A lenda do Saci-Pererê é um dos mais famosos folclores brasileiros. Como as outras lendas da cultura popular, é antiga e passada de geração em geração. A provável origem dessa história é a região sul do país em terras indígenas. Mas um fato curioso é que, embora a lenda tenha se originado no sul do Brasil, o norte fez o negrinho de uma única perna famosa. Isso porque os sulistas tratavam o personagem apenas como um garoto brincalhão que adorava enganar as pessoas.Quando esta lenda chegou à região norte do Brasil, o personagem principal ganhou contornos e descrições mais intimamente associados à cultura africana. E é sobre eles que vamos falar neste artigo agora.
Já na música, o compositor Heitor Villa-Lobos criou Saci, obra em homenagem a esse ser do folclore. Mas antes disso, em 1909, Chiquinha Gonzaga já havia feito referência à lenda em Saci-pererê.
Como é considerado guardião das ervas e das plantas medicinais, p Saci-Pererê teria um profundo conhecimento das técnicas de manuseio e de preparo das ervas. Aliás, exatamente por isso, em algumas regiões do Brasil o personagem folclórico chega a ser considerado um ser maldoso e vingativo.
Em primeiro lugar, com os povos originários, os indígenas, com o ‘çaa cy perereg’ (Yacy Yateré) do guarani, e outros mitos. Depois, com os portugueses e os negros escravizados.
Mas, em geral, ele é um personagem que “prega peças” nas pessoas. Por exemplo, pode queimar comida da frigideira enquanto observa a reação do cozinheiro. Ele também normalmente mata água e acende algumas manchas. Você também pode ocultar objetos ou fazer com que as pessoas percam o caminho na floresta.
A figura de Saci-Pererê é retratada neste trabalho por Monteiro Lobato. O resumo do livro descrito pela Amazon, que comercializa uma edição de capa dura de luxo, refere-se ao livro como um clássico da literatura infantil.
Em homenagem a essa personagem tão brasileira, aliás, vários municípios brasileiros chegaram a instituir o dia 31 de outubro como o Dia do Saci. A data foi escolhida como uma forma de reação à cultura americana, que comemora o Dia das Bruxas nesse dia, e de exaltação da cultura brasileiras, dando destaque saci, um símbolo nacional bem forte.
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Em 2010, para uma matéria do jornal ‘O Globo’, Ziraldo conta que a criação da HQ partiu de um projeto de nacionalização dos gibis:
Outra grande influência de outra cultura em nossa lenda é o gorrinho vermelho. Muita gente nem imagina, mas o “chapéu” do Saci advém do folclore do norte de Portugal, ou seja, da colonização europeia. Tanto é que o gorro era utilizado pelo lendário Trasgo, que também contava com poderes sobrenaturais.
O saci se tornou tão relevante na cultura folclórica do Brasil que em 2005 foi criado o Dia do Saci nos estado de São Paulo. A data também é comemorada na capital do Espírito Santo e em algumas cidades mineiras e cearenses.
“Em vez de bruxas e gnomos, a manifestação cultural deve valorizar figuras folclóricas que se refiram às tradições brasileiras. Afinal, o saci é da nossa cultura e uma síntese das três raças que estão na origem da nação brasileira – o índio, negro e o branco.”
O Saci, que nasceu das lutas dos povos que formaram o Brasil, se tornou, com a apropriação da elite burguesa, o principal símbolo de brasilidade da literatura, capaz de bater de frente com publicações internacionais.
O pesquisador destaca que mesmo quando havia o tom de humor, os termos utilizados “acabam por reforçar, na verdade, esse propósito de desqualificar o indivíduo discriminado”.
Em 1917, Monteiro Lobato usou o seu espaço na mídia para pedir a colaboração de brasileiros na elaboração do que viria a se tornar o livro ‘Sacy Perere – O resultado de um inquérito’, publicado em 1918.
Imagens: Toda matéria, Mega curioso, Indagação
Assim como o Saci-Pererê, o trasgo também é conhecido por fazer o feijão queimar, por esconder objetos, por jogar os dedais das costureiras em buracos, por trançar os pelos dos animais, e ainda, por assobiar para assustar os viajantes.
Com a urbanização, o Saci foi “domesticado”. O primeiro a fazer isso foi Monteiro Lobato, nas obras ‘O Sítio do Pica-Pau Amarelo’, de 1920 e ‘O Saci’, de 1921.
Agora, se o Saci estiver em seu encalço, o mais indicado é que você escolha caminhos próximos a rios ou córregos. Porque, como explica a lenda, ele não consegue seguir por esses caminhos.
O Saci – Pererê é um menino sapeca que vive nas matas do Brasil. Ele tem a pele mais negra do que o carvão em noite escura e usa na cabeça uma carapuça vermelha. Elas correm e gritam apavoradas enquanto o Saci dá gostosas gargalhadas ! ...
O Saci é muito brincalhão, agitado e travesso. Por isso ele está sempre realizando travessuras por onde passa. Ele gosta de bagunçar a crina dos cavalos durante a noite, dando nós e fazendo tranças. ... Então, quem capturar o Saci deve retirar o seu gorro e colocá-lo dentro de uma garrafa.
Segundo eles, a perna verdadeira do saci não seria nem a esquerda nem a direita: ficaria no meio, já que um membro de um ou de outro lado não lhe daria equilíbrio para ficar em pé e saltitar. “Essa idéia também faz sentido porque o saci já nasceu com uma perna só, não ficou manco ao longo da vida”, diz Renato Queiroz.
Lendas do folclore brasileiro São eles: mula sem cabeça, Iara, saci pererê, caipora, curupira, boto cor de rosa, negrinho do pastoreiro, cuca, boiatá, cobra grande, vitória régia, cumadre fulozinha, lobisomem e a erva-mate.