A reificação é um conceito amplamente discutido nas áreas da filosofia e sociologia, que se refere ao processo de transformar algo abstrato em algo concreto, tratando-o como se fosse uma entidade real e tangível. Essa noção tem sido explorada por diversos pensadores ao longo da história, e possui implicações significativas para a compreensão da sociedade e das relações humanas.
A reificação está intimamente ligada à ideologia, que é um conjunto de ideias e crenças que moldam nossa compreensão do mundo. A ideologia pode reificar certos conceitos e relações, tornando-os aparentemente naturais e imutáveis. Por exemplo, a ideologia capitalista reifica a propriedade privada e as relações de mercado, tratando-as como se fossem leis naturais e inevitáveis. A reificação ideológica pode dificultar a crítica e a transformação social, pois torna certas estruturas e relações invisíveis e inquestionáveis.
Portanto, a herança habermasia na ainda pesa significativamente tanto na exegese que Honneth faz do conceito lukacsiano de reificação como na sua tese central do primado do reconhecimento na sociabilidade humana. Nesse contexto, uma questão interessante, a qual eu infelizmente não posso investigar agora, consiste em saber até que ponto a herança habermasiana do primado do entendimento comunicativo não cria dificuldades desnecessárias para a fundamentação do primado do reconhecimento e da interpretação do fenômeno da reificação como forma de esquecimento daquele vínculo humano espontâneo que concede ao homem a condição indispensável de ser tomado como humano.
A desconstrução do poder é uma abordagem que busca questionar as estruturas de dominação e opressão presentes na sociedade. Ao desconstruir as reificações presentes nas relações de poder, podemos abrir espaço para formas mais igualitárias e justas de organização social.
Em suma, a reificação é um conceito fundamental na filosofia que se refere à transformação de algo abstrato em algo concreto. Ela está presente em várias áreas do conhecimento, como a sociologia, a psicologia e a linguagem. A reificação pode levar a uma compreensão simplista e distorcida da realidade, onde as nuances e complexidades são ignoradas. No entanto, superar a reificação é possível através de uma análise crítica das estruturas e relações sociais, e da busca por uma compreensão mais complexa e contextualizada da realidade.
Agora sim, o segundo núcleo da estratégia conceitual de Honneth. Como já foi afirmado, o pensamento de Lukács é interpretado aí no sentido de que a reificação não significa nem um erro epistêmico-categorial e nem um comportamento moral distorcido, mas sim uma forma desfigurada da práxis humana. O aspecto importante desta análise é que a reificação, manifestando-se em um comportamento observador isento de participação, impede o desenvolvimento de uma forma originariamente autêntica da práxis humana. Vista por esta perspectiva, a análise de Lukács não se mostra isenta de uma base normativa, porque sua crítica feita à postura desfigurada da ação humana pressupõe, como pano de fundo, a ideia de uma práxis autêntica. Ou seja, para Lukács o que importa, em última ins tância, não é somente a justificativa de princípios morais, mas sim a recuperação de tal práxis, visando contrapô-la à forma desfigurada. Considerando isso, seus princípios normativos não consistem, como interpreta Honneth, na soma de princípios legitimamente morais, mas sim no conceito de uma práxis humana autêntica. Lukács busca justificar esta perspectiva de seu pensamento recorrendo tanto à ontologia social como à antropologia filosófica, derivando dessa base argumentativa um conceito de homem como "unidade orgânica" e "ser cooperativo" (idem, p. 26).
Ora, no contexto desta versão oficial, o limite da análise de Lukács mostra-se, segundo Honneth, no fato de ele não ter levado em consideração as diferenças possíveis que existem entre as três formas típicas de reificação, pois as engloba em um único conceito sem analisá-las. Isso o conduz então a assumir uma crítica em termos totalizantes da reificação, não delimitando as esferas sociais nas quais os comportamentos de um observador não participante ocupariam lugar inteiramente legítimo e outras em que não se demonstrariam eficientes. Em síntese, Lukács parece subestimar aqui o fato de que membros de sociedades altamente diferenciadas e complexas, movidos por razões de efetividade, aprendem um trato estratégico consigo mesmo e com os outros (idem, p.28). O que está implícita nesta crítica de Honneth é a tese de que tal trato estratégico habilitaria os sujeitos a desenvolverem formas de vida que se sobrepõem às condições de reificação indicadas por Lukács. Sendo assim, no contexto de sociedades diferenciadas, o fenômeno da reificação não pode assumir o caráter totalizador pressuposto pela análise do pensador húngaro. A crítica de Honneth a este aspecto do conceito lukacsiano de reificação torna-se decisiva, como veremos logo a seguir, para sustentar sua convicção filosófica de fundo acerca do primado do reconhecimento como elo originário da constituição do laço social.
