciado ainda quando aluno do ensino médio - no Grupo Teatral Raízes do Princípio, criado em 2003, prática que continua até hoje. Este estudo é resultado da experiência com teatro amador, do voluntariado e do desejo de trabalhar com crianças.
É verdade que um dos tipos de teatro é aquele que “representa a realidade”. Porém, o trabalho com as crianças pequenas pode nos fazer pensar em outras maneiras de entender e propor atividades teatrais para as crianças.
O teatro contemporâneo do século XX se caracteriza pelo rompimento com as antigas tradições e torna-se eclético. Não há um padrão predominante, mas sim vários estilos de direção. O fazer teatral torna-se mais democrático, encontrando espaço em todos os meios sociais, econômicos e culturais. O teatro não é mais uma representação artística da elite. Vários autores se destacam por suas obras, como Stanislavsky, Brecht e o brasileiro Augusto Boal, entre outros.
Dessa forma, o objetivo deste artigo é apresentar as contribuições do teatro para o ensino fundamental e refletir como isso ocorre no cotidiano escolar para as crianças dessa fase de ensino.
O teatro medieval foi fortemente influenciado pelo Cristianismo. No início era utilizado para recontar a história da ressurreição de Cristo, sendo representado por membros da Igreja como padres e monges. Com o tempo outras passagens bíblicas foram sendo representadas com o objetivo de propagação da doutrina religiosa. Esta forma de teatro prevaleceu até o fim do século XV, quando entrou em declínio.
Reconhece-se a necessidade de haver mais estudos direcionados à inserção do teatro na educação como ferramenta pedagógica e não apenas manifestação artística, assim como é utilizado para diversas outras finalidades em outros segmentos da sociedade, como o que foi visto no breve histórico traçado.
Há, também, os PCN´s lançados na década de 90, que evidenciam a importância da linguagem teatral na educação, assim como a educação artística como um todo. O documento ressalta que a introdução da Educação artística no currículo foi um avanço, considerando sua importância na formação dos indivíduos. Entretanto, essa proposição foi contraditória e paradoxal, pois os professores não estavam habilitados para o domínio de várias linguagens incluídas no conjunto das atividades artísticas, como: Artes Plásticas, Educação Musical e Artes Cênicas. Nessa época, a “educação artística demostrava em sua concepção que o sistema educacional vigente estava enfrentando dificuldades de base na relação entre teoria e prática” (BRASIL, 1997).
Agora vale a pena refletir como o teatro acontece na primeira infância. Pensemos primeiro que, ao nascer, o bebê não pensa sobre as palavras porque ele ainda não as conhece, nem estabelece associações em relação a essas mesmas palavras porque seus pensamentos são sensações. Segundo o dramaturgo brasileiro Augusto Boal, em artigo publicado na revista Sala Preta, o contato do bebê com o mundo acontecerá através de seus sentidos.
Além disso, vale destacar que, no processo de formação educacional do aluno, a experiência pessoal é a base do caminhar pedagógico, uma vez que a educação se faz por sua própria experiência, a qual é determinada pelo meio e, nessa ação, o papel do professor consiste em organizá-lo e regulá-lo. Assim, a ele cabe a organização de tarefas e atividades que permitam a experiência direta das crianças com objetos do conhecimento que o estimulem a aprendizagem.
Com a ascensão do capitalismo moderno e de uma cultura de consumo, o teatro perde sua posição de arte maior para o cinema, que emprega investimentos milionários. O cinema passa a ser o centro da mídia de entretenimento, enfocando a badalação de artistas tornando-os ícones populares.
A linguagem é um dos paradigmas do autor, afirmando que sua aquisição somente é possível com o desenvolvimento dos Processos Psicológicos Superiores (PPS). Para que os PPS se desenvolvam é necessária uma maturação ontogenética. Os Processos Psicológicos Elementares (PPE) são resultados do desenvolvimento normal, e são predisposição necessária para o surgimento dos PPS. Os PPS não são resultados evolutivos dos PPE, muito pelo contrário, esses processos são possíveis somente pelo intermédio da dialética sujeito-sociedade (VYGOTSKY, 1991).
Grupos de 7 ou 8 crianças sentadas nos tatames, ao som de uma música calma, observaram uma educadora pintando a outra (novamente sem ter a fala por foco, mas a ação), enquanto a terceira educadora brincava com o restante da turma em outro espaço do CMEI (assim como nos demais encaminhamentos). Aos poucos, as crianças pediam o material ou nós mesmas íamos oferecendo para que o explorassem.
O teatro na primeira infância6, na realidade, pode ser entendido, segundo Peter Slade (1978), como jogo dramático. Melhor explicar: a palavra drama oferece um suporte mais conexo ao que se realiza na primeira infância. Na obra O jogo dramático infantil, o autor destaca a palavra drama como originária do grego drao, que quer dizer ação. Para Slade, o drama são as experiências pessoais e emocionais de um ser dentro de sua realidade ou sobre ela. A criança, então, por meio de suas brincadeiras, de seus jogos, traz à tona experiências e emoções aliadas à realidade em que está inserida.
O desenvolvimento destas habilidades em muito se aproxima das propostas dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Artes (PCN´s) (BRASIL, 1997) para o ensino fundamental. Esse documento preconiza o desenvolvimento das capacidades de ordem cognitiva, física, afetiva, de relação interpessoal e inserção social, ética e estética, buscando, em linhas gerais, a formação ampla da criança.
IV - poderão organizar-se classes, ou turmas, com alunos de séries distintas, com níveis equivalentes de adiantamento na matéria, para o ensino de línguas estrangeiras, artes, ou outros componentes curriculares;
São jogos cujo objetivo principal é ensinar as habilidades motoras básicas das modalidades esportivas. ... As inúmeras regras inseridas nos jogos esportivos direcionados ao handebol, voleibol, entre outros, são essenciais, para que haja o entendimento do jogo e também inserção de regras do próprio esporte.
Teatro na escola tem uma importância fundamental na educação, podendo colaborar para que a criança tenha oportunidade de atuar efetivamente no mundo, opinando, criticando e sugerindo e, também permite ajudar o aluno a desenvolver alguns aspectos: criatividade, coordenação, memorização, e vocabulário.
Autoconhecimento, desenvolvimento de expressão e comunicação, maior interação entre alunos, estímulo à leitura e à responsabilidade, promoção do aperfeiçoamento corporal. Esses são apenas alguns dos benefícios que o teatro na escola pode proporcionar para crianças e adolescentes.
A importância do teatro é sentida de diversas formas na vida de uma pessoa, de modo que ela passa a ter uma visão mais ampla da sociedade, adquirindo respeito, cidadania e um posicionamento mais aberto à diversidade. ... E o teatro pode ajudar a disseminar um pensamento de maior amor e respeito entre as pessoas.