Laudo apresentado nesta sexta-feira, 26, pela Polícia Federal aponta que o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, no dia 25 de janeiro de 2019, ocorreu por perfuração feita a partir da parte superior até a base da represa, onde os rejeitos ficam armazenados. A operação foi iniciada cinco dias antes da tragédia e estava em andamento na data da ruptura.
A barragem B1 da mineradora Vale na mina Córrego do Feijão, situada no município de Brumadinho, rompeu-se em 25 de janeiro de 2019. A lama de rejeitos de minério matou 270 pessoas, das quais 11 continuam desaparecidas, de acordo com a contagem oficial.
A barragem da Samarco, cujas donas são a Vale e BHP Billiton, rompeu-se na tarde do dia 5 de novembro de 2015, provocando 19 mortes. Além de destruir casas, o mar de lama devastou o Rio Doce e atingiu o oceano no Espírito Santo. Nestes mais de 1,8 mil dias, os responsáveis pela tragédia não foram julgados.
O rompimento da barragem de Brumadinho foi um crime ambiental ocorrido no município brasileiro de Brumadinho, a 65 km da capital mineira, Belo Horizonte, no início da tarde do dia 25 de janeiro de 2019. Rompeu-se uma barragem de rejeitos de mineração controlada pela Vale S.A., construída no ribeirão Ferro-Carvão, na localidade de Córrego do Feijão.
Uma medida crucial é a instituição de uma nova e eficaz política de gestão e monitoramento de barragens, que torne públicos, por exemplo, os estudos de ruptura (dam break), para que o risco involuntário seja conhecido.
O Chile e o Peru como países que baniram o método e a África do Sul como um dos que podem proibir em breve. A Austrália, porém, ainda o usa. “Mas a região é mais seca que no Brasil e os vales são mais abertos que os de Minas Gerais”.
25 de janeiro – No início da tarde, a barragem de rejeitos de Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), pertencente à mineradora Vale, se rompeu e uma das áreas afetadas foi o Centro Administrativo da Vale. Na hora do rompimento, havia no centro cerca de 300 funcionários da mineradora.
"Houve um atropelo", concluiu o delegado responsável pelas investigações, Luiz Augusto Pessoa Nogueira. "A Vale deveria ter verificado primeiro o que foi diagnosticado pela empresa contratada".
Em Brumadinho, os problemas se repetem e a população ainda vive o luto pelas 270 vidas perdidas no dia 25 de janeiro de 2019. As buscas do Corpo de Bombeiros pelas 11 vítimas que seguem desaparecidas continuam no entorno da barragem. Ao longo de 2 anos, foram mais de 6 mil horas de trabalho, com quase 4 mil militares.
A reportagem perguntou à Vale o motivo pelo qual a mineradora não processou as informações da empresa contratada para estudo sobre os rejeitos da barragem antes de iniciar a perfuração que acabou ajudando no gatilho da liquefação. Obteve a seguinte resposta, em nota. "A Vale informa que tomou conhecimento nesta sexta-feira, 26, da expedição do laudo da perícia técnica da Polícia Federal sobre as possíveis causas do rompimento da Barragem I, da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG). A empresa avaliará o inteiro teor do laudo e oportunamente se manifestará nos autos por intermédio de seu advogado David Rechulski."
Conforme o perito da Polícia Federal, Leonardo Mesquita, a liquefação ocorreu quando a perfuração atingiu, a 68 metros de profundidade, uma camada da estrutura com maior volume de rejeitos finos, que reúnem mais chances de entrarem em liquefação. "A perfuração estava ocorrendo no ponto mais crítico da barragem", disse o perito. Um fluido usado para lubrificar a ponta da perfuratriz aumentou a pressão nesse ponto mais frágil da represa.
O laudo refuta as argumentações da Vale de que uma combinação de deformação da barragem, provocada pelo seu próprio peso, e fortes chuvas teriam contribuído para o colapso. O documento mostrou, em relação às chuvas, que em 2019 o regime pluviométrico foi inferior a anos anteriores.
“É a forma mais comum porque é mais barata para se construir e mais rápida de se licenciar porque ocupa menos espaço da bacia hidrográfica. Mas é também a mais perigosa e com maior risco. Por isso países com características similares ao do Brasil não usam ou estão proibindo”
Todos começam com a construção de um dique e um tapete drenante, para eliminar a água armazenada no interior da barragem. O que muda é o método usado para aumentar a capacidade de armazenamento por meio de construção de alteamentos.
O laudo divulgado hoje é o mais importante para a possível responsabilização criminal de funcionários e diretores da Vale pelo colapso da estrutura. O rompimento da barragem matou 272 pessoas. Onze permanecem desaparecidas. O delegado responsável pelas investigações, no entanto, afirma que o inquérito segue e que ainda não há definição sobre possíveis indiciamentos. "Não descarto nenhum tipo de hipótese", declarou.
Outras hipóteses levantadas desde o rompimento da barragem foram descartadas pela PF, além da apresentada pela Vale. Entre as quais detonações em mina próxima à represa que poderia ter afetado a estrutura física da barragem.
A barragem que se rompeu usava o sistema “a montante”, que cresce por meio de camadas (geralmente na forma de degraus), chamado de alteamento (ou elevação), feitas com o próprio rejeito que resulta do beneficiamento do minério de ferro. O rejeito é formado basicamente por ferro, sílica e água.
A perfuração estava sendo feita para diagnóstico das condições dos rejeitos depositados na estrutura e posterior instalação de equipamentos para medir a pressão interna da barragem.
“O rompimento e o deslizamento de lama resultante decorreram da liquefação estática dos rejeitos da barragem”, diz o documento. A barragem era essencialmente muito íngreme e muito úmida, e o material retido por ela, fofo, saturado, muito pesado e de comportamento muito frágil, destacou Robertson.
O método conhecido como “alteamento a montante”, no qual a barreira de contenção recebe camadas do próprio material do rejeito da mineração, era usado pela mina Córrego do Feijão em Brumadinho e também pela mina do Fundão, também da Vale, em Mariana, onde uma barragem se rompeu há três anos.