A certeza que temos é que nenhum ano passa sem novidades, e é claro que esse ano não foi diferente. Entre as mais tocadas de 2019 só tem sucesso!
O BaianaSystem se une a Curumin e Edgar para buscar uma proposta mais experimental ao seu som muito calcado na catarse. “Sonar” traz novas possibilidades para o som do grupo baiano, mas sem perder a vibe de sua identificação com o público.
Céu segue experimentando na onda eletrônica neste novo disco. “Coreto” relata uma relação estremecida em meio a uma letra que busca criar imagens para traduzir tristeza, mas também superação. O som chega bem encorpado e com muita influência de dub, que é bem a cara da artista. Céu finaliza a década com um dos mais consistentes estilos entre as cantoras de sua geração.
Vamos começar com ele, Tiago Iorc, que ficou um ano desaparecido da mídia e quase matou todo mundo do coração ao aparecer, do nada, com um álbum completinho.
Alerta para retrospectiva musical! A SEMrush, líder global em marketing digital, realizou um estudo para saber quais foram os artistas e hits mais procurados em mecanismos como Google e Bing de 2019 no Brasil.
FKA twigs sempre foi conhecida pelo esmero com que interpreta suas canções, com cada agudo e acorde milimetricamente posicionado. “Cellophane” é a faixa em que ela se mostra mais solta – e também por isso é a sua música mais visceral. Dolorida e pesada, a música leva o ouvinte a um estágio de suspensão. A canção começa delicada e toma um rumo totalmente inesperado da metade pro final aliado a uma produção bem sofisticada que serve para enaltecer ainda mais a voz de fka.
A mineira Saskia é uma revelação da cena alternativa gaúcha e aposta no pop experimental para mandar seu texto, que é baseado em um ativismo muito consciente e sincero. “Tô Duvidando” (com Edgar) é o melhor cartão de visitas dessa artista que chega com uma proposta cheia de ideias arriscadas, e por isso mesmo instigantes.
A cantora galesa Cate Le Bon faz uma música que não é nada familiar no que diz respeito à música pop, porém cria uma conexão forte com o ouvinte. “Home To You” traz a voz imponente de Cate com arranjos meio barrocos que criam um clima sessentista e dançante.
Na MPB, 2019 foi um ano de reencontros: tivemos o encerramento da turnê dos Tribalistas e o anúncio de que a dupla mais querida de todos os tempos voltaria a se apresentar — Sandy e Junior celebraram 30 anos de carreira com a turnê Nossa História.
O Big Thief lançou nada menos que dois discos (ótimos) em 2019. Mas nenhuma música teve tanta força quanto “Not”, uma faixa que recupera a carga dramática que o rock alternativo sempre teve.
Normani demorou para emplacar uma carreira solo pós-Fifth Harmony, mas chega bastante segura nesta sua estreia. “Motivation” é a essência do pop moderno: busca por positividade, personalidade na interpretação , batidas que fogem de obviedades, mas ao mesmo tempo bastante apelo para a jogação.
Burna Boy é a prova de que a música pop africana atingiu um status de maturidade para alcançar novos continentes. E Burna fez isso sem perder um pingo de identidade de sua sonoridade nigeriana. “Anybody” é um hit que evoca muito do dancehall e o afrobeat, mas com um verniz muito pop.
Liniker e os Caramelows atingiram um outro patamar artístico com esse disco. “Calmô” é a melhor faixa para discutir essa proposta de Liniker em buscar novas sonoridades e cargas afetivas da música popular brasileira. Com uma poética bastante livre que beira o surrealismo, a cantora adiciona ainda uma base instrumental bastante encorpada e cheia de personalidade.
O novo disco de Lana Del Rey, Norman Fucking Rockwell tem como proposta revolver as referências americanas para discutir deficiências desse mundo idílico. “The greatest” é uma balada que aprofunda esses debates e traz em sua letra a nostalgia característica de Lana, mas aqui em uma complexa melodia que toma rumos inesperados em meio a um clima apocalíptico.
Nas primeiras colocações vemos novidades no mundo pop como Ava Max, que vem sendo reconhecida como uma perfeita combinação de influências de Lady Gaga e Sia. Também vemos o indie bem representado com a canção “Harmony Hall” do Vampire Weekend. Mas quem ficou no primeiro lugar mesmo, foi o hit “Sucker” dos Jonas Brothers que chacoalhou o mundo pop com o grande comeback do grupo.
A estreia de YMA foi uma grata surpresa – um daqueles álbuns cheios de despretensão, mas que se revelam inovadores e complexos. Propondo um pop experimental, mas com inspiração noventista, “Vampiro” é uma música climática e soturna que envolve o ouvinte em um terreno da qual sabemos muito pouco.
A interpretação de Elza Soares para esta faixa de Gonzaguinha traduz muito o estado de tensões que vive o Brasil hoje. É uma das faixas mais interessantes do novo disco da cantora, que se aprofundou ainda mais em ser porta-voz de temas urgentes apostando em um som cada vez mais pesado.
“EARFQUAKE” traz Tyler The Creator mais uma vez explorando as possibilidades do rap ao propor uma música cheia de romantismo e ironia com uma interpretação que cria um personagem dramático em uma trama rocambolesca presente no álbum IGOR. A música é cheia de viradas e possui batidas climáticas que envolvem o ouvinte dentro desse universo criado pelo rapper.
Caroline Polachek chegou bem ousada na sua estreia solo após o fim do seu duo Chairlift. Além de propor uma eletrônica incorpada e cheia de experimentações, ela sabe explorar seu vozeirão para fazer faixas carregadas de interpretação como essa.
Djonga discute racismo e questões de classe em “HAT-TRICK”, uma música muito sincera e árida para falar de violência (sobretudo a violência simbólica). “Eu faço tudo da forma mais honesta / e mesmo assim vão me chamar de ladrão/ ladrão”. canta o rapper em uma de suas faixas mais pesadas.
O rock alternativo pernambucano vai ressurgindo e fazendo emergir grupos interessantes como o Torre. Depois de uma estreia bem recebida, a banda aposta na memória como ponto de partida para traduzir inquietações do presente. O som mudou bastante, mas a proposta imersiva segue em alta, como pode ser percebido em “Tinta”.
Linn da Quebrada nos pega pela palavra. “Oração” traz uma letra que propõe ressignificados de termos e conceitos que ganham uma nova força quando cantados por Linn e sua turma (Liniker, Urias, Jup, Veronica Decide Morrer e Alice). Corpos que se insurgem em meio a um país nefasto, mas que agora também se querem ouvidas.
Em 2019, Marília Mendonça entrou na trilha sonora de A Dona do Pedaço, a novela das nove da Globo. Como tema do casal Vivi e Chiclete, Bebi Liguei caiu na boca do povo e virou sucesso!