Na sequência de minha argumentação, vou defender a ideia de que o fenômeno da reificação deve ainda constituir uma das preocupações centrais da educação e a possibilidade de sua atualização depende do confronto crítico com o conceito de reconhecimento. Ou seja, defenderei a tese de que um conceito crítico de educação só se deixa sustentar com base na recusa decidida a qualquer forma de reificação, encontrando tal recusa amparo conceitual na teria do reconhecimento. Para mostrar a plausibilidade desse pensamento, vou me apoiar nos estudos de Axel Honneth, de modo especial em seu pequeno livro Verdinglichung. Eine anerkennungstheoretische Studie (2005) e em seu artigo "Observações sobre a reificação" (2008).
Na filosofia da mente, o processo de reificação é frequentemente discutido em relação à percepção e à consciência. A reificação ocorre quando atribuímos uma realidade objetiva a nossas experiências subjetivas. Por exemplo, quando vemos uma maçã, reificamos a experiência visual, transformando-a em algo concreto e independente de nossa percepção.
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De qualquer modo, pensar as relações sociais e, especialmente, as relações pedagógicas orientando-se pelo conceito de reconhecimento elementar não significa, evidentemente, esquecer o lado perverso e astuto que caracteriza o ser humano e nem a intensa mercantilização calculada, à qual ele se encontra exposto na sociedade contemporânea, mas sim, levando esse fato em consideração, planejar nossos modos de ação tendo como fonte maior o vínculo afetivo baseado no amor espontâneo que nos aproxima e que pode nos tornar humanos.
A reificação pode referir-se à tendência de uma pessoa de atribuir um valor ou forma definitiva a um conceito abstrato ou à tendência do cérebro de preencher lacunas na informação visual. Existem dois tipos principais de reificação: a falácia no pensamento concreto e o efeito Gestalt. Falácias no pensamento concreto ocorrem quando tratamos crenças ou conceitos abstratos como objetos tangíveis ou reais. Esse tipo de reificação pode ser visto em muitas figuras de linguagem, como 'lutar por justiça' ou 'você não pode enganar a mãe natureza'. O efeito Gestalt está mais associado à nossa percepção visual. Refere-se ao reconhecimento visual de figuras como formas inteiras em vez de uma série de linhas e curvas.
c uma autorrelação partilhada com a característica de estar voltada emocionalmente para a realização de objetivos pessoais e; d por fim, talvez a característica que sintetiza todas as outras, um esquema existencial da experiência humana.
Essas quatro ideias provam então, no seu conjunto, do ponto de vista genético, segundo Honneth, o primado do reconhecimento sobre o conhecimento, assegurando que a formação do vínculo emocional-afetivo esteja na origem da capacidade cognitiva. No que diz respeito à prova categorial, do exposto pelo atual filósofo frankfurtiano, ela se deixa resumir em três ideias principais:
Justificar a tese do primado do reconhecimento significa, ao mesmo tempo, tornar evidente a ideia de que o comportamento humano específico consiste na postura comunicativa do assumir a perspectiva (Perspektivübernahme). Ou seja, o que está em jogo aqui é, segundo Honneth, a tese de que não é a postura cognitiva, baseada no modelo do observador distante, neutro afetivamente, mas sim a postura de reconhecimento, recheada de afetos e constituída pelo envolvimento direto dos participantes, o modelo que constitui originariamente o laço social e, por isso, torna possível a sociabilidade humana. É isso, em termos gerais, que se deve entender por primado do reconhecimento em relação ao conhecimento. Sendo assim, como o argumento genético corrobora esta tese?
Nossas mentes muitas vezes trabalham para ajustar o que vemos ou ouvimos em padrões familiares que correspondem aos modelos mentais pré-existentes. Vemos ou entendemos coisas que podem não existir de fato porque nossas mentes reconhecem de maneira útil, mas falsa, padrões familiares. Em outras palavras, nossos cérebros usam a reificação para nos ajudar a compreender coisas novas, conformando ideias com nossa compreensão existente do mundo.
Em seu livro Verdinglichung, Honneth expõe, de outra parte, três indícios que mostram a atualidade do conceito de reificação para a diagnose de nossa época. O primeiro refere-se à quantidade significativa de romances e narrativas que ampliam a aura estética da economicização de nossa vida cotidiana. Por meio de um vocabulário previamente escolhido, esses testemunhos literários apresentam, segundo ele, um mundo social no qual seus habitantes se relacionam uns com os outros na forma de objetos sem vida, ou seja, como pessoas que não possuem mais sentimento interno ou que não estão mais interessadas em assumir a perspectiva do outro. O segundo indício é trazido pelas novas análises tanto da sociologia da cultura como da psicologia social, as quais apresentam o sujeito contemporâneo marcado pela automanipulação emocional oriunda da forte tendência de comercialização dos sentimentos. Por fim, o último indício encontra-se no domínio da ética e da filosofia moral na medida em que estas fazem ressurgir a temática da reificação para designar as formas crassas de utilização instrumental de pessoas ou para analisar fenômenos comparáveis de estranhamento econômico dos nossos relacionamentos vitais. Honneth conclui, afirmando, que em tais contextos éticos a reificação é concebida como modo de procedimento que toma os sujeitos não de acordo com suas propriedades humanas, mas sim como objetos mortos, sem sentimentos (Honneth, 2005, p. 14).